Como deve-se guerrear contra o inimigo? Qual são as armas disponíveis?
As Escrituras nos dão o método de combate. Este método deve ser seguido se quisermos ter realmente vitória contra as força demoníacas. A seguir veremos as armas de ataque que estão à nossa disposição.
3.1 As armas de ataque
3.1 .1 A pregação do Evangelho
Eis uma arma eficaz contra o inimigo: a pregação da verdade.
“Todo aquele que invocar o nome do senhor será salvo. Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de que nada ouviram? E como ouviram, se não há que pregue? E como pregarão se não foram enviados? Como está escrito: Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas! Mas nem todos obedecem ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem acreditou na nossa pregação? E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo.”( Rm 10:13-17).
Diante desta maravilhosa declaração do apóstolo Paulo, pode-se chegar à conclusão que a pregação do Evangelho é poderosa, por si só, para salvar o perdido. A fé vem pela pregação da Palavra de Deus e não através de “oração de guerra”.
Champlin comenta sobre este texto da seguinte forma:
“O propósito da pregação cristã é o de despertar a fé nos homens, dirigindo-lhes a alma para o seu destino apropriado. Paulo reitera aqui a mensagem constante nos versículos catorze e quinze, mostrando que a pregação com que os missionários da cruz obtinham convertidos, e que precisava ser ouvida para que pudesse haver fé, é a mensagem de Cristo.” 98
Em Jo 8:32, está escrito: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” É a verdade de Deus, Cristo, que liberta. Não é ordenando a demônios que liberem as pessoas; este poder quem tem é o evangelho, e é exatamente por isso que devemos comunicá-lo.
Jesus não comissionou seus discípulos a “amarrar” demônios nas regiões celestiais.
Jesus comissionou-os a pregar o Evangelho: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a todo a criatura.” (Mc 16:15); “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações...”(Mt 28:19).
O apóstolo Paulo, quando se converteu foi logo pregar o evangelho na sinagoga (At 9:20); em suas viagens missionárias pregava o evangelho (Rm 15:18-20); exortou ao seu filho na fé, Timóteo, que pregasse a Palavra (2 Tm 4:2), e, no final de sua carreira, quando estava preso, ainda pregava o evangelho (At 28:31).
Jesus Cristo e o apóstolo Paulo, enfatizaram a pregação do evangelho como arma para converter os incrédulos. Se amarrar e destituir principados e potestades antes de anunciar a Cristo fosse tão importante, porque Jesus e Paulo não nos chama atenção para um fator tão importante?
Sobre isto Ricardo Gondin comenta:
“O triunfo dos cristãos na batalha espiritual acontece muito mais como o resultado da proclamação da verdade que confrontos de poderes. O poder por si só não pode libertar os cativos. A verdade liberta (Jo 8:32).”99
O evangelho de Cristo é, em si mesmo, poderoso para a salvação daqueles que crêem. É claro que pode-se variar nos métodos de comunicação deste; no entanto, não se pode fiar nestes métodos para a salvação do perdido.
3.1.2 Intercessão
A palavra “intercessão” vem do latim “intercedere”, que significa: “ficar entre”. No caso da oração é aplicada ao ato da petição, súplica a Deus por algo ou alguém.
Paulo, em sua carta a Timóteo, reconhece o valor da súplica em parceria da pregação do evangelho para a salvação:
“Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade, para que vivamos vida tranqüila e mansa, com toda piedade e respeito. Isto é bom e aceitável diante de Deus, nosso Salvador, o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade.”
É necessário observar-se que a forma de oração que Paulo exorta para que se faça é: súplica, intercessão e ação de graça. Quando olha-se para a oração que Paulo exorta que se faça, pode-se denominá-la de “oração evangelística”. Esta é a oração- constituída por súplicas, intercessões e ações de graça- feita por todos homens, com o propósito de viver-se tranqüilamente e salvar aqueles que estão perdidos.
A intercessão é uma arma para lutar contra o diabo pelas vidas que estão perdidas. Em Ef 6:8, o apóstolo Paulo ainda fala sobre o valor da oração para:
“para que me seja dada no abrir da minha boca, a palavra, para, com intrepidez, fazer conhecido o mistério do evangelho.”
Quando se observa os modelos de oração nas Escrituras, palavras do tipo: suplicar, rogar, segundo a tua vontade, são comuns e significativamente repetitivas. Elas têm grande significado para o cristão. Nelas, encontra-se intrínseca a confiança em Deus para todas as ocasiões da vida, inclusive para o dever de evangelização.
O evangelismo deve ser recheado pela oração, assim como fez Jesus (Mc 1:35) e os apóstolos (At 4:31); mas esta oração, para ser eficaz, deve ser feita a Deus, o Pai da luzes, e não ao diabo.
3.2 As armas de defesa
Quando o cristão vale-se das armas de ataque, bíblicas, para saquear o território do inimigo, é lógico que este irá reagir; e quando isto acontecer...o que fazer?
Ao descrever a armas espirituais do crente, Paulo, em Efésios 6:13, diz o propósito: “...para que possais resistir no dia mau.” Este vocábulo, “resistir”, é um verbo: (Gr.)”)anqisthmi”. Ele exprime a idéia de opor-se, defender-se, fazer face a, colocar-se contra, permanecer firme. A idéia que exprime este vocábulo é a de não retroceder diante dos ataques do inimigo, para não lhe conceder nenhuma vantagem ou vitória. Ele aparece, também, em passagens como Tg 4:7 e I Pe 5:9.
A pergunta é: como resistir, opor-se, fazer face ao diabo? Em Efésios 6: 14-17, Paulo passa a dizer que o crente deve resistir ao diabo revestindo-se da armadura de Deus.
3.2.1 A Armadura de Deus
Quando Paulo cita a armadura, ele tinha em mente o soldado romano preparado para a guerra. Ele usa esta figura para exemplificar a luta do crente e como, este, pode vencer. A metáfora denota o revestimento do Senhor Jesus que o crente deve Ter. Todas as partes da armadura são pertencentes ao caráter de Cristo e são adquiridas pelo crente através do Espírito Santo.
Alguns vestem a armadura como algo místico de eficácia instantânea, ao proferir algumas orações. No entanto, não creio que seja isso que Paulo tinha em mente. É certo que o apóstolo, quando advertia os crentes a vestirem a armadura de Deus, estava pensando no revestir-se da natureza moral de Cristo; revestir-se do próprio Cristo.
Portanto, essa é a arma que Deus nos oferece para resistir no dia mau. A seguir, veremos as armas de defesa que as Escrituras nos oferecem:
3.2.1.1 A Verdade
O cinto, ou cinturão, era posto em torno da cintura, usado com a finalidade de apertar a armadura em volta do corpo e sustentar a adaga e a espada.
Esta verdade poderia, muito bem, significar a verdade moral, o oposto da mentira- o que seria lógico, pois satanás é o pai da mentira. No entanto, é certo que o significado desta verdade, exposta por Paulo, vai muito além do significado de verdade ética. Considera-se que esta verdade é a verdade de Deus; ou seja, a verdade cristã, o conjunto das doutrinas cristãs, que é o que sustenta tudo o mais- segundo o mesmo uso da palavra denota em Ef 4: 15.
3.2.1.2 A justiça
A couraça era uma peça da armadura romana que constituía-se em duas partes: a primeira, cobria a região do tórax, e a outra parte cobria a região das costas. Esta peça, tinha a finalidade de proteger as regiões vitais do corpo.
Paulo, ao usar esta peça, como metáfora, para exemplificar a justiça, tinha em mente a justificação. Em Rm 8, Paulo comenta que nada poderá condenar o crente, pois é Deus quem o justifica. Isso quer dizer que (1) não podemos confiar em nossa própria justiça, ou santidade, para vencer o inimigo, mas confiar na justiça que vem de Deus, através do sacrifício de Jesus; por isso, é que nada, nem anjos nem potestades, poderá nos separar do amor de Deus. (2) Quando somos justificados, o Espírito Santo opera em nós a obra da santificação; uma obra conjunta com o crente, no qual, este, assume, de forma gradual, o caráter de Cristo, em particular, o caráter justo- Paulo aplica este termo, desta forma, em Ef 4:24 e 5:9.
3.2.1.3 O Evangelho da paz
A sandália romana, usada como figura pelo apóstolo Paulo, era feita de couro e possuía vários cravos, formando uma camada espessa. Esta peça tinha a finalidade de proteger os pés do soldado, onde quer que ele fosse.
Para esta peça, são usadas algumas interpretações, como a que diz que Paulo está referindo-se ao evangelismo. No entanto, é preferível a interpretação de que Paulo refere-se à paz com Deus, consigo mesmo e com o próximo, que o Evangelho proporciona. Esta paz é a tranqüilidade mental e emocional- oriunda da consciência da plena aceitação da parte de Deus- que o crente tem por onde vai, e em toda e qualquer situação.
3.2.1.4 A fé
O escudo, usado como ilustração pelo apóstolo, era grande o bastante para proteger o corpo inteiro do soldado. Ele era formado de duas partes de madeira, recobertas de lona e, depois, de couro.
Aqui, o apóstolo Paulo, refere-se a fé salvífica, de acordo com o contexto de Ef 1:15, 2:8; 3:12, que produz entrega total da alma do crente a Cristo. É a crença que Cristo, como Senhor, domina, controla e dirige todos os aspectos da vida do crente. Esta fé tem a eficácia de anular os dardos inflamados o maligno.
3.2.1.5 Salvação
O capacete, usado por Paulo para exemplificar a salvação, era formado de couro grosso ou metal. Era usado para proteger o soldado de golpes de espada, proferidos em sua cabeça.
A salvação do crente, recebida pela graça divina, mediante a fé, é o que o livra dos ataques aterradores do diabo. Ela é uma proteção divina para o guerreiro que é crente. Quando a pessoa é salva da morte e do pecado através de Cristo, ela está escondida em Cristo e o diabo não a toca.
É interessante notar-se, que todas as demais peças da armadura eram vestidas pelo guerreiro, mas o escudo era recebido, o seu escudeiro colocava nele. Isso denota a graciosidade da salvação. A salvação é pela graça, por isso, de graça.
3.2.1.6 A Palavra de Deus
Poder-se-ia pensar que a espada é uma arma de ataque, e realmente o é; no entanto, ela, também, pode ser usada como defesa, e o contexto do texto de Efésios, nos da o subsídio necessário para pensar que aqui, ela é usada para defesa.
O que Paulo queria dizer usando a espada como ilustração? Certamente ele estava falando da atuação do Espírito na vida do crente, de tal forma, que torna a Palavra de Deus uma força viva na vida diária, a torna eficaz em nós e torna vigoroso o uso que fazemos dela.
Assim como a espada é morta quando não manuseada, assim é a Palavra sem o atuar do Espírito na vida de quem a lê. A Palavra de Deus respaldada pelo Espírito Santo, da vida é mais cortante do que qualquer espada de dois gumes e é apta para discernir as intenções do coração (Hb 4:12).
Alguns interpretam este texto como se dissesse para usar a declaração de versículos contra o diabo. No entanto, o diabo não corre da mera declaração de versículos, mas, sim, da eficácia que a operação das Escrituras, através do Espírito Santo, obtém na vida do crente.
CENTRO APOLOGÉTICO CRISTÃO DE PESQUISAPr. João Flávio & Presb. Paulo Cristiano
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http://www.cacp.org.br/batalha_espiritual.htm#_ftn101
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