16/02/2008

O Bom Samaritano = O Bom Travesti

Por Rubem Alves

Jesus sabia que as estórias são o caminho para o coração.Por isso contava parábolas. As parábolas de Jesus eram sempre feitas em torno de situações da vida naquela época.
Se ele vivesse hoje suas parábolas seriam diferentes.
E perguntaram a Jesus: "Quem é o meu próximo?" E ele lhes contou a seguinte parábola:

Voltava para sua casa, de madrugada, caminhando por uma rua escura, um garçom que trabalhara até tarde num restaurante. Ia cansado e triste.
A vida de garçom é muito dura, trabalha-se muito e ganha-se pouco.
Naquela mesma rua dois assaltantes estavam de tocaia, à espera de uma vítima. Vendo o homem assim tão indefeso saltaram sobre ele com armas na mão e disseram: "Vá passando a carteira". O garçom não resistiu. Deu-lhes a carteira. Mas o dinheiro era pouco e por isso, por ter tão pouco dinheiro na carteira, os assaltantes o espancaram brutalmente, deixando-o desacordado no chão.

Às primeiras horas da manhã passava por aquela mesma rua um padre no seu carro, a caminho da igreja onde celebraria a missa. Vendo aquele homem caído, ele se compadeceu, parou o caro, foi até ele e o consolou com palavras religiosas:
"Meu irmão, é assim mesmo. Esse mundo é um vale de lágrimas. Mas console-se: Jesus Cristo sofreu mais que você." Ditas estas palavras ele o benzeu com o sinal da cruz e fez-lhe um gesto sacerdotal de absolvição de pecados: "Ego te absolvo..." Levantou-se então, voltou para o carro e guiou para a missa, feliz por ter consolado aquele homem com as palavras da religião.

Passados alguns minutos, passava por aquela mesma rua um pastor evangélico, a caminho da sua igreja, onde iria dirigir uma reunião de oração matutina. Vendo o homem caído, que nesse momento se mexia e gemia, parou o seu carro, desceu, foi até ele e lhe perguntou, baixinho:
"Você já tem Cristo no seu coração? Isso que lhe aconteceu foi enviado por Deus! Tudo o que acontece é pela vontade de Deus! Você não vai à igreja. Pois, por meio dessa provação, Deus o está chamando ao arrependimento. Sem Cristo no coração sua alma irá para o inferno. Arrependa-se dos seus pecados. Aceite Cristo como seu salvador e seus problemas serão resolvidos!" O homem gemeu mais uma vez e o pastor interpretou o seu gemido como a aceitação do Cristo no coração.
Disse, então, "aleluia!" e voltou para o carro feliz por Deus lhe ter permitido salvar mais uma alma.

Uma hora depois passava por aquela rua um líder espírita que, vendo o homem caído, aproximou-se dele e lhe disse:
"Isso que lhe aconteceu não aconteceu por acidente. Nada acontece por acidente. A vida humana é regida pela lei do karma: as dívidas que se contraem numa encarnação têm de ser pagas na outra. Você está pagando por algo que você fez numa encarnação passada.
Pode ser, mesmo, que você tenha feito a alguém aquilo que os ladrões lhe fizeram. Mas agora sua dívida está paga.
Seja, portanto, agradecido aos ladrões: eles lhe fizeram um bem. Seu espírito está agora livre dessa dívida e você poderá continuar a evoluir." Colocou suas mãos na cabeça do ferido, deu-lhe um passe, levantou-se, voltou para o carro, maravilhado da justiça da lei do karma.

O sol já ia alto quanto por ali passou um travesti, cabelo louro, brincos nas orelhas, pulseiras nos braços, boca pintada de batom.
Vendo o homem caído, parou sua motocicleta, foi até ele e sem dizer uma única palavra tomou-o nos seus braços, colocou-o na motocicleta e o levou para o pronto socorro de um hospital, entregando-o aos cuidados médicos.
E enquanto os médicos e enfermeiras estavam distraídos, tirou do seu próprio bolso todo o dinheiro que tinha e o colocou no bolso do homem ferido.
Terminada a estória, Jesus se voltou para seus ouvintes.
Eles o olhavam com ódio.
Jesus os olhou com amor e lhes perguntou:
"Quem foi o próximo do homem ferido?"

Texto de Rubem Alves, publicadono jornal Correio Popular,em 21 de julho de 2002.
Extraído do Blog do Pr. Luis Weslley
http://luiswesley.blogspot.com/

14/02/2008

Sinagogas Pentecostais & Ovos Chocos

Mary Schultze

A pregação do pastor da nossa PIBT, hoje, foi sobre Efésios 4:7-16 e, como sempre, ele pregou com excelência bíblica! Saí edificada. E, quando cantamos "Vencendo Vem Jesus", depois da Ceia do Senhor, no final do culto, notei que muitos de nós estávamos chorando de alegria, sem barulho algum, sem exageros, sem nenhum sinal visível, a não ser as lágrimas rolando em nossos rostos!

É triste constatar que quase todas as igrejas nesta cidade “pentecostalizaram-se”, visando o crescimento. Um dos maiores sinais da apostasia que tem invadido as igrejas organizadas, principalmente as denominações pentecostais, é que elas têm-se transformado em verdadeiras sinagogas, cuspindo sobre o Novo Testamento, esquecendo o que Jesus falou em Lucas 16:16: “A lei e os profetas duraram até João...”. Tendo em vista que Jesus cumpriu toda a Lei de Moisés e livrou-nos de todos os pecados através do Seu sacrifício vicário na cruz, para que ficar ressuscitando os sacrifícios do Velho Testamento? A resposta é óbvia: Porque o Evangelho de Paulo, a quem Jesus entregou os gentios em Suas várias revelações, não permite espiritualizar as narrativas, como as do Velho Testamento, principalmente com o DÍZIMO e outras coisas da Lei, que foram abolidos. Os pastores ambiciosos continuam exigindo mais e mais, porque isso lhes convém aos propósitos de crescimento numérico da Igreja e de suas contas bancárias...

Um irmão inteligente, que se livrou dos abusos pentecostais de uma igreja malaquiana, conta o que ali tem acontecido. Vamos dar-lhe a palavra:
“Em minha antiga igreja quadrangular, a coisa também caminha a passos largos, mas para trás. Em cima do altar, há uma réplica mal feita da arca da aliança onde se colocam pedidos de oração e um menorá, que simboliza os espíritos de Deus (???). Em alguns cultos, eles tocam o berrante... Sim, fazem um silêncio sepulcral e tocam o shofar, afirmando que tudo aquilo é profético. Aliás, o que mais se ouve agora é sobre profecias. O pastor de lá se julga profeta de Deus. vive repetindo o versículo: "creiam em Deus e estarão seguros, creiam em seus profetas e prosperarão". É claro que crer no profeta é dar o 13º salário inteiro à igreja, já que o crente não precisa viajar no final do ano, pois viajar não "edifica". E, em troca, Deus vai lhe dar um ano abençoado, repleto de bênçãos materiais, com carro do ano, casa na praia, um bom emprego, etc.... E ai de você, se discordar do “profeta”. Se o fizer, vai ficar coberto de lepra.
Também apareceu ali um tal profeta judeu convertido para fazer projeto de vida. Ele usou o shofar, o menorá, e um monte de palavras em hebraico, enquanto o povo todo ficou “boiando”, mas, mesmo assim, batendo palmas para tudo o que o tal judeu falava (ou seria para a própria ignorância?).
A última vez em que coloquei os pés lá, tinha um pregador que muito falava e não dizia coisa com coisa. Ele pegou um versículo do Velho Testamento, amarrou com um do Novo Testamento (muito mal amarrado, por sinal), e começou a dançar como um doido, pulou do púlpito e convidou todos para brincar de trenzinho atrás dele, como fazem no carnaval. Bagunçou o culto, ficou todo suado, e ainda disse que aquilo tudo era unção de Deus. Quando ele resolveu pedir (exigir) uma oferta de sacrifício, eu fui embora. Era muita palhaçada junta. Não sei onde todas estas coisas irão parar, mas eu já parei com isso há muito tempo...”

Romanos oito, vinte e oito, irmão! Deus retira os Seus do meio dos escarnecedores. Sim, essa gente escarnece da Palavra Santa em favor da desmedida ambição de ver suas igrejas superlotadas e suas contas bancárias recheadas de cifrões!

Ontem estive lendo na "Encyclopedia of Ministries and Pentecostal Preachers" (Enciclopédia de Ministérios e Pregadores Pentecostais) a história de um desses pentecapastors americanos, cujo nome é A. A. Allen, o qual faleceu por excesso de alcoolismo, depois de ter feito várias “campanhas de reavivamento” e de ter angariado muitos seguidores pentecostais e bastante dinheiro para financiar o vício que o levou à morte (Gálatas 6:7).

Allen ludibriava os seus seguidores, garantindo que podia ordenar que Deus transformasse “notas de 10 dólares em notas de 20”. (A. A. Allen, The Secret to Scriptural Financial Success - Miracle Valley, AZ: A. A. Allen Publications, 1953 - citado no Harrell, 75).

Allen também ficou conhecido por induzir os seus seguidores a pagar pelas “roupas ungidas com óleo milagroso” (A. A. Allen, "Miracle Oil Flows at Camp Meeting" - Miracle Magazine, June 1967, 6-7 - citado no Harrell, 200)
Allen oferecia “pedaços de sua tenda dos milagres” como pontos de contato para milagres particulares. (Registrado no "New Revival Tent Dedicated in Philadelphia," - Miracle Magazine, Setembro 1967, 15 - citado no Harrell, 200)
Allen afirmava, dogmaticamente, que podia ressuscitar pessoas falecidas. De fato, ele até deslanchou uma campanha de “ressurreição dos mortos”, em meados dos anos 1960. Ainda bem que essa campanha acabou, quando os seus discípulos se recusaram a sepultar os amados falecidos e estes se recusaram a ressuscitar. (Hank Hanegraaff, Counterfeit Revival, 1997 citando Michale Moriarity, "The New Charismatics" - Grand Rapids, MIC: Zondervan, 1992 - 2 e David Edwin Harrell, Jr., "All Things Are Possible: The Healing and Charismatic Revivals in Modern America" - Bloomington: Indiana University Press, 1975, p199)

Allen disse aos seus seguidores que Deus lhe havia dado “uma nova unção e um novo poder para impor as mãos sobre os crentes que lhe dessem US$100,00 de oferta para o sustento dos missionários fora do país, concedendo a cada contribuinte o dom de enriquecer”. (Hank Hanegraaff, Counterfeit Revival, 1997 citando David Edwin Harrell, Jr., "All Things Are Possible: The Healing and Charismatic Revivals in Modern America" - Bloomington: Indiana University Press, 1975, p. 200)

Allen dizia: "É claro que alguns de vocês não acreditam nisso. Mas escutem, seus incrédulos, vocês não precisam acreditar, mesmo porque isso nunca vai acontecer a vocês; só pode mesmo acontecer comigo. E lhes digo porquê. Deixei de crer numa coisa… Deus falou: ‘Você não acredita, por isso ela vai se voltar contra você...’ Acredito que posso fazer com que Deus realize um milagre financeiro na vida de vocês. Creio que Ele pode transformar notas de 10 dólares em notas de 20” (David Edwin Harrell, Jr., "All Things Are Possible: The Healing and Charismatic Revivals in Modern America" - Bloomington: Indiana University Press, 1975 - 75)

O que Allen estava fazendo aborreceu a liderança das Assembléias de Deus, a qual ficou constrangida com essas declarações e afirmações estapafúrdias, sem falar na conduta reprovável de Allen. Desse modo, embora, hoje em dia, Allen seja apresentado por Benny Hinn como “um grande homem de Deus”, em verdade, ele foi preso por dirigir embriagado na época do reavivamento de 1955, no Tenessee, tendo sido esta a primeira entre muitas experiências de Allen relacionadas com o alcoolismo. Por isso, a liderança das Assembléias de Deus chegou ao limite [com relação a este famoso e prestigiado pregador da denominação]. (Hank Hanegraaff, Counterfeit Revival, 1997 citing Michale Moriarity, "The New Charismatics" - Grand Rapids, MIC: Zondervan, 1992 - 35).

Na entrada do Miracle Valley (uma comunidade de A. A. Allen, com 1.280 acres), havia um imenso cartaz que apontava exatamente para o que estava acontecendo naquele ponto do deserto. Em vermelho e ouro, ele proclamava: A. A. Allen Revivals, Inc., Miracle Valley, Arizona. Os cegos vêem; os surdos escutam; os paralíticos andam; sinais, dons e maravilhas. (A. A. Allen's) Miracle Magazine era uma publicação mensal com uma circulação de 350.000 exemplares, produzida no Miracle Valley . Allen ficava preocupado com a proclamação das curas que apareciam no periódico, enviadas por pessoas que se diziam curadas". ... "Tomamos o maior cuidado ao garantir a veracidade desses testemunhos, antes que fossem publicados na A. A. Allen Revivals, Inc. and Miracle Magazine. “Mesmo assim, não assumimos qualquer responsabilidade legal quanto à veracidade de tais registros, nem quanto à permanência das curas registradas, das libertações e dos milagres”... (James Randi, The Faith Healers, 1989, p.83-85)

Um médico da cidade vizinha de Sierra Vista, Dr. Kenneth A Dregseth, disse numa entrevista: “Não vi milagre algum. De fato, tive de levar para o hospital os diabéticos que haviam deixado de tomar insulina, acreditando que haviam sido curados no Vale dos Milagres”. (James Randi, The Faith Healers, 1989, p.87).

No dia 14/06/1970, muitos ouvintes nos EUA, no Reino Unido e nas Filipinas, estavam escutando uma mensagem gravada por Allen em seu programa de rádio, dizendo: "Quem fala aqui é o Irmão Allen em pessoa. Muitos amigos meus têm me indagado sobre os registros referentes à minha pessoa, os quais não são verdadeiros. As pessoas, bem como muitos pregadores, andam anunciando em seus púlpitos que eu morri. Será que estou mesmo morto? Amigos, em nem mesmo estou doente. Há apenas alguns momentos eu reservei passagem para a campanha atual. Vou ver vocês e mostrar como o diabo é mentiroso."...

Naquele exato momento, no Jack Tar Hotel, em San Francisco, a polícia estava removendo o corpo de Allen de um quarto, antes repleto de garrafas (vazias) de cerveja e gim (antes da polícia chegar, Don Stewart havia removido as garrafas e as havia atirado na lata do lixo…). Allen acabava de morrer com apenas 59 anos, do que, publicamente, fora um ataque do coração, mas, na realidade, fora de cirrose hepática. Por alcoolismo agudo... (James Randi, The Faith Healers, 1989, p.88).

Pelos frutos conhecereis a árvore... Irmãos, fujam dos pentecapastors nacionais, principalmente dos televisivos, que idolatram homens como Benny Hinn, Kenneth Copeland, Kenneth Hagin, Robert Schuller, Paul (David) Yonggi Cho, Rick Joyner, Rick Warren e muitos outros de caráter duvidoso. Eles se aproveitam da ignorância bíblica dos crentes brasileiros para se tornarem ricos e famosos. Uma coisa é certa: os pastores televisivos que usam e abusam do Velho Testamento; que pedem DÍZIMOS E OFERTAS “para a obra de Deus”; que pregam a perda da salvação (arminianos e até montanistas); que admitem que o crente pode ficar endemoninhado; que ensinam que os crentes devem obedecer aos “novos apóstolos e profetas”; que afirmam que a Igreja é a Nova Israel de Deus e vai governar o mundo; que têm visões, revelações e propósitos, com o intuito de encher os bancos de suas igrejas, todos estes são obreiros fraudulentos, que só pensam em encher os próprios ventres e não se preocupam nem um pouco com o crescimento espiritual de suas ovelhas.

Para concluir, vejam a historinha que um pastor presbiteriano de Campinas/SP, por sinal muito sério, enviou-me:

Um pentecapastor estava “pregando” aos membros de sua igreja sobre visões e sonhos, quando garantiu que estava recebendo uma linda visão, e perguntou: “Vocês estão vendo alguma coisa?” Um irmão do grupo, mais corajoso que a autora deste artigo, gritou: “Estou vendo uma panela de ovos chocos cozinhando na sua cabeça!”

Mary Schultze, 02/12/2007


Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça. (1 João 1:9)
...o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado. (1 João 1:7)

Resumo do texto publicado no Pavablog http://dual-pem.rhcentral.com.br/link.php?M=201055&N=11&L=90&F=H

Sobre pastores e lobos

Osmar Ludovico

Pastores e lobos têm algo em comum: ambos se interessam e gostam de ovelhas, e vivem perto delas.
Assim, muitas vezes, pastores e lobos nos deixam confusos para saber quem é quem.
Isso porque lobos desenvolveram uma astuta técnica de se disfarçar em ovelhas interessadas no cuidado de outras ovelhas.
Parecem ovelhas, mas são lobos.
No entanto, não é difícil distinguir entre pastores e lobos. Urge a cada um de nós exercitar o discernimento para descobrir quem é quem.
Pastores buscam o bem das ovelhas, lobos buscam os bens das ovelhas.
Pastores gostam de convívio, lobos gostam de reuniões.
Pastores vivem à sombra da cruz, lobos vivem à sombra de holofotes.
Pastores choram pelas suas ovelhas, lobos fazem suas ovelhas chorar.
Pastores têm autoridade espiritual, lobos são autoritários e dominadores.
Pastores têm esposas, lobos têm coadjuvantes.
Pastores têm fraquezas, lobos são poderosos.
Pastores olham nos olhos, lobos contam cabeças.
Pastores apaziguam as ovelhas, lobos intrigam as ovelhas.
Pastores têm senso de humor, lobos se levam a sério.
Pastores são ensináveis, lobos são donos da verdade.
Pastores têm amigos, lobos têm admiradores.
Pastores se extasiam com o mistério, lobos aplicam técnicas religiosas.
Pastores vivem o que pregam, lobos pregam o que não vivem.
Pastores vivem de salários, lobos enriquecem.
Pastores ensinam com a vida, lobos pretendem ensinar com discursos.
Pastores sabem orar no secreto, lobos só oram em público.
Pastores vivem para suas ovelhas, lobos se abastecem das ovelhas.
Pastores são pessoas humanas reais, lobos são personagens religiosos caricatos.
Pastores vão para o púlpito, lobos vão para o palco.
Pastores são apascentadores, lobos são marqueteiros.
Pastores são servos humildes, lobos são chefes orgulhosos.
Pastores se interessam pelo crescimento das ovelhas, lobos se interessam pelo crescimento das ofertas.
Pastores apontam para Cristo, lobos apontam para si mesmos e para a instituição.
Pastores são usados por Deus, lobos usam as ovelhas em nome de Deus.
Pastores falam da vida cotidiana, lobos discutem o sexo dos anjos.
Pastores se deixam conhecer, lobos se distanciam e ninguém chega perto.
Pastores sujam os pés nas estradas, lobos vivem em palácios e templos.
Pastores alimentam as ovelhas, lobos se alimentam das ovelhas.
Pastores buscam a discrição, lobos se autopromovem.
Pastores conhecem, vivem e pregam a graça, lobos vivem sem a lei e pregam a lei.
Pastores usam as Escrituras como texto, lobos usam as Escrituras como pretexto.
Pastores se comprometem com o projeto do Reino, lobos têm projetos pessoais.
Pastores vivem uma fé encarnada, lobos vivem uma fé espiritualizada.
Pastores ajudam as ovelhas a se tornarem adultas, lobos perpetuam a infantilização das ovelhas.
Pastores lidam com a complexidade da vida sem respostas prontas, lobos lidam com técnicas pragmáticas com jargão religioso.
Pastores confessam seus pecados, lobos expõem o pecado dos outros.
Pastores pregam o Evangelho, lobos fazem propaganda do Evangelho.
Pastores são simples e comuns, lobos são vaidosos e especiais.
Pastores tem dons e talentos, lobos tem cargos e títulos.
Pastores são transparentes, lobos têm agendas secretas.
Pastores dirigem igrejas-comunidades, lobos dirigem igrejas-empresas.
Pastores pastoreiam as ovelhas, lobos seduzem as ovelhas.
Pastores trabalham em equipe, lobos são prima-donas.
Pastores ajudam as ovelhas a seguir livremente a Cristo, lobos geram ovelhas dependentes e seguidoras deles.
Pastores constroem vínculos de interdependência, lobos aprisionam em vínculos de co-dependência.
Os lobos estão entre nós e é oportuno lembrar-nos do aviso de Jesus Cristo: “Guardai-vos dos falsos profetas, que vêm a vós disfarçados em ovelhas, mas interiormente são devoradores (Mateus 7:15).

Osmar Ludovico da Silva, diretor e mentor espiritual, dirige cursos de espiritualidade, revisão de vida e de pastoreio de pastores e missionários.

Casado com Isabelle e pai de Priscila e Jonathan, reside em Cabedelo, Paraíba.

http://www.revistaenfoque.com.br/index.php?edicao=54&materia=290

O Engano da Teologia da Restituição e do direito do crente

“Restitui! Eu quero de volta o que é meu!”

Esta frase extraída de uma canção “evangélica” me faz lembrar a petulante atitude do Filho Pródigo quando disse: “Pai, dá-me a parte dos bens que me cabe”. E quão diferente não foi a atitude deste mesmo filho, que, anos mais tarde, arrependido, apresenta-se diante do pai com o coração quebrantado, humilde, e nada reivindica, pois, agora, está consciente de não possuir direito algum diante do pai. Observe que ele nem mesmo se sente digno de ser tratado como filho. Ele confessa o seu pecado e passa a contar apenas com a misericórdia do pai.

Nem o Filho Pródigo e nem Jó em seus momentos de angústia cataram ou clamaram algo parecido com: “restitui, eu quero de volta o que é meu”. Quando Jó perdeu tudo, ele exclamou: “O Senhor deu, o Senhor levou, bendito seja o nome do Senhor”. Jó, mesmo sendo considerado uma pessoa justa, sabia que tudo na vida era uma dádiva e que nada era dele por direito. Não considerava nada como sendo realmente seu, pois sabia que tudo pertencia ao Senhor.

Pensando bem, se o salário do pecado é a morte, então, o que os pecadores teriam de fato por “direito” seria a morte. Por isto, o profeta Jeremias diz que as misericórdias do Senhor são o motivo de não termos sido consumidos (Lm 3:22). E diz mais ainda em 3.39: “Do que se queixa o ser vivente? Queixe-se cada um dos seus próprios pecados”.

Clamar a Deus: “Restitui! Eu quero de volta o que é meu!” soa tão arrogante quanto a oração do fariseu que se sentia cheio de direitos diante de Deus. Jesus diz que tal prece foi ignorada por Deus, enquanto a humilde oração de arrependimento do publicano pecador achou graça aos olhos de Deus (Lc 18.14). Pois sabemos que “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes” (Tg 4:6). É neste sentido que as crianças nos servem como modelo, não por sua inocência, mas por sua incompetência. As crianças estão de mãos vazias, não têm passado e não possuem uma folha de serviços prestados para apresentar como base de suas pretensões e reivindicações de direitos. Elas são pobres de espírito. Como crianças se tornaram o Profeta Isaías que, consciente de não poder subsistir diante de Deus na base de seus próprios méritos, clamou por misericórdia, dizendo: “Aí de Mim…” (Is 6); João Batista que disse não ser digno de desatar as sandálias de Cristo (Jo 1.27), o centurião, que disse não ser digno de que Cristo entrasse em sua casa (Mt 8.8), o publicano que quando orava, “não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador!” (Lc 18:13); o Filho Pródigo, que disse não ser digno de ser chamado de filho (Lc 15.19), o cego de Jericó, que mendigava e clamava por misericórdia (Lc 18.35s); a mulher sírio fenícia, que não se sentia digna de comer à mesa dos filhos, mas que se satisfaria com as migalhas que caíssem da mesa do Senhor (Mt 7.26s); Pedro, que prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor, retira-te de mim, porque sou pecador (Lucas 5:8); Paulo que disse ser o maior dos pecadores e indigno de ser chamado Apóstolo (1Co 15.9); e tantos quantos reconhecerem sua indignidade, sua incompetência, sua inadequação, e, pobres de espírito e desprovidos de qualquer pretensão e noção de direito, se apresentaram de mãos vazias diante de Deus esperando por sua misericórdia e graça.

Jesus disse aos líderes religiosos dos judeus que estavam confiantes em sua noção de direito decorrente do fato de serem descendentes de Abraão: “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento e não comeceis a dizer entre vós mesmos: Temos por pai a Abraão; porque eu vos afirmo que destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão” (Lc 3:8). Não devemos, portanto, nos apresentar diante de Deus reivindicando o que quer que seja na base de um pretenso direito. Tal idéia é um atentado ao Evangelho da Graça. Graça é dádiva imerecida.

Portanto, não temos direito a nada, pois tudo o que recebemos das mãos de Deus é resultado de sua amorosa graça. Aprendamos, portanto, a orar com o Profeta Daniel: “não lançamos as nossas súplicas perante a tua face fiados em nossas justiças, mas em tuas muitas misericórdias” (Dn 9:18).

Vemos nesta canção também um outro vento novo de doutrina, que está sendo denominada, teologia da restituição. Baseado em Joel 2.25, está sendo ensinado que tudo o que nos foi roubado pelo diabo, estará sendo restituído por Deus: “Restituir-vos-ei os anos que foram consumidos pelo gafanhoto migrador, pelo destruidor e pelo cortador, o meu grande exército que enviei contra vós outros.” Mas o próprio versículo deixa claro que este exército de gafanhotos não foi enviado pelo Diabo, mas, sim, por Deus, com intuito de disciplinar, corrigir e ensinar seu povo. Outro problema também é atribuirmos ao diabo os nossos infortúnios e nos esquivarmos de nossa responsabilidade pessoal. É interessante notar que, diante deste quadro, o profeta Joel não conclama o povo a um clamor de restituição, mas, sim, a um clamor de arrependimento (2.12-15). Corações quebrantados, contritos e humildes nunca são rejeitados por Deus: “Sacrifícios agradáveis a Deus são o espírito quebrantado; coração compungido e contrito, não o desprezarás, ó Deus” (Sl 51:17; Ver também: Is 57.15 e 2 Cr 7.14).

Quando Deus promete restituir, isto se deve a sua misericórdia e graça e não a qualquer espécie de obrigação, pois Deus nada deve ao ser humano, mas somos nós quem lhe devemos tudo. Pois “quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído? Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Rm 11.35,36).

Estudo Preparado pelo Bispo José Ildo Swartele de Mello
Igreja Metodista Livre

http://www.metodistalivre.org.br/Artigos/artigos.info.asp?tp=51&sg=0&form_search=&pg=1&id=1719

11/02/2008

Fundei uma religião

Esta é para rir um pouco, mas no fundo é para chorar, bem que o autor adverte no começo da música "- disse Jesus, não faça da casa de Deus uma casa de comércio"
Paulinho Mixaria

http://www.4shared.com/file/37538172/6886e548/Fundei_uma_Religio.html?dirPwdVerified=5b5fc613

Às voltas com o "teólogo" Satanás

O calendário desse ano nos fez ter uma mais curta estação lúdica (Natal-Carnaval) no Brasil. Mas, creio, deverá ter sido o suficiente para que muitos de nós tenhamos tirado férias, ou alguns dias de folga, para repouso, lazer, sociabilidade, festa, cuidado com a saúde, higiene mental, viagens etc. E, quem sabe, fizemos uma avaliação de pelas quantas andamos e/ou deveríamos andar.

Sempre iniciamos aquela estação ao final da Quadra do Advento (a primeira do Ano Cristão), com sua ênfase na Escatologia Messiânica, e o início da Quadra do Natal (com o Ano Novo e a Epifania, em datas diferentes nas Igrejas do Ocidente e do Oriente), com sua ênfase na Encarnação e na destinação universal do Messias. Terminamos, porém, na quadra pagã do Culto a Baco, na despedida da carne (Carne Vale).

A Quaresma, quadra que se inicia hoje no Ano Cristão, nessa “quarta-feira ingrata” para os fiéis de Baco, e “Quarta-Feira de Cinzas” para os fiéis de Javé: um momento de “saco e cinzas” (próximo do Yon Kipur dos judeus), nos vai preparando para os grandes temas da Salvação, para o lugar da Cruz e do túmulo vazio. A Quaresma antecede a Paixão, que antecede a Ressurreição, que antecede a Ascensão, que antecede o Pentecostes. Cada ano, como Igrejas históricas, procuramos refazer essa peregrinação existencial.

Em nossas férias, tivemos a oportunidade de usufruir dessa abençoada natureza que o Senhor agraciou o Brasil, enquanto, no globo todo, ela “geme” na esperança da sua redenção, numa “morte da terra”, para usar a expressão de Francis Shaeffer, em obra tanto pioneira quanto profética.

Nesse período os “nacionalistas” (agro-negócio, madeireiras, carvoarias) desmataram a Amazônia de um território maior do que o município de São Paulo. Obviamente que não devemos prestar a atenção aos índios, aos padres, ou aos missionários protestantes estrangeiros, que “querem tomar o que é nosso”... Ou seja, “nosso”, quer dizer “deles”.

Na estação lúdica as elites e as classes médias (inclusive evangélicas), curtiram, deslumbradas, os templos do consumismo (os seus cartões de crédito e cheques especiais revelam algum desconforto...) enquanto 40 milhões de brasileiros vivem esbeltos de sub-nutrição e 70 milhões enveredam pela obesidade da super-nutrição.

Como já se disse que o sono do segundo grupo é intranqüilizado pelo ronco da barriga do primeiro grupo. Mas, para sermos “bíblicos”, “por ventura sou eu guardador do meu irmão?”. A Igreja evangélica brasileira “cresceu”, a miséria e a violência não decresceram, pelo caráter mutilado da mensagem e da prática evangelizadora. Mea Culpa, Mea Culpa, Mea Máxima Culpa! “Senhor, tem piedade de nós!”.

O Messias não começou o seu ministério com prosperidade, mas com o deserto. É difícil entender que Ele tenha sido levado para lá pelo Espírito, e, justamente, para ser tentado pelo diabo. Mas o Messias começa o seu ministério pela obediência, pelo sofrimento, e, também, pela vitória, sendo, por fim, servido pelos anjos. Que caminho tão diferente daqueles confortáveis propostos pelo mundo de hoje, e, também, por Igrejas de hoje!O Messias inauguraria a Era dos Mártires. De Paulo a Luther King, cristãos louvaram na cadeia, e nas prisões escreveram páginas indeléveis da trajetória da Igreja. Não é que hoje não existam mártires em muitos países, mas as razões porque os “apóstolos” e “bispos” contemporâneos são detidos, não correspondem aos mesmos motivos espirituais. Afinal, Miami não é Patmos...

Algo que nos chama a atenção na leitura do Evangelho é o “conhecimento bíblico” de Satanás, e o fato de que ele teve a pretensão de tentar o Filho de Deus justamente citando a Bíblia. Esse não é um fato do passado. Não nos enganemos: o ataque ao Messias em nossos dias não vem apenas dos que fazem escárnio da Bíblia, mas pelos que – dentro e fora da Igreja – a citam, por conhecê-la, para corromper o povo de Deus e impedir ou distorcer a sua missão. O ex-anjo de Luz (“Lúcifer”), e os seus conscientes ou inconscientes seguidores, estão aí de Bíblia na mão, sutis, ensinando falsas doutrinas, corrompendo a Verdade, atentando contra a Unidade, sob a indiferença de muitos.

Não se prega mais, com a mesma clareza e a mesma ênfase, o Novo Nascimento. Não se ensina “todo o conselho de Deus”, mas apenas alguns. Não se cria comunidades novas de todas as gentes. Não se serve ao faminto. Não se chama Herodes de “raposa”. As confrarias de iguais, blindadas dos problemas do mundo e da Igreja, vão contentando a alienada e alienante espiritualidade burguesa, ou o legalismo reducionista, no fundo, auto-indulgente (pecado sério é o dos outros), ou, para os em declínio de hormônios, se dá oportunidade para uma saída honrosa para a castidade. O “teólogo” Satanás está satisfeito, porque domesticamos e selecionamos os textos bíblicos, atrelados ao espírito do século globalizado, à nossa cultura ou à cultura da Nova Roma.

Que o Tempo da Quaresma tenha densidade bíblica e espiritual para cada um de nós, seguindo os passos dolorosos de Jesus. Que a nossa cristificação não nos leve ao objetivo último de fazer crescer a Igreja, mas de promover o Reino de Deus – que é de paz como fruto da justiça – (que é a única razão para o crescimento da Igreja).

Quando o Reino não é promovido – apesar dos números – a Igreja não tem crescido. Um tempo não de desculpas menores para os pecados maiores, para as distorções das heresias, para a indiferença diante da miséria, para a promiscuidade com os poderosos, para a tragédia do dilaceramento do Corpo de Cristo em milhares de “denominações” (termo que, por não estar na Bíblia, não foi citado por Satanás, mas, temos certeza, dele recebe irrestrito apoio).

O Messias foi tentado por Satanás citando a Palavra, e o derrotou por conhecer mais a Palavra do que o príncipe das trevas.

Estamos, junto com a Sociedade Bíblica do Brasil, no “Ano da Bíblia”, e a Igreja será sarada por “engolir” esse Livro.

Dom Robinson Cavalcanti, bispo diocesano

Fonte Pavablog

08/02/2008

Escravos da ignorância

A luta pela liberdade feminina iria também se apoiar na própria Declaração de Independência, defendendo o direito de igualdade entre os sexos.

Em 1848, na Convenção de Seneca Falls, quando Elizabeth Cady Stanton teve a coragem de pedir o empenho de todos para assegurar o voto das mulheres, Frederick Douglass foi o único homem de qualquer grupo étnico a se levantar para dar seu apoio.

Ele dizia que se uniria a qualquer um para fazer o que fosse certo, e a ninguém para fazer algo errado.

Elizabeth escreveu depois palavras duras contra a Bíblia, na mesma linha de Douglass, afirmando que não conhecia “nenhum outro livro que ensine tão cabalmente a sujeição e a degradação das mulheres”.

Douglass não tinha boas coisas a dizer sobre os crentes: “Afirmo sem a menor hesitação que a religião do Sul é uma simples capa para os crimes mais terríveis – uma justificativa da barbárie mais estarrecedora, uma consagração das fraudes mais odiosas e um abrigo escuro onde os atos mais sombrios, imundos, grosseiros e diabólicos dos senhores de escravos encontram a mais forte das proteções.

Se eu fosse de novo submetido às cadeias da escravidão, a par dessa escravização, consideraria ser escravo de um senhor religioso a pior calamidade que poderia me acontecer. [...] odeio o cristianismo hipócrita, parcial, corrupto e escravizador desta terra, defensor do chicote para as mulheres e saqueador de berços”.

Para ser justo, vale notar que grande parte do fermento abolicionista surgiu nas comunidades cristãs, especialmente entre os quacres do Norte.

O livro “sagrado” em si, como se nota, não é garantia para nada, pois pessoas imorais conseguem justificar sua imoralidade com ele.

No final das contas, o que importa é o caráter dos indivíduos, seus princípios e valores morais, independente do credo, da “raça”, do sexo ou da renda.Justamente por isso a educação é tão fundamental.

Não qualquer “educação”, mas uma postura crítica diante da vida, a vontade de questionar e conhecer. É preciso aprender a aprender.

Deve se evitar qualquer tipo de doutrinação, de dogmas seguidos sem reflexão e questionamento.

Como escreveu Carl Sagan, “os tiranos e os autocratas sempre compreenderam que a capacidade de ler, o conhecimento, os livros e os jornais são potencialmente perigosos”.

Afinal, eles “podem insuflar idéias independentes e até rebeldes nas cabeças de seus súditos”.

Lênin e Trotski consideravam as idéias como armas letais, e todas as nações comunistas buscaram o total controle sobre os jornais.

A Inquisição católica contou com o Index dos livros proibidos.

Os senhores de rebanhos temem o pensamento independente, a grande ameaça ao seu poder.

O controle sobre os corpos dos escravos não é suficiente.

É preciso controlar as suas mentes também.

Na verdade, controlando as mentes, nem é preciso coerção para comandar os corpos.

Os ignorantes que deixam o dízimo suado de seu trabalho nas igrejas do Bispo Macedo, por exemplo, fazem isso, até certo ponto, voluntariamente.

Ninguém os obriga a isso.

A imensa riqueza do Vaticano contrasta com suas mensagens de humildade que conquistam os mais pobres.

A maior escravidão de todas, como Frederick Douglass descobriu, é a ignorância.
A chave para a liberdade é o conhecimento, obtido através da razão.

trecho de Da escravidão à liberdade, texto de Rodrigo Constantino.

Fonte Pavablog
É por isso que eu leio .

06/02/2008

Tempo (in) comum

Por Edemir Antunes http://edemirantunes.blogspot.com/

Eu li nas Sagradas Escrituras que “os céus proclamam a glória de Deus e o firmamento anuncia as obras de suas mãos” [Sl 19,1].


Fiquei preocupado e me perguntei: quais céus? Digo isso porque o céu criado por Deus, azul tão belo, fora azulejado por um cinza que dá desgosto.

Nada contra o cinza. Mas esse acinzentado que se vê tem a cor do pecado da ganância e do desamor.

Por conseguinte, hoje eu descarto o tom bem-humorado, poético e/ou acadêmico...
Segundo o calendário litúrgico vivemos o Tempo Comum.

Neste período é ressaltado que Deus age no cotidiano, nas coisas simples da vida e em toda a Criação.

Por isso, muitos templos são ornamentados com a cor verde nesta época. Pensando nisso, eu questiono a ação profética da maioria das pessoas que se afirmam cristãs neste país, porque a profecia cristã foi pervertida ao ponto de ser confundida com adivinhação do futuro.

Além disso, várias novelas e programas televisivos reforçam tal idéia “emburrecendo” as gentes.

A quantidade de católicos/as, ortodoxos/as e evangélicos/as é imensa. Conforme o último senso o grupo evangélico é 15,7% da população brasileira. Imagine todo esse povo reunido contra todas as ações governamentais e privadas que agridem a Natureza e a Vida Humana.

Imagine que todos/as os/as cristãos/ãs têm consciência de que toda a forma de agressão ao mundo criado é uma afronta contra Deus.

Imagine que tais pessoas parem de trabalhar, comprar e pagar impostos em protesto às bestialidades que são praticadas nesta terra de ninguém até que as coisas se normalizem.

Digo normalizem porque a anormalidade é normal por aqui.

Na frente de todos os templos poderiam ser colocados cartazes com a envelhecida frase atualizada: “Brasil: ame-o ou deixe-o. Pois, conforme o Evangelho, quem ama cuida, corrige, reage, muda, critica e age.”


Em outros termos, não dá para ficar nos templos buscando benefícios individuais de um “deus mesquinho e capitalista”, enquanto a Criação é deflorada e moída... há quem chame isso de conivência e/ou pecado.Se de um lado a Criação é violentada, do outro observa-se a busca, nos redutos cristãos, pelo poder do Espírito Santo para mandar nos/as outros/as e pisar naqueles/as que impedem os/as crentes de prosperar. Esquecem que o poder é concedido para servir a Deus e ao/à próximo/a com amor, liberalidade e alegria. O poder, quando exercido na perspectiva do Reino, faz brotar vida irrigando e adornando a Criação.(grifo meu)

Todos/as fazem parte do mundo criado, no entanto muitos/as se deslembram disso.

Contemplam-se políticos/as e poderosos/as viajando pelo mundo em seus jatos particulares despreocupados/as com a destruição da Terra, por outro lado alguns/algumas crentes ficam “viajando” nos templos em meio aos seus êxtases egoístas e às suas tradições idolátricas.

Muitas pessoas não reciclam o lixo.

Não cuidam dos rios e das matas.

Não tomam uma atitude com relação às empresas petrolíferas que forçam a todos/as a usarem seus produtos poluidores.

Aliás, os veículos continuam usando gasolina, álcool ou diesel, ao invés de energia elétrica, água, luz solar ou força eletromagnética.

Não reagem à desigualdade social, por isso ela aumenta celeremente.

Não cuidam das pessoas mais frágeis da sociedade, porque preferem o descaso e a insegurança generalizada.

Não fazem nada diante dos poderes corroídos pelo mau uso do dinheiro.

Não promovem a paz.

Não votam direito... na maioria das vezes por falta de boas opções.

Não punem os/as corruptos/as, afinal eles/as merecem desfrutar do conforto de suas mansões e de todo tipo de regalias.

Enfim, amam única e parcialmente os seus umbigos, logo ficam nos lugares de culto com as mãos levantadas ao céu glorificando a Deus e não dão crédito àqueles/as que asseveram profeticamente que a vida cristã envolve todas as áreas do viver. (grifo meu)

Eu poderia jogar a culpa para o Criador declarando que faltou conceder aos seres humanos inteligência e sensibilidade, mas não é o caso. Alguma coisa está errada.

Talvez não se façam mais discípulos/as de Jesus Cristo como antigamente.

Ser cristão/ã não necessariamente é o mesmo que ser católico/a, evangélico/a ou ortodoxo/a. Ser cristão/ã não é repetir rituais ou manter a família debaixo de um tradicionalismo inoperante e hipócrita.

Ser cristão/ã é assemelhar-se a Cristo, é segui-lo, é experimentá-lo dia-a-dia na comunhão com seu Espírito Santo, é agir de modo semelhante a Ele, é pastorear o mundo com amor.

Neste Tempo Comum a Criação geme... envergonhar-se diante de tanta pornografia seria um passo inicial oportuno.

Graça, paz e bem!
Postado por Edemir Antunes Filho


Sábias palavras de meu irmão Edemir que me autorizou a reproduzir o texto de sua autoria em sue blog.

Devemos refletir mais sobre nosso consumismo, vemos na mídia e aplaudismos quando vemos máquinas de milhões de dólares, automóveis com rodas de diamante fruto de uma cultura suícida e descomprometida com o futuro.

E no meio cristão se confunde a bondade de Deus e até comunhão com prosperidade material querem ter sem ser, quando a essência do cristianismo é ser.

Os desmatamentos, o desperdício de água em nossas casas, desperdício de tempo e dinheiro na construção de templos sofisticados para adorar Deus que vive e quer ser adorado em nossos corações.

Enfim teria muito que falar, mas no fundo cada um sabe o quão egoísta é, inclusive eu, e o que precisamos mudar para dar uma sobrevida a este planeta e aos nossos descendentes, que não tem culpa da ganância das gerações que as sucederam.
Abaixo uma letra regional do RS que expressa um pouco do que sinto quanto a ganância que campeia em nossas terras.

Cláudinho


Herdeiro da Pampa Pobre
Engenheiros do Hawaii
Composição: Gaucho da Fronteira - Vaine Darde


Mas que pampa é essa que eu recebo agora

Com a missão de cultivar raízes

Se dessa pampa que me fala a história

Não me deixaram nem sequer matizes?


Passam as mãos da minha geração

Heranças feitas de fortunas rotas

Campos desertos que não geram pão

Onde a ganância anda de rédeas soltas


Se for preciso, eu volto a ser caudilho

Por essa pampa que ficou pra trás

Porque eu não quero deixar pro meu filho

A pampa pobre que herdei de meu pai


Mas que pampa é essa que eu recebo agora

Com a missão de cultivar raízes

Se dessa pampa que me fala a estória

Não me deixaram nem sequer matizes?


Passam as mãos da minha geração

Heranças feitas de fortunas rotas

Campos desertos que não geram pão

Onde a ganância anda de rédeas soltas


Se for preciso, eu volto a ser caudilho

Por essa pampa que ficou pra trás

Porque eu não quero deixar pro meu filho

A pampa pobre que herdei de meu pai


Herdei um campo onde o patrão é rei

Tendo poderes sobre o pão e as águas

Onde esquecido vive o peão sem leis

De pés descalços cabresteando mágoas


O que hoje herdo da minha grei chirua

É um desafio que a minha idade afronta

Pois me deixaram com a guaiaca nua

Pra pagar uma porção de contas


Se for preciso, eu volto a ser caudilho

Por essa pampa que ficou pra trás

Porque eu não quero deixar pro meu filho

A pampa pobre que herdei de meu pai


Eu não quero deixar pro meu filho

A pampa pobre que herdei de meu pai

Eu não quero deixar pro meu filho

A pampa pobre que herdei de meu pai