25/02/2010

Falar em Línguas

Assista até o final e tire suas conclusões.

15/02/2010

Bendito serei!


Será?



Bendito Serei



Nani Azevedo)

Se atentamente ouvir a Deus
E os mandamentos seus obedecer
O Senhor meu Deus me exaltará
Sobre todas as nações onde eu passar

Eu não correrei atrás de bençãos
Sei que elas vão me alcançar
Onde colocar a planta dos meus pés
Sei que a tua benção chegará

Bendito serei na terra, bendito serei
Quando eu profetizar, sei que a minha voz
Será a voz de Deus

Bendito serei no campo, bendito serei
Por onde eu passar, onde eu tocar
Abençoado será, quando eu obedecer a Sua voz


Tem crente que acredita que obedecendo a Deus será abençoado, e este é de fato um princípio bíblico pois o Pai se agrada dos filhos que lhe obedecem e para quem aspira o caminho do discipulado não há rumo a seguir que não seja o da obediência.
Contudo a motivação não pode ser “obedecer para ser abençoado” para obter recompensa tentando barganhar com o Deus que não faz barganhas.
Esse é o tipo de recompensa que os cães adestrados esperam, obedecem ordens do seu instrutor que quando seguidas pelo condicionamento ou treinamento são recompensados, não sendo esta em suma uma relação de amor entre Pai e filho.
Os ensinos do novo testamento nos mostram que a nossa relação com o Pai é de amor, portanto nossa obediência a sua voz está baseada numa resposta amorosa ao seu amor maior por nós, através de seu Filho e as bençãos serão a consequência desta relação de amor.

Se atentamente ouvir a Deus
E os mandamentos seus obedecer”

A obediência sem amor vira ritualismo sem vida e sem compaixão.

O irmão do filho pródigo não se alegra com a volta do irmão aos braços do pai e ainda se chateia com seu pai recusando-se a participar da festa pela volta de seu irmão, reclamando sua posição que trabalhava a muitos anos para seu pai e nunca havia desobedecido suas ordens, exemplo clássico de obediência sem amor.(Lc 14:29) 
Também os fariseus eram zelosos pela lei e inclusive matavam acreditando que obedeciam a voz e a vontade de Deus. A mulher que pega em flagrante adultério (o zelo a lei mandava matar) é levada até Jesus pelos escribas e fariseus para terem um motivo para acusar a Jesus de transgredir a lei e aquela mulher só não foi morta devido Jesus ter exposto a hipocrisia religiosa dos acusadores (Jo 8:2-11) mostrando que o perdão está acima do legalismo e que ninguém se justifica de seus pecados cumprindo a lei.
Também Paulo quando escreve aos irmãos e as igrejas da região da Galácia fala que na sua religiosidade exagerada perseguia a igreja de Jesus e a assolava sendo um judeu extremamente zeloso das tradições de seus pais (Gl 1:13 a 14).
Portanto a obediência maior a Jesus esta em amar devolvendo ao próximo o amor que recebemos de Deus.

O Senhor meu Deus me exaltará
Sobre todas as nações onde eu passar”

Quem busca a exaltação será humilhado e quem se humilhar será exaltado (Lc 14:11) nos ensinou Jesus e Paulo nos aconselha a seguir o exemplo de nosso Senhor que tendo a prerrogativa de ser Deus abdicou dela,  tornando-se na semelhança de homem, humilhando-se e sendo obediente até a morte na cruz e somente após todo este processo ele por Deus foi exaltado de maneira soberana (Fp 2:5-9).

Eu não correrei atrás de bençãos
Sei que elas vão me alcançar”

Nas bem-aventuranças temos os qualificados a abençoados e felizes do serviço ao Senhor Jesus, os humildes ou pobres, os que choram, os mansos, os que tem fome e sede de justiça, os misericordiosos, os limpos de coração, os pacificadores e os perseguidos. Para cada situação há uma resposta em benção , o Reino dos Céus, consolo, herança, fartura de justiça, misericórdia, ver a Deus, filhos de Deus e no final  a grande alegria em sofrer como os profetas que antecederam os que hoje seguem a Jesus. (Mt 5)
Paulo também exulta afirmando: Bendito seja Deus, que nos abençoou com toda a sorte de bênçãos (Ef 1.3), mas notem que antes de falar nas bençãos que nos atingem ele bendiz a Deus.

“Bendito serei na terra, bendito serei”
Bendito serei no campo, bendito serei”

Ao pesquisar numa chave bíblica eletrônica encontrei  23 referências com as palavras “Bendito seja Deus” e nenhuma contendo “bendito serei”. Isso demonstra quão fora de eixo estão essas frases. O destaque está na primeira pessoa onde o “eu” é salientado e não o Deus que abençoa.

Quando eu profetizar, sei que a minha voz
Será a voz de Deus”

Essa afirmação pode induzir ao que se chama de “profetadas” palavras ditas em nome de Deus ao qual Ele nada tem a ver.
Talvez o maior pecado dos que se dizem igreja hoje é o de usar o nome do Senhor em vão.
São “profetas” declarando  situações de avivamento, cidade tal é do Senhor Jesus, mas que concretamente nada de prático é feito em prol do que foi dito.
Basta pesquisar no Youtube  as palavras “profecias ou profetadas” e vão encontrar horrores ditos em nome do Senhor por falta de discernimento, temor e conhecimento da Palavra de Deus.
A Bíblia é a revelação profética mais que suficiente para nos edificar e quando o dom da profecia se manifesta tem que estar de acordo com as escrituras e os princípios ensinados por Jesus.
Vale muito hoje a frase de Martinho Lutero:

"Fiz uma aliança com Deus: que Ele não me mande visões, nem sonhos nem mesmo anjos. Estou satisfeito com o dom das Escrituras Sagradas, que me dão instrução abundante e tudo o que preciso conhecer tanto para esta vida quanto para a que há de vir."

Muitos irmãos se esquecem das lições dos cristãos da cidade de Beréia  (At 17.11) e dizem amém qualquer profecia sem julgar se o que foi dito vem do homem ou do Espírito de Deus.

Por onde eu passar, onde eu tocar
Abençoado será, quando eu obedecer a Sua voz”

Novamente a benção está atrelada a obediência.

A mensagem de Deus é absoluta, mas os vasos que a levam são relativos, homens são falhos, pecadores,  são indignos de levarem essa mensagem, o que nos santifica é Jesus e o que me torna capaz de abençoar é ter sido primeiramente abençoado por Ele. Portanto Jesus sempre é a origem de toda benção independente de onde passamos ou tocamos.
Se o homem se basear nos seus méritos (alguém tem algum mérito que supere os méritos de Jesus?) para ser abençoado e abençoar se torna escravo da sua justiça própria e portanto nega a Graça de Jesus que não opera por méritos, mas pela misericórdia e pela fé que atua em amor.

Concluindo quero dizer que tenho o maior prazer em louvar com os irmãos, mas com canções que exaltem ao Senhor, não ao homem. Minhas necessidades de bênçãos Ele sabe e nem sempre benção são sinônimos de posses materiais e seguranças terrenas,  Paulo escreveu aos irmãos de Filipos que lhes foi concedido não somente crer em Jesus, mas também padecer por Ele (Fp 1.29), mas nossa geração vê o sofrimento como fruto do pecado da desobediência. Acho que muitos irmãos de hoje se fossem contemporâneos do sofrimento de Jó seriam sérios candidatos a serem seu “amigos”.
A maior benção que possuímos e a reconciliação com Deus por intermédio do sacrifício de Jesus na cruz, nosso escrito de dívidas com Deus foi rasgado nisto sim somos benditos, mas com méritos únicos de Jesus.
Canções como Bendito Serei e outras que cantamos podem até ser bem intencionada, mas sua letra contém trechos das Escrituras que são sutilmente encaixados para distorcer, de uma forma muito imperceptíveis ensinos bíblicos, criando um novo credo "evangélico", baseado sempre na necessidade do homem, principalmente no materialismo como sinônimo de benção, esses erros de interpretação, conscientes ou não,  criam chavões como "quero de volta o que é meu" da famosa teologia da restituição, filhote da teologia da prosperidade, "sonhos de Deus para minha vida", "bendito serei" ensinos com base na barganha com Deus.
Entendo também que o que era dom e chamado virou mercado e hoje o denominado mercado gospel enriqueceu muita gente e que tentam se manter no topo a qualquer custo fazendo com que gravem somente aquilo que vendem, mas este é um assunto que escreverei em uma outra oportunidade.

Para quem quer aspirar o cargo de bendito de Deus ai vai uma dica deixada por Jesus de como proceder e usar seu tempo aqui na terra:

31 E quando o Filho do homem vier em sua glória, e todos os santos anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória;
32 E todas as naçöes serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas;
33 E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda.
34 Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo;
35 Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me;
36 Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me.
37 Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber?
38 E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos?
39 E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te?
40 E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.
41 Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos;
42 Porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber;
43 Sendo estrangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e enfermo, e na prisão, não me visitastes.
44 Então eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão, e não te servimos?
45 Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim. E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna.
Mateus 25.

Em amor e no Senhor Jesus

Cláudio Costa da Silva

12/02/2010

A PERFEITA IMPERFEIÇÃO DA IGREJA




Leia: Mateus 18

Tem gente que ainda não entendeu que quando Jesus disse “onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, eu aí estou no meio deles”, Ele estava ensinando qual é o vértice espiritual e histórico que dá significado à Igreja; ou seja: Ele ensina o que “realiza a verdade” da Igreja, como encontro humano.

E o contexto fala de reconciliação. Um irmão “ofendido” tem que procurar o “ofensor” e tentar ganhá-lo. E isto deve ser feito insistentemente, até que o próprio ofensor rejeite toda conciliação.

A palavra grega que designa essa “reunião” é mesma que fala de harmonia, como se o que estivesse em curso fosse uma “afinação de instrumentos”.

O outro pólo mais adulto dessa proposta está em Lucas, quando Jesus diz que se deve perdoar ao irmão até setenta vezes sete num único dia.

Ou seja: a proposta de Jesus nos põe a todos de calça curta, e necessitados de dizer: “Senhor, aumenta-nos a fé; pois ainda não somos cristãos”.

Até o quarto século o que impressionou os “pagãos” que observavam os cristãos não era a “perfeição” deles, mas o amor e a graça com a qual se tratavam e tratavam o mundo.

“Olhem como se amam!”—era a estupefação que ecoava nas palavras de gente que olhava os cristãos de fora, conforme vários testemunhos encontrados em antigos textos históricos.

Portanto, a perfeição da igreja é não se “vender como perfeita”, mas sim se revelar, sem ensaio e performance, como lugar de misericórdia e graça.

Não é possível esperar perfeição de nenhum de nós. Somos caídos e maus... o melhor de nós ainda é mau.

O que nos faz diferentes é nossa atitude, se é honesta com a nossa própria Queda, e, sobretudo, sincera com a Graça que todos nós temos recebidos.

Daí a perfeição do discípulo ser sua humildade... humildade para ser, sem ser ainda o que deseja; humildade para viver com misericórdia, pois ele mesmo carece dela, todos os dias, nos céus e na terra.

Repito: o problema da “igreja” nunca foram os seus erros humanos, mas sim a sua arrogância em relação a não se enxergar, e oferecer-se como a Representante de Deus na terra.

Quem desejar, que tente!

Mas no dia em que deixarmos de lado toda essa empáfia e formos apenas gente da Graça, então, assustados veremos o respeito que o mundo nos terá; conforme aconteceu até ao ano 332 da presente era, ainda que algumas vezes o lugar do testemunho tenham sido cruzes e arenas...

E havia problemas antes disso? Sim, sempre houve muitos problemas!

Quem conhece a História sabe deles. E quem lê os textos produzidos nos dois primeiros séculos, sabe da quantidade de dificuldades internas que os vários grupos cristãos tiveram. Todavia, tais problemas não foram problemas reais enquanto o sentido de “irmandade na Graça” esteve presente.

Não foi a perfeição da Igreja que abalou o Império Romano. Foi a sua perfeita-imperfeição; ou seja: sua humanidade vivida sob a graça; e que falava da Boa Nova em Jesus, não nela mesma. Nela havia humildade, serviço, confissão, comunhão e coragem sem empáfia.

Me sinto um bobo escrevendo coisas tão BÁSICAS, mas é que fico assustado quando vejo que os crentes de hoje não têm umbigo; e pensam que estão inventando a “igreja” agora.

E pior: dói-me ver que alguns dizem: “É assim mesmo... temos que nos acostumar... quando é que já foi diferente?”

Bem, foi diferente apenas enquanto todos se sabiam filhos da misericórdia; e buscavam renovar a mente conforme o entendimento na Graça; e que só se manifesta no nível horizontal como amor e simplicidade no trato humano, que acontece naturalmente quando a arrogância dá lugar à gratidão em razão da consciência acerca do perdão recebido.

Jesus não pede perfeição — mesmo quando diz: “Sede perfeitos, como perfeito é vosso Pai...”—, pois, a única perfeição humana é assumir sua própria imperfeição; e, assim, imitar o Pai, não em sua Perfeita-Perfeição, mas em Sua Graça, que Ele derrama sobre justos em injustos.

A perfeição da Igreja é ser humildemente filha desse Pai que a todos trata com misericórdia!

Quem não for cego, que veja; quem não for surdo, que ouça; quem tiver entendimento, não o feche; e quem tiver sido objeto da Graça, que a sirva aos outros.

Nossa perfeição é a Justiça de Cristo!


Caio

Fonte Site Caio Fábio

11/02/2010

Eu sou "profeta", não toque no vaso




"Não nos enganemos com os profissionais na arte em dizer aquilo que Deus nunca disse"
É triste, trágico e cômico o que temos visto nestes dias, no que se refere aos "novos" profetas e suas "novas" unções. Não sei se é no excesso de criatividade ou na sua falta, que exatamente surgem os inúmeros absurdos. As novas unções, os truques de ilusionismo, as encenações bem ensaiadas, os olofotes bem posicionados são ferramentas essenciais nas atividades laborais desses "profetas". Você já viu alguma coisa semelhante? Claro que sim! Eles estão por todas as partes. Veja:
  1. São sensíveis ao extremo. Em suas pregações costumeiramente dizem: não toque no vaso! Sim, é exatamente o que você está pensando. É uma maneira de inibir a plateia para que não julguem a "profecia".
  2. São "humildes". Relatam quando, onde e quantos foram curados, batizados e salvos em nome de Jesus, mas com a ajuda deles.
  3. São seres que se assemelham aos humanos, mas na verdade não o são. Não?Não! Eles possuem super poderes que não se pode questionar. Eu não os chamaria de mutantes, mas é quase uma evolução disso.
  4. São engraçados. Sim, contam algumas piadas e inventam estórias para divertir o povo. É o novo "Stand Up Gospel", o que o povo quer ouvir isso ele falará.
  5. Não tente aborrecê-los. Se você não reagir como eles querem durante a "pregação", você é um fariseu, espião, lobo, joio, terra seca... E pode ser o próximo a ser sentenciado a morte.
  6. Andam em bandos. Bandos não. Aprendi que bandos é substantivo coletivo de aves. Na verdade andam em alcateias, buscando novas vítimas.
  7. Têm uma linguagem bem diferenciada. Se saúdam dizendo: Diz terra! Aê vaso! Como foi o reflay, como estava o manto...
Qualquer semelhança é pura coincidência, mas em todos os casos sem excessão, esses não são os verdadeiro profetas de DEUS. (Continua...)
"A mim não, a Ele a glória"

06/02/2010

Leitura da Bíblia gera controvérsia





Vereadores têm deixado de ler passagens bíblicas, descumprindo regra e irritando padre da cidade


Por Leandro Belles (Jornal Zero Hora) Rio Grande do Sul


Vereadores de Carazinho, no norte do Estado, devem decidir nos próximos dias sobre a continuidade de um ritual que tem provocado polêmica na cidade. A obrigatoriedade da leitura de trechos da Bíblia no plenário divide opiniões e provoca debates na comunidade.

O padre João Gheno Netto, 80 anos, conta que foi ele quem, há mais de 40 anos, sugeriu que trechos do texto sagrado fossem lidos no legislativo local durante as sessões. Há cerca de uma década, a prática foi incluída no regimento da Casa. Na semana passada – ao saber pela imprensa local que vereadores estavam deixando de ler o livro –, o religioso resolveu se manifestar. Diz ter sido comunicado por amigos que a leitura havia sido abandonada porque alguns dos membros da Câmara não saberiam ler corretamente termos bíblicos.

– Não vou e não posso tomar medida nenhuma. Não sou padre para destruir, mas sim para construir. Só acho que eles deveriam seguir a regra. Além do mais, como vão legislar sem ter senso de fraternidade e justiça? Isso se aprende na Bíblia – aponta o padre.

A discussão foi levantada pelo próprio presidente da casa, Gilnei Jarré (PSDB). Ele conta que, desde o ano passado, há resistência de alguns colegas em cumprir o ritual. O presidente recorda que, por diversas vezes, era sempre o mesmo colega que lia o trecho, contrariando o rodízio de vereadores previsto no regimento.

– Se está no regimento, todos têm de ler. A partir de segunda-feira, quem não ler o trecho vai ter o nome divulgado – disse Jarré.

O vereador Erlei Vieira (PSDB) se coloca contra a obrigatoriedade da leitura. Para ele, o ambiente atual da Casa não seria adequado para a pregação.

– Levei tanta rasteira de colega este ano, que acho contraditório ler a Bíblia e depois acontecer isso.

Felipe Sálvia (PDT) é um dos que defendem publicamente a continuação do hábito. Para ele, a palavra de Deus ajuda em qualquer ambiente. Além disso, a determinação do regimento deve ser cumprida por todos. Na esteira da repercussão, o promotor Cristiano Ledur, do Ministério Público Estadual, em Carazinho, esclarece que o regimento da Câmara desrespeita a Constituição. A Carta, segundo Ledur, diz claramente que o país é laico (um Estado sem religião oficial) e por isso não se pode impor o ritual
.

PS. "A palavra de Deus ajuda em qualquer ambiente". Ainda acreditam que a leitura da boca para fora possa "ajudar", ainda mais com caráter legal. 
Reforçam o significado mágico que dão a simples leitura da Bíblia e negam que o que vale não é a leitura, mas a prática dos ensinos de Jesus nela contidos, como fruto de vidas transformadas pelo evangelho.
Como Jesus denunciou "hipócritas" pura teatralidade, esta notícia denuncia também o que acontece em alguns lugares que convencionaram chamar de igreja. 

01/02/2010

O Haiti não é aqui


Por:


LUIZ ANTONIO DE ASSIS BRASIL


Na ocasião do tsunami de 2004, o arcebispo de Canterbury fez uma declaração espantosa: acontecimentos como aquele punham em dúvida a própria existência de Deus. Corrigiu depois, como seria de esperar de um religioso, mas algo desagradável ficou pairando. Os grandes infortúnios, como o tsunami, como o cruel terremoto de Lisboa, em 1755, não apenas deixam-nos aterrorizados, mas podem levar-nos a subverter nosso pensamento, minar nossas certezas e desconfiar de que fizemos errado para que aquilo acontecesse.

A imediata e grandiosa solidariedade para com o Haiti, que ora perpassa o mundo, unindo-o em torno dessa tragédia, pode ter razões múltiplas. Não é o momento de análises de botequim. Importa agir.

Ao pensamos no papel do Brasil nesse quadro, vemos com alegria o quanto nossos patrícios têm realizado ações positivas para auxiliar as vítimas do terremoto.

O governo, em nome dos brasileiros, doou alguns milhões de dólares. Ouviram-se reações contrárias, no sentido de condenar essa ajuda. Parece que uma paranoia, de algum tempo a esta parte, tem acossado alguns dos nossos: a de considerar promíscua e condenável qualquer relação entre o poder público e o dinheiro. Assim, parece que o dinheiro oferecido pelo governo foi roubado dos cidadãos e entregue de maneira espúria aos haitianos.

O argumento pseudo-patriótico que mascara essa lógica é o de que temos pobres também aqui, que aqui há miseráveis, muito mais merecedores dos recursos nacionais do que os haitianos etc., etc. Produziram-se frases de rima pobre, triste e pérfida: “O Haiti é aqui”. Eis um patriotismo de ocasião, desconfiabilíssimo.

Embora a classe média já seja dominante, sim, ainda temos pobres. Mas não os 120 mil mortos no terremoto. Nossa nação não está destruída pela hecatombe. Não temos inválidos ensanguentados vagando seu desespero pelas ruas destruídas.

Mesmo que fôssemos mais pobres que o Haiti, ainda assim teríamos de ajudá-lo.

Quando uma grande comoção assola o mundo, a última coisa a pensar é em fronteiras nacionais.

Sim, perante a hecatombe pode até um arcebispo duvidar de Deus, mas jamais poderemos duvidar da generosidade dos povos civilizados e solidários, com uma longa história de compaixão como o Brasil.



Fonte Jornal Zero Hora (Click RBS)