Vereadores têm deixado de ler passagens bíblicas, descumprindo regra e irritando padre da cidade
Por Leandro Belles (Jornal Zero Hora) Rio Grande do Sul
Vereadores de Carazinho, no norte do Estado, devem decidir nos próximos dias sobre a continuidade de um ritual que tem provocado polêmica na cidade. A obrigatoriedade da leitura de trechos da Bíblia no plenário divide opiniões e provoca debates na comunidade.
O padre João Gheno Netto, 80 anos, conta que foi ele quem, há mais de 40 anos, sugeriu que trechos do texto sagrado fossem lidos no legislativo local durante as sessões. Há cerca de uma década, a prática foi incluída no regimento da Casa. Na semana passada – ao saber pela imprensa local que vereadores estavam deixando de ler o livro –, o religioso resolveu se manifestar. Diz ter sido comunicado por amigos que a leitura havia sido abandonada porque alguns dos membros da Câmara não saberiam ler corretamente termos bíblicos.
– Não vou e não posso tomar medida nenhuma. Não sou padre para destruir, mas sim para construir. Só acho que eles deveriam seguir a regra. Além do mais, como vão legislar sem ter senso de fraternidade e justiça? Isso se aprende na Bíblia – aponta o padre.
A discussão foi levantada pelo próprio presidente da casa, Gilnei Jarré (PSDB). Ele conta que, desde o ano passado, há resistência de alguns colegas em cumprir o ritual. O presidente recorda que, por diversas vezes, era sempre o mesmo colega que lia o trecho, contrariando o rodízio de vereadores previsto no regimento.
– Se está no regimento, todos têm de ler. A partir de segunda-feira, quem não ler o trecho vai ter o nome divulgado – disse Jarré.
O vereador Erlei Vieira (PSDB) se coloca contra a obrigatoriedade da leitura. Para ele, o ambiente atual da Casa não seria adequado para a pregação.
– Levei tanta rasteira de colega este ano, que acho contraditório ler a Bíblia e depois acontecer isso.
Felipe Sálvia (PDT) é um dos que defendem publicamente a continuação do hábito. Para ele, a palavra de Deus ajuda em qualquer ambiente. Além disso, a determinação do regimento deve ser cumprida por todos. Na esteira da repercussão, o promotor Cristiano Ledur, do Ministério Público Estadual, em Carazinho, esclarece que o regimento da Câmara desrespeita a Constituição. A Carta, segundo Ledur, diz claramente que o país é laico (um Estado sem religião oficial) e por isso não se pode impor o ritual.
O padre João Gheno Netto, 80 anos, conta que foi ele quem, há mais de 40 anos, sugeriu que trechos do texto sagrado fossem lidos no legislativo local durante as sessões. Há cerca de uma década, a prática foi incluída no regimento da Casa. Na semana passada – ao saber pela imprensa local que vereadores estavam deixando de ler o livro –, o religioso resolveu se manifestar. Diz ter sido comunicado por amigos que a leitura havia sido abandonada porque alguns dos membros da Câmara não saberiam ler corretamente termos bíblicos.
– Não vou e não posso tomar medida nenhuma. Não sou padre para destruir, mas sim para construir. Só acho que eles deveriam seguir a regra. Além do mais, como vão legislar sem ter senso de fraternidade e justiça? Isso se aprende na Bíblia – aponta o padre.
A discussão foi levantada pelo próprio presidente da casa, Gilnei Jarré (PSDB). Ele conta que, desde o ano passado, há resistência de alguns colegas em cumprir o ritual. O presidente recorda que, por diversas vezes, era sempre o mesmo colega que lia o trecho, contrariando o rodízio de vereadores previsto no regimento.
– Se está no regimento, todos têm de ler. A partir de segunda-feira, quem não ler o trecho vai ter o nome divulgado – disse Jarré.
O vereador Erlei Vieira (PSDB) se coloca contra a obrigatoriedade da leitura. Para ele, o ambiente atual da Casa não seria adequado para a pregação.
– Levei tanta rasteira de colega este ano, que acho contraditório ler a Bíblia e depois acontecer isso.
Felipe Sálvia (PDT) é um dos que defendem publicamente a continuação do hábito. Para ele, a palavra de Deus ajuda em qualquer ambiente. Além disso, a determinação do regimento deve ser cumprida por todos. Na esteira da repercussão, o promotor Cristiano Ledur, do Ministério Público Estadual, em Carazinho, esclarece que o regimento da Câmara desrespeita a Constituição. A Carta, segundo Ledur, diz claramente que o país é laico (um Estado sem religião oficial) e por isso não se pode impor o ritual.
PS. "A palavra de Deus ajuda em qualquer ambiente". Ainda acreditam que a leitura da boca para fora possa "ajudar", ainda mais com caráter legal.
Reforçam o significado mágico que dão a simples leitura da Bíblia e negam que o que vale não é a leitura, mas a prática dos ensinos de Jesus nela contidos, como fruto de vidas transformadas pelo evangelho.
Como Jesus denunciou "hipócritas" pura teatralidade, esta notícia denuncia também o que acontece em alguns lugares que convencionaram chamar de igreja.
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