28/07/2007

A ILHA DE PÁSCOA E O APOCALIPSE

É a primeira vez que a Humanidade chega tão perto de ter que se encarar, numa Terra que não tem saída, a menos que essa saída seja alcançada no coração dos homens.
Sim! Porque o único chão que poderia salvar os Homens está dentro do coração de cada um. Mas ninguém quer nada para dentro. Só se quer mundo para fora.
Total tragédia, pois, o reino de Deus não chega em nenhum lugar se não se fizer plantar no único chão que lhe aceitável: o interior humano, conforme Jesus disse.
E que mundo de paz, justiça, vida e harmonia se pode ter fora do reino de Deus?
São as muitas construções apenas para fora as que agora matam o mundo exterior a nós, a Terra; enquanto, pela própria prática delas (das construções externas), nosso homem interior se pedra cada vez mais...
O pecado é um ciclo de morte com uma ou todas as supostas desculpas de vida...
Somos todos como os antigos habitantes da “Ilha de Páscoa”, no meio do Oceano Pacifico.
Como todas as demais civilizações que se auto-extinguiram, os moradores de Páscoa criam que sem a proteção de seus ancestrais, eles não sobreviveriam naquele lugar.
Por tal razão, eles que eram gente nômade do mar, ao pousarem definitivamente naquela ilha, decidiram que sua sobrevivência vinha da proteção concedida pelos ancestrais mortos.
Assim, cada uma daquelas figuras esculpidas em pedra (cujo tamanho varia de dois metros e meio a vinte metros de altura) é a própria pretensão de escultura do ancestral ali falecido.
Ora, eles nada mais fizeram do que passar mil anos construindo cerca de 900 estátuas gigantescas; mobilizando quase seu inteiro contingente de trabalho para essa finalidade; usando quase todos os recursos da ilha a fim de fazerem a remoção das estatuas por cerca de 20 km, até aos pontos de fixação delas, olhando para o oceano.
Dessa forma, veio a necessidade. Veio a fome. E, com parcos recursos, eles puseram-se a lutar entre si, provocando um enfrentamento que os levou ao canibalismo.
Ora, quando o homem come o homem, que mais pode sobreviver?
Morreram de si mesmos!
Assim, o Apocalipse aconteceu para eles...
E logo eles, que chegaram lá sem chão; pois eram nômades da água, sendo até então pessoas tão sensíveis; que eram capazes conviver pacificamente em barcos a maior parte do tempo; sendo também hábeis para ler o retorno das ondas com os pés, no meio do mar, e, em comparação com ventos e estrelas, tornavam-se também capazes de calcular com a mente a distancia de uma ilha ou terra não visível aos olhos.
Mas contra a própria natureza nenhuma cultura prevalece.
Viveram para se sepultar na busca de segurança e conforto!
Tornaram-se “fim em si mesmo”; e creram que a terra era suficiente para conter a ignorância humana.
Nem Júpiter é suficiente para conter a ignorância e a estupidez da humanidade. Especialmente a loucura dos seus líderes voluptuosos e cegos.
Esse tipo de espírito que parece possuir a Humanidade carrega aquele terrível vaticínio que diz: “Ainda que tu faças o teu ninho nas estrelas, de lá te derrubarei, diz o Senhor”.
Desse modo, agora, a Humanidade toda terá que saber que “treino é treino e jogo é jogo”.
Agora a coisa é séria, e ninguém poderá em apenas mais alguns anos fugir das expectativas acerca das coisas que sobrevirão ao mundo; e, depois, não se poderá fugir também das conseqüências globais.
Entretanto, na hora de escolher, a Humanidade nunca escolhe o caminho simples da bondade e do amor. Ela sempre escolhe aquilo que ela confessa odiar “intelectualmente”.
E a escolha não será a simples. Não! Será uma do tipo “Como Deus sereis conhecedores do bem e do mal”.
Ou, então, será aquela de “Paz! Paz! Segurança! Segurança!” — até que venha repentina destruição.
O fato é que Jesus disse que a Humanidade não estaria olhando para o alto quando o Dia chegasse. Ao contrario, a maioria estará apenas pensando em casarem-se e darem-se em casamento; enquanto outros estariam completamente absorvidos pelas preocupações deste mundo.
Desse modo eu creio que o espírito do futuro é este:
Seremos levados a uma situação de calamidade pré-vista. Depois sentiremos algumas conseqüências. Então as necessidades se imporão como inadiáveis. As necessidades estabelecerão o regime. Então virão algumas soluções. E, com elas, um crescente culto do homem ao homem. Mas, então, de súbito algo acontecerá. Os poderes dos céus serão abalados.
Assim, teremos ondas de terror e de suposto alivio. E viajaremos desde os desmaios de terror até aos gritos de “Viva o Homem!”
Até aqui eu vou.
O mais, ninguém sabe.
E não sabemos também nada sobre o tempo da consumação de todas essas coisas!
Nele, em Quem somos chamados aos trabalhos da esperança,

Caio
21/03/07

26/07/2007

A Noiva de Cristo ou a Noiva de Chuck?

Estão transformando a igreja num monstro!!!Como está desfigurada a noiva do cordeiro! Como estão acabando com sua beleza! E o pior, estão fazendo tudo isso para “prepara-la” para o “noivo”. A noiva de Cristo está se transformando na noiva de Chuck, aquela coisa horrenda, com o rosto todo remendado, que foi criada para fazer companhia ao “boneco assassino”.Quando paro para navegar na internet, ou para ler algumas notícias cristãs, ou simplesmente passo os olhos sobre os livros expostos nas pobres e venenosas livrarias “cristãs” que se proliferam por aí, fico realmente assustado com todo o que vejo. O cenário é pavoroso! É pior do que filme de terror. Nos filmes, pelo menos, você sabe que a coisa é criada para assustar...Recentemente deparei-me com duas comunidades de “arrepiar” no ORKUT, um centro de comunidades virtuais, uma espécie de “feira livre virtual”, onde são oferecidos produtos (comunidades) para todos os gostos. Pois bem, as comunidades que me deixaram atônitos tinham os seguintes títulos: “penteando a noiva” e “afogando a noiva”. Não sei o que falar sobre isso, só que a coisa passou do limite do bom senso. Há um monstro que se denomina a noiva de Cristo... que precisa ser “penteada” pelos “adoradores extravagantes”, e afogada por aqueles que querem níveis mais profundos de intimidade.Meu Deus!!! Onde vamos parar? Quem está desfigurando a igreja? Um infeliz, louco e magalomaníaco se denomina agora “paipóstolo”, e o pior é que tem um monte de “paiaços” que vão atrás dele, querendo ser 12, 24, 144. 48, 1958746 dele. Querem proliferar a praga, a peste “bobônica” que a cada dia faz mais estragos no nosso meio. O argumento é sempre o mesmo... multiplicação... números... “minha igreja pulou de 60 para 400 discípulos” é o que me disse um dos fiéis do “paipóstolo”. Esse mesmo pastor se diz um “gadita”. Como se não bastassem os “levitas” voltarem, os “gaditas” também estão voltando... daqui a pouco veremos os efraimitas, rubenitas, simeonitas, etc. Sinceramente, a tribo com que essa turma mais se parece, ninguém assume: a tribo de Dã. Isso mesmo: Dãããã... seria a tribo símbolo da esquizofrenia maluca dessa gente.As bênçãos foram trocadas: a benção Aarônica “O Senhor sobre ti levante o rosto e te dê paz” foi transformada em “O Senhor sobre ti levante o rosto e te dê vitória e conquista”. Não que eu seja contra a confiança cristã e a certeza de que somos mais que vencedores, de modo algum, mas estão pervertendo a Palavra para darem vazão aos seus desejos insanos de poder, número e fama.A noiva está virando um monstro... um monstro assustador!!!Voltando ao “paipóstolo”, o sem-vergonha tem a cara-de-pau de propagar a “unção de nobreza”... uma unção muito especial, pela simples oferta de R$ 10.000,00. São os discípulos de Simão, o mágico (Atos 8. 18-23)... os compradores de bênçãos e de unções. A diferença está entre a resposta dos APÓSTOLOS: “O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois julgaste adquirir, por meio dele, o dom de Deus” e a proposta canalha e indecente do “pai-pós-tolo”: “O alvo para ser um NOBRE, através de uma das sugestões acima citadas, será de R$ 10.000,00 (dez mil reais),(...) devemos incentivar que cada Nobre quite o mais rápido possível seu propósito de oferta (...)A recompensa é a UNÇÃO dos NOBRES.” (isso está na página dele na internet) Com quem você prefere caminhar? Com os verdadeiros apóstolos e a Palavra de Deus, fiel e verdadeira, ou com a caricatura monstruosa de cristianismo criada pelo “tolo pai” Terra Nova???Seja Deus verdadeiro e todo homem mentiroso!!!Ainda há muito mais a dizer, mas creio que o farei em outra hora. Ainda existem outras insanidades se espalhando por aí... movimentos absurdos... o “shu profético”, ou simplesmente “shuuuuu”, os “homens bombas de Cristo”, os “nazireus” (que também voltaram) , os “profetas da dança”, mas meu corpo não tá agüentando... eu passo mal quando penso muito nessas coisas.Por fim, quero dizer que me recuso a fazer parte dessa monstruosidade que estão chamando de a “noiva desesperada”, a “noiva despenteada”, a “noiva afogada”. Tô fora disso!!! Não quero nenhum compromisso com essa gente estranha. Só quero fazer parte dessa coisa bonita que Cristo deu sua vida por ela: a Igreja... simples... bela... sem esquisitices... amando o noivo... querendo a sua volta... não por desespero, mas por amor...Faço parte da noiva de Cristo...Quero distância da noiva de Chuck!Maranata, vem Senhor Jesus!NEle, o noivo amado,José Barbosa Junior

Hum.....

Confesso que não entendi.

18/07/2007

Pr. Luiz Antônio morre em acidente aéreo da TAM

Publicado por Redação em 18/07/07
O site da Assembléia de Deus de Porto Velho publicou uma nota em seu site sobre a morte do Pr. Luiz Antônio no acidente da TAM, na última terça-feira.
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Leia abaixo:É com enorme pesar que viemos noticiar o falecimento do Pr Luiz Antônio Rodrigues da Luz na noite de terça-feira 17 de Julho de 2007 às 18:50h na cidade de Congonhas - SP. Vítima do acidente do Airbus A320 da TAM que perdeu o controle durante manobras na pista do aeroporto, e bateu contra um depósito da empresa que fica do lado oposto, na avenida Washington Luiz, causando um incêndio de grandes proporções e vítimando sua vida. Pr. Luiz Antônio estaria pregando em Conselheiro Pena em Minas Gerais, na volta ficaria dois dias em São Paulo com o Pr. Alberto Rezende e com o Pr. Elizeu na Escola de Missões. No Sabádo e Domingo faria o encerramento da comemoração dos Setenta anos da Assembléia de Deus em Riberão Preto. Seu corpo vai ser velado na Igreja Evangélica Assembléia de Deus em Ivoti - RS. Pedimos orações dos irmãos para que Deus conforte os corações de seus familiares, amigos, companheiros, e admiradores."Preciosa é à vista do Senhor a morte dos seus santos. Sl 166.15"Pastor Luiz Antônio Rodrigues da LuzEra casado com Maria Isabel Bomber da Luz; pai de Eliezer, Priscila e Juliano. Oriundo de uma família simples, nasceu em Pantano Grande no dia 28 de Abril de 1964. Ainda pequeno mudou-se para Guaíba onde passou a maior parte de sua vida.Aos 11 anos foi acometido de uma séria enfermidade que o deixou vários dias em um leito hospitalar. Após uma palavra profética sobre sua chamada ministerial, fez um voto ao Senhor dizendo que se Deus o curasse se batizaria na primeira oportunidade. Aos 17 anos assumiu a secretaria da igreja da Assembléia de Deus de Guaíba permanecendo no cargo de 1982 a 1985. Foi Vice-Presidente da Assembléia de Deus de Guaíba no período de 1989 a 1990.Foi enviado como missionário na República Oriental do Uruguai de Fevereiro de 1991 a Janeiro de 1994. Secretário da Convenção Missionária na República Oriental do Uruguai no período de 1992 a 1993. Co-Pastor da Assembléia de Deus de Guaíba de 1994 a Fevereiro de 1997. Presidente da Assembléia de Deus de Ivoti desde Fevereiro de 1997. Diretor Presidente do Seminário Teológico Pentecostal Ebenézer. Secretário Executivo de Missões da Secretaria de Missões do Estado do Rio Grande do Sul (SEMADERS) no período de 2003/2005.Membro do Conselho Consultivo do Concílio de Ministros de Las Asambleas de Dios Del Uruguay. Presidente do Centro de Recuperação de Viciados Desafio Jovem Gideões. Membro do Conselho Consultivo da Além-Mar Missões Transculturais. Relator da Comissão de Comunicação e Imprensa da Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil (CGADB) no período de 2003/2004. Secretário da Comissão de Doutrina da Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil (CGADB) no período de julho de 2004 a abril de 2005. Mestrando em Teologia. Acadêmico em Direito e Filosofia. Conferencista no Brasil e no Exterior.Veja o website do Pr. Luiz Antônio:http://www.pastorluizantonio.com.br/Fonte: Assembléia de Deus de Porto Velho

PAN-ACIDENTE E PAN-DESGRAÇA

Avião é coisa séria. Sim, talvez o aeroplano seja o veículo mais “do meio do caminho” que os homens já tenham inventado. Mais que o navio ou o submarino poderiam representar, pois, o avião pode além de quase todos os limites imediatos dos humanos.

O avião levou o homem ao panteão dos deuses feitos pelo próprio homem. Além disso, a dimensão do céu azul é a que mais se associa à transcendência do homem em relação a quase tudo.

O avião é o instrumento que torna a profecia de Naum algo mais que poético, político ou interior (apenas), mas também físico e factual, quando diz: “Ainda que faças o teu ninho entre as estrelas, de lá ti derrubarei, diz o Senhor!”.

O aeroplano nos colocou na zona dos deuses e dos desgraçados.

Através dele cruzamos a Terra e visitamos o espaço. Todavia, é também por ele que nossas tragédias se tornam irreparáveis. Se ele vai; vai e chega. Se vai... e perde força, cai e ninguém “sobra” — exceto por “acidente”. Sim, pois o grande acidente em queda de avião é escapar dela. Quem prova tal possibilidade sabe o que é milagre como “acidente” e acidente como “milagre”.

Eu já poderia ter morrido em avião muitas vezes — que eu saiba. É obvio que digo isto para diferenciar dos salvamentos e livramentos que eu não soube.

Quase morri quando o Davi nasceu. E foi por muito pouco que não caí pra sempre na Floresta amazônica, somente eu e o George, um amigo americano, em 1977.

Depois daquele episódio estive em avião que saiu da pista; que não conseguiu parar...; que rodopiou; que caiu em valas; que ficou preso horas na neve; em isolamento (eu dentro); que tive a porta aberta em pleno vôo (esse era pequeno e eu viajei segurando a porta de Macapá até Belém); que perdeu a turbina no meio do vôo; que pegou fogo na descida; que abriram as portas de emergência e eu pulei pelo escorrega (três vezes); que evacuaram as pessoas entre gritos de desespero do pessoal de bordo e dos passageiros; e também em aviões que posam e arremetem quase não conseguindo; etc.

Por isso creio que tenho uma atitude à priori resignada quando acontece um acidente de avião.

Entretanto, uma coisa é acidente de avião; e outra bem diferente é praticar a aviação em estado de acidente!

Acidente de avião é o preço que os humanos pagam por tentar ir voando... Há um preço, é claro!

Aviação como acidente, entretanto, é o preço que você paga por não saber que todo acidente que pode acontecer, está de fato aberto para acontecer — simplesmente pelo descaso dos que deveriam cuidar da vida humana posta sob tal “chance e azar” estatísticos.


Assim, dois aviões que se chocam no ar é um absurdo. Mas um avião que cai voando não é. Todavia, nada se compara ao avião que cai estando no chão (do chão para o chão); enquanto corre no chão...; pois, o tal chão está liso e impossibilitando o avião de sair do chão. Ora, esse já não é um acidente de aviação, mas sim de natureza “rodo”-viária e burro-viária.

No Brasil estamos mal nos céus e no chão. Nos céus não há controle de trafego que nos dê segurança. No chão as pistas são “brasileiras” — lisas, curtas, esburacadas, mal acabadas, e consertadas sem acerto.

O acidente de ontem é uma aberração. Ainda mais porque desde o inicio do ano que aquela pista de Congonhas já nos dizia que iria matar. Antes de ontem um avião menor experimentou quase a mesma possibilidade fatal que o de ontem conheceu como catástrofe consumada.

Assim, a surpresa é a dor das perdas e do descaso!

Todavia, o aeroporto de Congonhas a ninguém enganou. Sim! Avisou que estava para deixar a bandeja cair... Disse sem rodeios que qualquer hora o avião e a rodovia se uniriam num dueto de morte no meio de São Paulo.

“Por pouco o avião não esmagou o táxi no qual eu ia...” — disse uma senhora.

“Avião e táxi colidem no Brasil” seria uma manchete internacional digna de nossa confusão nacional.

Assim, sem nem mesmo sentir que posso ou devo falar da dor humana envolvida na perda que esse acidente trouxe, quero apenas expressar minha raiva pela “evitabilidade total” do acontecido; pois, de fato, estamos falando não do céu, mas da pista curta e mal acabada do aeroporto de Congonhas.

Para um país que não libera os Cassinos, o Brasil é, assim mesmo, a maior Las Vegas do mundo quando se trata de voar como “jogo de sorte”.

Não se sabe mais se o vôo sairá na hora, nem no dia marcado. Não se sabe se saindo não colidirá com outro em pleno vôo. Não se sabe se saindo posará em condições adequadas. Não se sabe se posando conseguirá parar. E não se sabe se saindo, conseguirá descer; pois, apesar de todas as nossas tecnologias, os aeroportos jamais antes andaram tão “fechados”.

O pior é que não há responsáveis. Sim! Não se busca ninguém para culpar, mas, pelo menos, pede-se que haja responsáveis que falem e não se escondam.

Enquanto isto fica esse jogo de empurra. O Presidente diz que não é possível... Dá prazo pra acabar. O Ministro diz que não possível, mas que está tudo quase bem... Os presidentes das autarquias ou empresas responsáveis pela operação nos aeroportos nada dizem.

E nós... - compramos passagens, e voamos com fé; e nos resignamos ante as mais improváveis situações de acidente — enquanto como viciados em jogo não deixamos de ir à Las Vegas e voar para a chance...

E isto em pleno Pan-americano...

Pandemônio!

Agora se saberá que todo o dinheiro investido na grande distração político-social que o Pan significa para o Rio - Brasil hoje, de nada servirá para melhorar a imagem internacional da cidade e do país; pois, com o acidente de ontem, o Pan passa a inexistir na agenda mundial no que concerne ao Brasil; e o acidente aero-rodoviário passa a ser o “Pan-demônio” brasileiro para o mundo.

É bom ver o Pan-americano. Mas não enquanto não se termina nem mesmo as pistas de vôo que levam e trazem os atletas.

Num momento como o nosso, um Pan é uma orgia. Sim! Enquanto não houver Pan-aeroportos, com Pan-controles; e enquanto não houver Pan-hospitais, Pan-rodovias, Pan-escolas; e com Pan-pão nas mesas — todo Pan é escárnio e prelúdio para o pandemônio.

O que fazer?

A ministra disse que a receita é simples: “Relaxa e goza!”

Esta é uma receita que ela deve hoje levar aos familiares das centenas de vitimas!

Sim! Que Marta vá e diga isso a eles; e que veja se é possível dizer algo além de “Enrija-se e morra!”

Com toda tristeza,


Caio

18/07/07

Fonte:
www.caiofabio.com.br

Nada ficará encoberto

DENÚNCIAS CONTRA A IGREJA DO EVANGELHO QUADRANGULAR EM MG
FONTE: Jornal O TempoRádio da Quadrangular na mira do MPPromotor vai apurar desvios de verbas publicitárias da 107 FM, uma das principais fontes de arrecadação da IgrejaEZEQUIEL FAGUNDES
Gestores da rádio 107 FM, controlada pela Fundação Educativa Quadrangular, entidade filantrópica ligada à Igreja do Evangelho Quadrangular (IEQ), estão na mira da Promotoria de Tutela das Fundações do Ministério Público (MP), por suposta apropriação indevida de contratos publicitários da emissora. A Igreja é comandada pelo deputado federal Mário de Oliveira (PSC-MG), suspeito de planejar a morte de seu colega de parlamento, Carlos Willian (PTC-MG).
Atualmente, a estação de rádio, responsável também pela realização do Sermão da Montanha - evento religioso realizado anualmente em Contagem - tem como presidente o pastor Jerônimo Onofre da Silveira, denunciado pelo MP, no ano passado, pelos crimes de desvio de dinheiro público, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Ele teve seus bens bloqueados pela Justiça, na última quinta-feira. A Escola de Ministério Jeová Jiré, que tem Jerônimo Onofre como presidente perpétuo, também sofreu bloqueio de seu patrimônio.
O fato de a emissora sem fins lucrativos estar nas mãos de Jerônimo Onofre chamou a atenção do promotor de Justiça Marcelo Oliveira Costa. "A aplicação da publicidade precisa ser investigada na medida em que o atual presidente da emissora está enfrentando problemas com a Justiça", adiantou o integrante do MP. Líder da Quadrangular Ministério "Templo dos Anjos", Jerônimo Onofre é braço direito e amigo particular de Mário de Oliveira, citado também na denúncia do MP como "o chefe da quadrilha" que teria desviado R$ 1,1 milhão da Prefeitura de Contagem, por meio de convênio firmado com a Escola de Ministério Jeová Jiré.
As verbas publicitárias da FM 107 supostamente desviadas seriam utilizadas para benefício dos dirigentes da Quadrangular, o que levanta a suspeita de um outro crime, o enriquecimento ilícito. O dinheiro seria aplicado na manutenção de luxuoso estilo de vida dos pastores Jerônimo e Mário de Oliveira. Os dois se especializaram na chamada "teoria da prosperidade". Jerônimo Onofre é autor de livros como o "O Dom de Adqüirir Riquezas" e "Provisões de Riquezas".
Juntos, eles usufruem de um patrimônio que inclui carros importados (BMW e Mitsubishi Pajero), lanchas, fazendas no Mato Grosso e em Felixlândia, apartamentos de luxo em Cabo Frio, um avião bimotor Cênica com inscrição PTRGR, avaliado em U$S 200 mil, além de uma ilha, onde Jerônimo mora com a família e funciona a Jeová Jiré. A emissora vem acumulando ganhos financeiros desde sua fundação, em 1998. Com uma programação formada exclusivamente por músicas evangélicas, a rádio da Quadrangular alcançou o segundo lugar na preferência dos ouvintes da capital e da região metropolitana.
Em paralelo ao sucesso de audiência, a rádio 107 FM se transformou também em uma das campeãs em número de anúncios publicitários durante sua programação. Atualmente o departamento comercial da emissora conta com um gerente e pelo menos sete contatos comerciais, que atendem clientes não só em Minas Gerais, mas também em São Paulo, terra natal do pastor e deputado federal Mário de Oliveira, além de Brasília e Rio de Janeiro. Em média, 700 mil ouvintes sintonizam todos os dias a emissora da Igreja do Evangelho Quadrangular.
Lucro é dividido entre pastores
Segundo fonte que já foi membro da alta cúpula da Igreja do Evangelho Quadrangular (IEQ) e que era muito próxima do pastor e deputado federal Mário de Oliveira (PSC), a rádio 107 FM se transformou na maior fonte de renda dos dirigentes da Quadrangular. Conforme o relato do exintegrante da IEQ, a emissora possui um faturamento bruto em torno de R$ 500 mil mensais e o lucro é repartido entre Jerônimo Onofre da Silveira e Oliveira.
“Hoje o Jerônimo é muito mais que um simples pastor da Igreja do Evangelho Quadrangular (IEQ). Ele exerce uma função de liderança nos negócios da Igreja. Mas quem continua mandando mesmo é o pastor Mário de Oliveira. Eles dividem o lucro da Quadrangular. Cada um fica com 50% de tudo”, declarou a fonte sob a condição de manter-se no anonimato.
O horário mais cobiçado da emissora evangélica é o período da manhã, entre 8h e 11h59, quando vigora o chamado horário nobre do rádio. Pelo espaço de 30 segundos, o departamento comercial da rádio evangélica cobra o valor de R$ 160. Se o intervalo da programação durar pelo menos três minutos, entram nos cofres da 107 FM R$ 960 a cada rodada de comerciais.
Se conseguisse vender todos os espaços publicitários que coloca à disposição, somente no período da manhã, considerados os intervalos de meia em meia hora, o lucro alcançaria R$ 6.720 por dia. Em um mês, as manhãs da 107 FM renderiam R$ 201.600. A 107 FM cobra ainda as chamadas de 60 segundos (testemunhais dos locutores) e os “links de 90 segundos”. A primeira modalidade de inserção custa três vezes o valor do anúncio de 30 segundos (R$ 480), o preço da segunda alcança 30% a mais do que o testemunhal (R$ 640).(EF)
107 FM pode perder concessão
A coordenadora geral de assuntos jurídicos de comunicação eletrônica do Ministério das Comunicações, em Brasília, Glória Tuxe, informou que o governo federal está aguardando o resultado do processo em tramitação no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) sobre a denúncia contra Jerônimo Onofre da Silveira, presidente da rádio 107 FM, para tomar uma providência imediata. Mas, ela não descarta a possibilidade de perda da concessão e afastamento do atual presidente da emissora.
A advogada do ministério explicou que a União não pode se manifestar oficialmente sobre o caso embasado somente na investigação do Ministério Público (MP) mineiro, mas avisou que a concessão com caráter educativo, recebida pela emissora, pode ser cassada. Ela ainda admite que, dependendo da avaliação do órgão, o presidente da rádio, pastor Jerônimo Onofre, pode ser afastado de suas funções até que o processo seja concluído. De acordo com a legislação, podem pleitear a outorga para execução de serviços de radiodifusão com fins exclusivamente educativos as pessoas jurídicas de direito público interno, inclusive universidades, e fundações instituídas por particulares e demais universidades brasileiras.
A Fundação Rádio Educativa Quadrangular, mantenedora da 107 FM, obteve a homologação da concessão no segundo mandato do governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Na época, 2001, o governo discutia com o Congresso Nacional a renovação dos processos de permissão para funcionamento de rádios. O pastor Mário de Oliveira (PSC) cumpria, naquela ocasião, o quinto mandato como deputado federal por Minas e era amigo do deputado Carlos Willian. (EF)
Advogado das entidades sob suspeita
Investigação do promotor de Justiça Mário Antônio Conceição, do Ministério Público (MP) de Contagem, mostrou que a Fundação Rádio Educativa Quadrangular, mantenedora da 107 FM, e a Escola de Ministério Jeová Jiré possuem o mesmo advogado, Túlio Sérgio Camargo. Ele é citado na denúncia ofertada pelo MP de desvio de R$ 1,1 milhão dos cofres da Prefeitura de Contagem, por meio de convênios firmado com a Jeová Jiré. Além de prestar serviços advocatícios, Túlio Camargo, ocupou o cargo de 1º secretário da Jeová Jiré e hoje é pastor auxiliar de Jerônimo Onofre da Silveira, que comanda a entidade civil e é atual presidente da 107 FM.
Segundo apurou o MP, entre outras tarefas, coube ao advogado orientar os dirigentes da Quadrangular sobre o que deveriam dizer durante os depoimentos. Na época da denúncia, o promotor solicitou a quebra de sigilo fiscal do advogado e da emissora, mas a Justiça não acatou o pedido. Para o MP, quem geria a contabilidade fraudulenta da Jeová Jiré era Jerônimo Onofre a mando do “seu pai de fé”, o deputado federal Mário de Oliveira (PSC-MG), suspeito de contratar um matador profissional para executar o colega de parlamento e desafeto, Carlos Willian (PTC-MG)
PreletoresO acusado Túlio Camargo, a pedido do pastor Jerônimo, acompanhou alguns dos depoimentos prestados no inquérito que apurou o rombo nos cofres da Prefeitura de Contagem, durante o convênio firmado com a Jeová Jiré. Após processo de seleção aleatório, o promotor ouviu algumas pessoas que aparecem nos registros de contabilidade da entidade como sendo beneficiárias de supostas preleções proferidas na entidade.
O promotor classificou como “estarrecedores” o resultado dessas oitivas, pois foi descoberto que eles nunca haviam proferido palestras na Jeová Jiré. Em panfleto publicitário, os pastores da Quadrangular prometiam a cura de dependentes viciados em drogas e alcoólatras em apenas 15 dias. Os internos recebiam tratamento com “óleos milagrosos” e sermões. O fato levou o MP a suspeitar que o advogado teria norteado os depoimentos dos “preletores”. (EF)
Recibos mostram desvio de R$ 1,1 milhão da prefeitura
Documentos do Ministério Público (MP) remetidos ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) foram fundamentais para o juiz Marcus Vinícius Mendes do Valle, da 2ª Vara Municipal de Contagem, determinar a indisponibilidade dos bens do pastor Jerônimo Onofre da Silveira e da Escola de Ministério Jeová Jiré. Eles revelam indícios de várias fraudes envolvendo a contabilidade da entidade, conforme mostrou O TEMPO nas últimas semanas, e motivaram o promotor de Justiça, Mário Antônio Conceição, a instaurar outro inquérito civil contra a entidade.
Além de ter utilizado parte da verba dos cofres da Prefeitura de Contagem para pagar o aluguel de imóvel, que na realidade pertence ao pastor Jerônimo Onofre da Silveira, presidente perpétuo da entidade, a Jeová Jiré usou empresas fantasmas e comprovantes de pagamentos falsos para justificar os repasses da prefeitura. Agora, recibos suspeitos apontam para pagamentos irregulares em favor do Posto REM Ltda. e da empresa Transportes Jovimar Ltda. O posto de combustível teria abastecido veículos particulares de propriedade dos pastores da Quadrangular.
Em depoimento, um frentista contou que os próprios pastores emitiam as autorizações para o consumo de gasolina. Segundo o formulário da prestação de contas de 2002, em junho, a Jeová Jiré apresentou, em um único comprovante fiscal, despesas de R$ 4.477,50 com gasolina. A empresa Jovimar Transportes seria a responsável pelo fechamento da contabilidade da Jeová Jiré, fornecendo notas fiscais no valor necessário. Nas notas fiscais, a empresa de ônibus oferece preços abaixo de mercado. Pelo aluguel de uma frota de 14 ônibus e uma Van, a entidade pagou apenas R$ 1.480. Cada aluguel saiu por R$ 98,60. (EF)
Fonte:
http://www.acaoreacao.blogspot.com/

13/07/2007

Prioridades

SOBRE A CORAGEM DOS HOMENS E A LIBERDADE DE DEUS

A história de Cornélio em Atos, como quaisquer outros recortes, não é ingênua. Não é uma história sem teologia. Lucas não é um historiador, apenas. É um teólogo que pensa através das narrativas. Se é que há história sem interpretação, imparcial. Mas as da Bíblia, ao menos, são as mais parciais, são uma proposta. Como historiador, Lucas seria indiscutivelmente parcial. Já que enfoca apenas um quadrante da geografia do mundo de então e, portanto, da história cristã inicial em Atos dos Apóstolos. Centraliza toda a história em dois protagonistas, Pedro e Paulo. Seria um texto pobre se histórico. É bem mais que isso. É teologia narrativa. As partes contadas propõem algo sobre Deus e o projeto cristão.
O capítulo 10 de Atos é um texto de transição. É a história de Deus mais que a história do cristianismo. O cristianismo caminha com força em Jerusalém. Cornélio vive em Cesaréia. Pedro é sugado pela liberdade de Deus para lá. São duas visões. A visão de Cornélio, em que um anjo o avisa de suas orações e esmolas como pontos de contato com Deus. E a visão de Pedro, com fome e em êxtase, convidado por Deus para ultrapassar os limites da religião: ‘levanta e come porque Deus purificou. Enquanto você, Pedro, não enxerga e nem come porque considera impuro, eu o estou convidando a experimentar o que eu purifiquei’, diz Deus.
Pedro aceita o convite. Vai à casa de Cornélio e lá descobre que a visão dos bichos purificados fazia todo sentido. Deus já estava em Cesaréia antes de Pedro chegar. Pedro não foi evangelizar, apenas. Foi ser evangelizado por pelos de fora. Deus na casa de Cornélio é uma boa e inesperada notícia.
A grande notícia deste recorte em Atos não é a aproximação ao cristianismo de alguém com notoriedade, como Cornélio, chefe de uma tropa com 100 soldados romanos, que provavelmente também governava a província onde vivia. Também não é a descoberta de que o cristianismo não é a religião de incultos apenas. Tendo em vista a provável formação intelectual privilegiada do centurião.
A grande notícia desta história é que Deus não privilegia ninguém. Não há uma panelinha do céu. Não existem os “bam-bam-bans” de Deus. Deus busca a todos. Deus está definitivamente aberto a todos. Um Deus que escolhe a quem se revelar é um Deus dos escolhidos, sem chance sequer de ser um outro Deus. O Deus dos escolhidos é um deus prisioneiro. O Deus que Lucas quer que conheçamos é o Deus de todos os homens e mulheres. Lucas nos apresenta em Cornélio à liberdade de Deus, agora experimentada por Pedro e seus companheiros de viagem.
“Então Pedro começou a falar: “Agora percebo verdadeiramente que Deus não trata as pessoas com parcialidade, mas de todas as nações aceita todo aquele que o teme e faz o que é justo.” (34-35)”.
O que significa que Deus, por modos que não podemos listar exaustivamente, se revela a todos. Ninguém fica prejudicado pela revelação de Deus. Mas algumas pessoas o recebem e outras não. Alguns o experimentam e outros não. Por que?
Uma suposição. Algumas pessoas se desimpedem para Deus. Alguns ousam viver diante de um Deus livre. O texto sugere que havia em Cornélio uma postura que o tornou desimpedido para Deus. Revela também uma postura em Pedro que o tornara impedido para Deus, até então. Ambos experimentam a liberdade divina. Eu diria que Pedro é liberto pela liberdade de Deus enquanto assiste ao espetáculo de um não religioso experimentando Deus com intensidade inquestionável.
“Havia em Cesaréia um homem chamado Cornélio, centurião do regimento conhecido como Italiano. Ele e toda a sua família eram piedosos e tementes a Deus; dava muitas esmolas ao povo e orava continuamente a Deus. Certo dia, por volta das três horas da tarde, ele teve uma visão. Viu claramente um anjo de Deus que se aproximava dele e dizia: “Cornélio!” Atemorizado, Cornélio olhou para ele e perguntou: “Que é, Senhor?”O anjo respondeu: “Suas orações e esmolas subiram como oferta memorial diante de Deus.”
A maneira como Cornélio vivia o tornara mais sensível à liberdade de Deus. Acredito. Longe de mim, afirmar que o único modo pelo qual Deus se revela é este. Basta olhar para o enorme mosaico do agir de Deus na vida das personagens bíblicas. Ao contrário, essa história não é um padrão, ou mais um padrão a ser acrescentado ao nosso catecismo. Esse episódio é um não-padrão. É um contraponto. É Deus correndo por fora! Deus além-quintal da igreja ainda incipiente. Daí a resistência de Pedro mesmo em êxtase. Daí o susto de Pedro mesmo depois do êxtase.
É óbvio que não podemos tratar Cornélio como fazem alguns, alguém que até se encontrar com Pedro era ‘ímpio’, ou que se ‘converteu’ e ainda pior, que deixou de ser ‘ímpio’ depois de ouvir o sermão do evangelho de Pedro. Essas tentativas são coisas dos que insistem no deus prisioneiro, apavorados que ficam com a liberdade de Deus. Não percebo isso no texto. Não há um testemunho assim no texto. Ao contrário, o testemunho do texto é que Deus é com os não-judeus como foi com os judeus.
Vejo Cornélio como um chamado para mim. Ele é um convite divino para conhecer Deus pela sua liberdade e não pelas minhas suposições.
TINHA UMA VIDA COM DEUS MAIOR QUE A VIDA COM A RELIGIÃO.
Lucas começa a história nos contando o que a torna surpreendente. Cornélio era alguém que já amava a Deus antes de se envolver com os aspectos religiosos de amar a Deus. A expressão usada por Lucas não é casual:
“Ele e toda a sua família eram piedosos e tementes a Deus; dava muitas esmolas ao povo e orava continuamente a Deus.” (2)
Isto significava que mesmo sem ser judeu, ele reconhecia e buscava o Deus dos judeus. Mesmo sem ser circuncidado, sem guardar o sábado, sem praticar os ritos do judaísmo, Cornélio era alguém com genuína relação com Deus. Os não judeus convertidos ao judaísmo eram chamados de judeus prosélitos. Os não judeus que buscavam ao Deus dos judeus sem se converterem ao judaísmo eram chamados de tementes a Deus.
Veja, em nenhum momento o texto sugere um fechamento, ou uma negação em Cornélio da religião. Muito menos eu quero dizer algo parecido com isso, o que seria uma enorme contradição, visto ser eu um homem da religião, que sou pastor.
O que a narrativa de Lucas quer que compreendamos é a prioridade que a vivência com Deus tem sobre a vivência com a religião. E o que me assombra é o fato de invertermos essa prioridade com muita freqüência. Isso acontece quando a nossa vida religiosa, ou as programações da religião e suas obrigações se tornam o pouco da nossa vida que tem a ver com Deus. Fora do momento religioso ficamos com poucos vestígios de Deus.
Se meditamos sobre a vida à luz das Escrituras é graças ao momento do sermão;
Se oramos é porque o clérigo o faz coletivamente;
Se temos palavras de gratidão e celebração é porque cantamos na igreja;
Se abençoamos o próximo com palavras e abraços é porque o moço do louvor insiste para fazermos isso;
Se nos emocionamos com as coisas de Deus é porque sempre tem alguém contando alguma história inspirativa.
O que sobra de Deus na minha vida quando não estou nos ambientes da religião? Não seria esse o pior ateísmo? Esse que se veste de crente? No íntimo vive como se Deus não existisse। Quando tira a roupa de crente não sobra nada de Deus. Fora o momento religioso, não há Deus. Esse é o pior e verdadeiro ateísmo.
fonte
_http://elienaijr.wordpress.com/2007/06/05/75/

Fé sem show

Por volta das 15h, uma equipe de investigadores da 1ª Delegacia de Polícia Civil (1ª DP) aguardava apenas o fim de um culto em frente ao templo da Igreja Internacional da Graça de Deus em Santa Maria, na Rua Professor Braga, para cumprir uma missão que nada tinha a ver com orações ou fé.O trabalho do grupo era prender um auxiliar de pastor - ou ministro, como a função também é chamada na igreja -, acusado de abusar sexualmente de uma criança de 9 anos e corromper uma adolescente de 15.Juliano Mateus Scherer, 22 anos, que está na cidade há poucas semanas, teria cometido os crimes em Panambi e estava sendo investigado desde março.O principal fundamento para a decisão da juíza foi de que o religioso, caso não fosse preso, poderia se utilizar de sua condição de auxiliar de pastor para abusar de outras crianças e adolescentes. Ainda, segundo a magistrada, o réu poderia encontrar os mesmos estímulos para (...) praticar novas "coisas do diabo", como ele mesmo se referiu à policia de Panambi quando foi interrogado.Até ontem, nenhum advogado havia sido escolhido para defendê-lo no caso. O pastor regional e responsável pela estada do acusado em Santa Maria, Clairton Maciel Guedes, disse que "o departamento jurídico da igreja está averiguando o caso, mas que tudo que está sendo alegado não é verdade".fonte: Guia Digital / Gospel +
-Única Verdadeira Igreja em Cristo -

A Igreja Católica é, sempre foi e sempre será a "única verdadeira igreja de Cristo". A afirmação faz parte de um documento divulgado nesta terça-feira pelo Vaticano, que tenta esclarecer o que chama de "interpretações desviantes e em descontinuidade com a doutrina católica tradicional sobre a natureza da Igreja".O texto desta terça-feira comenta um trecho do documento Iumem Gentium, do Concílio Vaticano II (1962-1965). Naquela ocasião, o Vaticano divulgou que a única igreja de Cristo "subsiste" na Igreja Católica. O novo texto, divulgado pela Congregação para a Doutrina da Fé, diz que a palavra subsistir foi usada para "exprimir a singularidade e não a multiplicabilidade da Igreja de Cristo". "A Igreja existe como único sujeito na realidade histórica", afirma o documento.Intitulado "Repostas a Questões Relativas a Alguns Aspectos da Doutrina Sobre a Igreja", o texto divulgado pelo Vaticano também lembra da notificação feita pela própria Congregação para a Doutrina da Fé ao teólogo brasileiro Leonardo Boff, que escreveu que a igreja única de Cristo "pode também subsistir noutras igrejas cristãs". Na época, Boff foi punido pela afirmação.A Federação das Igrejas Evangélicas na Itália e a Igreja Valdese criticaram o documento divulgado pelo Vaticano. "É um passo atrás nas relações entre a Igreja Romana e as outras comunidades cristãs", afirmou o pastor Domenico Maselli, presidente da Federação de Igrejas Evangélicas na Itália.O pastor protestante acrescentou que, para a Santa Sé, o único modo de conseguir a unidade dos cristãos "seria entrar na Igreja Católica Romana". Apesar das críticas, Maselli se mostrou a favor de dar continuidade ao diálogo ecumênico.Para a Igreja Valdese, o documento demonstra a "idéia monopolista do cristianismo" que a Igreja Católica tem, uma idéia "que irrita e é difícil de digerir". "É um duro ataque à identidade dos outros, uma verdadeira e própria negação", afirmou o teólogo Paolo Ricca à imprensa italiana, afirmando que o tratamento que a Santa Sé dá às Igrejas que surgiram com a Reforma Protestante é de "terceira categoria".fonte: Veja Online

12/07/2007

Sociedade : Relatora diz que processo contra Mário de Oliveira não será engavetado
Publicado por Redação em 5/07/07
Solange Amaral (DEM-RJ), relatora do processo em que o deputado Mário de Oliveira (PSC-MG) é acusado de ter contratado matadores profissionais para assassinar um colega parlamentar, disse ontem que o caso não será "engavetado", pois a denúncia é "seríssima".
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Segundo ela, cabe ao Conselho de Ética da Câmara defender a Casa em meio à crise política. Determinada a concluir o relatório até setembro, Solange Amaral disse que: "Não pode haver a condenação prévia nem engavetamento". A deputada afirmou ainda que pretende ir ao STF (Supremo Tribunal Federal) para buscar orientações."O caso é muito grave. Estou analisando os documentos. Ainda espero receber mais material, mas posso dizer que a denúncia é seríssima", afirmou ela. "Cabe ao Conselho de Ética defender o Parlamento em todos momentos, inclusive o atual."Oliveira foi acusado pelo deputado Carlos Willian (PTC-MG), de quem foi amigo por 20 anos, de ter planejado sua morte. De acordo com Willian, um policial civil de São Paulo informou que havia sido descoberto um plano para matá-lo. Nas investigações, um dos suspeitos teria confessado que seguia orientações de Oliveira.A relatora solicitou ontem ao STF (Supremo Tribunal Federal) e ao TJ-MG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais) informações sobre denúncias envolvendo Mário de Oliveira. No dia 12, o deputado será ouvido pelo Conselho de Ética. Antes ele terá apresentado sua defesa por escrito.As denúncias foram parar no plenário da Câmara, quando Oliveira e Willian contaram suas versões sobre o episódio. Oliveira negou as acusações, afirmando ser "contra até matar passarinho".O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), determinou a instalação de uma comissão de sindicância, comandada pelo corregedor-geral, deputado Inocêncio de Oliveira (PR-PE), para investigar o assunto. Paralelamente o PTC, partido de Willian, entrou com representação contra Oliveira no Conselho de Ética por quebra de decoro parlamentar.Fonte: MidiaMax

Fonte http://www.overbo.com.br/modules/news/article.php?storyid=3844
Eu ainda sonho com uma igreja...
Queridos, peço que leiam o texto abaixo conferindo com as Escrituras os textos bíblicos mencionados... deixe a Bíblia falar...Estou há algum tempo sem escrever. Muitos são os motivos... trabalho... estudos... encontros com pessoas queridas para estudar a Palavra, etc...Mas o grande motivo é que eu mesmo me impus uma reclusão. Sabe quando você sente que quer mas não é a hora ? Fiquei, então, numa espécie de mosteiro moderno, sem clausuras, sem claustros, sem celas. Apenas eu e minha consciência, fechados em mim mesmo e em constante contato com Aquele que é em mim e eu nele. Foram dias de meditação, de ouvir (e como é bom ouvir sem ter a obrigação de falar!), de ler... enfim, dias de visitação, dias de diálogo intenso.Hoje (21/08/2003), sinto que começa um novo momento, diria até mesmo uma nova vida. Volto a sonhar... e a sonhar com uma igreja... Sonho com uma igreja onde a Palavra tenha a primazia. O grito reformado de SOLA SCRIPTURA reverbera em meus ouvidos, com o som de vozes martirizadas pela verdade das Escrituras. Sonho com uma igreja onde a Palavra volte a ocupar o centro (Jo 17.17), onde tanto a pregação quanto a música sejam encharcadas de verdade bíblica (1 Co 14.15), e não de invencionices humanas. Em meu sonho percebo a alegria do re-encontro com a voz de Deus, amiga, suave, a permear todo o ambiente onde a igreja estiver reunida, pois onde se reúnem os “templos”(nós) ali está a Igreja (Mt 18.20).Sonho com uma igreja sadia pelo ensino coerente das Escrituras Sagradas, onde esquisitices e maluquices são tratadas como o que realmente são: esquisitices e maluquices. Não se dá margem a unções novas, senão a unção que já temos no Santo de Deus (1 Jo 2.27). Não se ensina aquilo que não é bíblico pelo simples fato de, exatamente, não ser bíblico. Aquilo que é relativo em mim deve se curvar diante do absoluto da Palavra de Deus. O que sinto não sobrepõe o que leio nas Escrituras. Seja Deus verdadeiro e todo homem mentiroso, inclusive eu, quando o que ACHAR não for o que a Palavra REALMENTE diz (Rom 3.4)Sonho com uma igreja onde o pastor não é nada mais que um irmão revestido por Deus de um DOM para o crescimento da mesma. E desejo ser pastor um dia (1 Tm 3.1). Que eu mesmo testemunhe contra mim um dia se não for um pastor como o que sonho. Que haja fidelidade ao Deus que vocaciona e capacita. Que haja humildade para reconhecer que toda a capacidade vem dEle e não de mim mesmo (Rom 12.3). Que haja coerência entre o falar e o viver (Mt 5.37). Que eu não me torne pesado para os irmãos e, se for preciso, que aprenda a “fazer tendas” (2 Co 11.9; At 18.3)Sonho com uma igreja que tenha problemas, mas que aprenda com eles (Rom 5.3-5). Que haja graça no lidar com os que caem (Gl 6.1), sabendo que é pela graça que somos o que somos, e que a graça nos nivela sob o sangue de Cristo. Que ninguém seja “punido”de seus erros, mas corrigido com brandura para que o nome de Cristo seja exaltado na reedificação deste irmão (Tg 5.19-20). Sonho com uma igreja que deixe de ser um tribunal para ser um hospital, onde os feridos são cuidados com amor e que, por esse amor, aprendam a amar e se firmem no Deus que é amor! (1 Jo 4.8).Sonho com uma igreja que faça da oração uma simples conversa com o Ser amado. Nada de exigências, nada de ordens, nada de decretos. Que, ao contrário das manifestações triunfalistas, nossas angústias e ansiedades sejam lançadas sobre Ele (I Pd 5.7), sabendo que Seu cuidado é real. Que sejam orações sinceras, sem máscaras e sem farisaísmo, simplesmente que o nosso quarto seja o lugar de oração, não as praças públicas (Mt 6.5-6). Ninguém precisa saber que eu oro, mas que todos percebam de forma inequívoca que tenho comunhão com Aquele que é o Senhor.Sonho com uma igreja onde não seja preciso apelos constantes à contribuição, mas onde a graça de Deus abunde nos corações de tal forma que o contribuir deixe de ser uma “carga” para ser um momento de festa, de alegria, pois é a esse momento que Deus aceita e ama (2 Cor 9.7). Que as necessidades dos irmãos sejam supridas em amor, mas também em gestos (Tg 2.15-16), sabendo que naquilo em que ajudo o meu irmão necessitado, a Deus mesmo o faço (Mt 25.40).Sonho com uma igreja em que o culto seja vivo, mas não irracional (Rom 12.1). Uma igreja em que o culto seja tão suave como uma melodia clássica, mas tão impactante como uma marcha nupcial. Um ambiente onde quem já é salvo sinta-se em família, de verdade, sem títulos (ninguém em casa chama um irmão de “irmão” – irmãos se chamam pelo nome, ou apelidos carinhosos, mas nunca por “títulos”). Onde quem não é salvo queira conhecer a Deus simplesmente pela beleza do amor demonstrado entre os que ali estão (At 2.47).Sonho com uma igreja onde o louvor seja algo espontâneo, onde haja liberdade para a adoração, mas que haja espírito e verdade (Jo 4.24). Que seja adoração em espírito, pois Deus é Espírito, mas que também seja adoração em verdade. Em verdade humana e em verdade bíblica. Que quando eu cantar para o meu irmão: “eu sou um com você...”, eu realmente seja assim, senão não é “em verdade”, e que seja uma verdade da Palavra, pois se não for assim, é adoração mentirosa. E que não seja preciso animadores de auditório e nem instrumentos sagrados para me levar ao “êxtase”, mas que a simples presença daquele que é digno de ser adorado me encha o coração e a boca, e que Ele se agrade do meu louvor, como cheiro suave.Sonho, ainda, com uma igreja que celebre a ceia na esperança da volta do noivo, como uma mulher amada espera pelo seu amado ao anoitecer (1 Cor 11.26). Que haja alegria no partir do pão e no beber do vinho, pois não temos como participar da mesa que celebra a morte sem lembrarmos que a mesma morte foi vencida (Lc 24.5). Celebramos a ceia como um menino que relê um livro: já sabemos o final da história. E se ele venceu a morte, como tinha prometido (Mt 20.19) é certo que voltará um dia para nos buscar, como prometeu (Jo 14.3). Maranata, vem Senhor Jesus!Há muitos outros sonhos...Por enquanto... estes são o que quis compartilhar...Vamos sonhar juntos ?
Com amor,
José Barbosa Junior – um sonhador

fonte www.crerepensar.com.br

Ainda vale a pena sonhar, embora a realidade seja tão diferente.

08/07/2007


Satanás, o convidado!

Por José Barbosa Junior


É isso mesmo! O grande convidado para o show do Diante do Trono no Rio de Janeiro deve ser Satanás.Por que isso? Porque a Ana Paula Valadão fez uma música só pra ele (será que tem espaço reservado pra ele na área VIP?)... Ele será muito mal educado se não aparecer...
Estão duvidando?
Vejam essa parte da entrevista da Ana Paula...
4- Existe alguma canção deste CD com a qual você mais se identifica ou mais fala com você?Para mim é complicado escolher uma ou outra, pois foram geradas em meu coração como filhos! Mas posse destacar uma, que é Mais que vencedor. Nasceu em uma madrugada em que eu estava irritada com tantas afrontas de satanás. Eu compuz, pela primeira vez, uma música para ele. Eu fiz questão de falar, zombar, e declarar que se ele pensa que eu vou parar, é melhor ele desistir. Maior é o que está em mim. Agora é esperar pra ver se ele vai aparecer por lá...
Ou será que ele estará muito ocupado (segundo os “evangélicos” de plantão) em Copacabana, no Live Earth ?
É isso aí!!!
Com profunda perplexidade,
José Barbosa Junior – com saudades do tempo em que se faziam músicas para Deus somente!!!

Fonte http://www.crerepensar.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=156&Itemid=26

07/07/2007

Meu pentecostalismos revisitado-

texto de Elienai Cabral Junior.
Sou a terceira geração de pastores em minha família. Meu avô materno, hoje jubilado, é pastor da Assembléia de Deus no interior do Rio de Janeiro. Meu avô paterno, já falecido, pregou sua última mensagem (“A que vieste?”) na Assembléia de Deus em Curitiba, onde encerrou sua trajetória ministerial, a três dias de sua partida para o Senhor. Ambos marcaram seus ministérios com uma pregação consistente, criativa e antecedida de pesquisa e elaboração textual. Do meu avô materno, José Carlos Lessa, carrego a impressão de uma pregação professoral e cartesiana. Do meu avô paterno, Osmar Cabral, sua eloqüência e paixão, que o levaram aos ‘pulinhos’ empolgados, foram traços que não o impediram de pregar com gravidade e conteúdo.Meu pai é pastor no Distrito Federal. Não o conheci em outro ofício senão o do púlpito. Quando nasci, meu pai já viajava o Brasil pregando e promovendo as famosas ‘cruzadas evangelísticas’, “Cruzadas Boas Novas”, protagonizadas pelo Evangelista Bernardo Johnson Jr. À frente da geração anterior, tanto quanto da sua própria, cursou teologia. Escreveu livros, e ainda o faz. Tornou-se uma referência da teologia assembleiana no Brasil. Conseguiu reunir a eloqüência, elaboração intelectual e a criatividade em sua produção pessoal. Seu escritório é uma escandalosa biblioteca. Minha mãe, não poderia deixar de incluir sua presença influente em minha história de pentecostalismo, imprimiu em mim a obsessão pela coerência, um criticismo agudo e insistente, o gosto pela língua bem falada e escrita e uma leitura da fé sem os moldes da teologia sistemática.Curiosamente, a presença dos livros e a pregação antecedida de pesquisa e elaboração foram parceiras das experiências do tipo pentecostal. Este ambiente de reflexão e espírito inventivo, inusitado para o pentecostalismo, tão intuitivo e passional, não prescindiu das mais legítimas manifestações carismáticas. Cresci ao som de línguas estranhas, promessas derramadas em nossa família por profecias do tipo “Eu, o Senhor teu Deus, falo contigo...”, curas físicas, milagres financeiros, cultos graves e intensos, de tão gloriosa presença do Espírito Santo. Como esquecer o dia em que depois de comer pão coberto com banha de porco e açúcar, por absoluta falta de alternativas, fomos surpreendidos por um amigo da família carregando compras para dentro de casa, porque Deus falara ao seu coração? Como perder a memória da reunião de mulheres na casa de alguém, em que fui batizado com o Espírito Santo, falando em línguas pela primeira vez aos nove anos de idade? Carrego o legado pentecostal nas minhas lembranças de como Deus tornou-se conhecido para mim.Entrei em contato com o pensamento teológico organizado através dos diversos seminários, que duravam uma semana, ministrados pelo meu pai em seu Ministério Cristocêntrico: As Setenta Semanas de Daniel, O Apocalipse, Carta aos Romanos, A Juventude Cristã e o Sexo. O Batismo com o Espírito Santo e os Dons Espirituais e outras dezenas. Ajudava na organização, inscrições, distribuição de apostilas, certificados. Mas o que gostava mesmo era de sentar entre os participantes, caneta na mão, apostila, Bíblia e uma mente adolescente deslumbrada com a sabedoria do pai e a grandeza de tudo o que ouvia (‘Como pode caber tanta coisa na cabeça de um homem só?!’)Junto a tudo isso, o ardor evangelístico. Ninguém pedia, mas aos sete e oito anos de idade distribuía folhetos na rua em frente ao prédio onde morávamos em São Vicente, litoral paulista. Um monte de gente passava por ali em certo dia da semana, em direção à feira livre da rua vizinha. Carrego uma memória preciosa do dia em que “ganhei a minha primeira alma para Jesus!” Foi o que gritei quando entrei em casa exigindo que minha mãe me desse uma daqueles livros que se dava para um recém convertido. Do livro não esqueço, nem do título e do autor, De Coração para Coração de Alcebíades Vasconcelos. Desci a escadaria correndo, livro na mão, coração quase saindo pela boca, lágrimas nos olhos. Entreguei o livro e o endereço da igreja na mão do rapaz. Não me pergunte por ele. Nunca mais o vi. Mas ali, de uma forma linda, Deus forjava em um menino o ímpeto pastoral.Tive um amigo do qual não consigo esquecer. Natanael Rinaldi, um homem apaixonado por vidas e evangelismo. Imagino que ele deveria ter na época mais de quarenta anos de idade. Três vezes na semana, terça, quinta e domingo, à tarde, buscava-me no mesmo endereço que acabei de relatar. Íamos para cultos ao ar livre, hospitais, orfanatos, casas, ruelas. Bíblia de baixo do braço, um maço de folhetos na mão e os olhos dilatados pelo deslumbre de ser um evangelista. A primeira vez de um pregador ninguém esquece. Meu querido amigo avisou-me que eu “daria uma ‘palavra” no culto ao ar livre. Não lembro do que falei. Mas já tinha aprendido com meu pai a andar sempre preparado para uma oportunidade. O que não consigo esquecer é a minha alegria ao dar a notícia ao meu pai de que tinha pregado pela primeira vez. Em seguida, tornei-me um “pregador mirim”. Aonde meu pai fosse pregar, arrumava um jeitinho de “dar uma palavrinha”. A imagem da igreja “em chamas” encantou-me. A vozinha esganiçada de menino vociferava jargões inflamados. Davam-me três minutos e o “fogo” estava atiçado. Cheguei a acreditar que eu fosse realmente muito bom. Mas bom mesmo era aquele povo apaixonado por qualquer expressão mínima de fé.Subi morros em Niterói, cidade do Estado do Rio de Janeiro. Vi gente possessa por demônios bolar no chão poeirento das clareiras entre os barracos de favelas. Gente opressa por demônios (e por gente, hoje eu sei). Lembro de, aos nove ou dez anos, ter uma mulher diante de mim, depois de rolar de dentro do seu barraco até o centro da roda do culto onde estávamos cantando e pregando, estrebuchando aos berros. Com medo, mas devidamente treinado por tudo o que já tinha visto, baixei com as mãozinhas sobre a sua cabeça e, junto com todos os outros, berrei a ordem de expulsão dos espíritos que ali estavam.Em minha adolescência, assisti a muitas transformações do ambiente pentecostal. Muitas tradições começaram a ruir, principalmente as estéticas. As mulheres agradeceram. Roupas, cabelos e adereços sofreram as mudanças inexoráveis do mundo moderno. Apesar de ainda hoje encontrarmos guetos de resistência. A estética do culto também mudou, por pressão de uma juventude ansiosa por se expressar. Igrejas pentecostais novas surgiram. Empolguei-me quando descobri uma tal de Assembléia de Deus Betesda em Fortaleza, Ceará. Tirou-me o fôlego, aos quinze anos, depois de um culto pontuado por uma exposição densa da Bíblia e muito quebrantamento, acompanhar os jovens da igreja à beira-mar, onde tomamos sorvete, cantamos louvores em roda na areia da praia e evangelizamos todos os que pudemos. Redescobri o prazer do culto, aprendi a ler com paixão a Bíblia, a orar com freqüência com jovens vindos das drogas e de uma sexualidade pervertida para o Senhor Jesus. “Dancei no espírito”. Freqüentei acampamentos. Participei de “louvorzões”. Escandalizei os mais velhos. Mas continuei junto com tantos outros dentro da igreja. Um pentecostalismo já mudado emergiu em minha geração.Hoje, sou pastor de uma dessas tantas ‘Betesdas’ espalhadas pelo Brasil. Além de cursar Teologia no mesmo seminário que meu pai(apesar de minha passagem ser marcada por algumas convulsões de comportamento e teologia), formei-me em Filosofia. Mantive o gosto pela leitura que aprendi em casa. Bebo freqüentemente das memórias deixadas por meus avós e pais. Mas pastoreio uma igreja distinta da igreja que eles pastorearam. Meu mundo mudou assustadoramente. E o pentecostalismo também.Convivo com irmãos que experimentaram o que eu também experimentei no passado. Muitos vivem vergados de culpa. Tentam explicar porque não vivenciamos o fervor de outrora. Porque os dons não se mostram como antes. Nossos cultos tornaram-se diferentes em todos os sentidos. No entanto, não consigo sentir-me nem culpado e nem participante de algo inferior. Apenas vivemos um tempo distinto. O pentecostalismo sofreu mudanças. Alguns valores preciosos se transviaram em vícios vexatórios para a igreja. Mas algumas transformações simplesmente seguiram o curso natural da vida. Diante disso, sinto necessidade de pensar os tropeços pentecostais, além das boas memórias já visitadas. Como também de indicar um caminho possível e necessário para revisitar nosso pentecostalismo.Até aqui me referi apenas à herança bendita do pentecostalismo. Preciso também me lembrar do que carrego com lamento, ainda de minha infância.Não demorou muito para descobrir nas aflições de meu pai o que bem depois compreendi com mais precisão. O mundo pentecostal estava profundamente comprometido com uma prática de poder perversa. Perdi a conta das vezes em que meu pai aguardou a chance de pastorear uma igreja no vasto Brasil assembleiano. Recordo-me de alguns detalhes que faziam parte das muitas histórias de decepção. O povo da igreja, admirador de meu pai, tentava se articular de muitas formas contra os movimentos invisíveis dos bastidores políticos. Meu pai ouvia promessas de que tudo seria justo e que ele seria lembrado. No entanto, alguém sempre, por meios questionáveis, conseguia descartá-lo a despeito da vontade popular e impor outro que compusesse interesses políticos maiores. Foram muitas as vezes que vi meu pai chorar, minha mãe consolá-lo e ele, teimosamente, acordar no dia seguinte com a mesma capacidade de continuar sonhando e acreditando em um dia em que seria reconhecido o seu valor.Também ouvi as tantas conversas sobre os tantos “esquemas” para que alguém se perpetuasse à frente de uma igreja, de uma supervisão, de uma convenção, ou mesmo da Convenção Geral das Assembléias de Deus (CGADB). Histórias como a de um porteiro que recebeu credencial de pastor de última hora para ajudar a eleger como presidente da convenção um certo líder, ouvi com uma freqüência vergonhosa. Coisas como estas foram ensinando ao meu coração, à minha inconsciência de então, o que hoje discirno com lúcida consciência, que o poder pentecostal confundiu-se rapidamente com um outro poder, articulado por gente que aprendeu a amar títulos, mando e prestígio humano.Minha primeira tentativa de explicação é que o poder pentecostal comportou-se como uma habilitação para o desempenho de tarefas tão somente. Gente com poder faz mais e melhor. A conclusão óbvia foi que apenas os que recebessem tal virtude, o Batismo com o Espírito Santo, sinalizado primeira e necessariamente com a fala prodigiosa de línguas estranhas, teriam legitimidade para o exercício ministerial. Receber “poder” transformou-se em ter “poder”, legitimidade de mando e prestígio diante dos demais. Uma vez falando em línguas, o próximo passo era ser diácono. Vi tanto crente devoto e talentoso amargar o desprestígio diante da igreja! Vi tantos irmãos sinceros impedidos de desenvolverem ministérios na igreja porque não falavam em línguas! Também vi tanta gente de conduta questionável exercendo o mando apenas porque um dia falou em línguas estranhas! As disputas de poder, busca de títulos, hierarquização dos ministérios são características fortes e inegáveis dos ambientes pentecostais clássicos.Mas, uma outra característica, esta mais recente e escandalosa, é a do envolvimento de líderes pentecostais com as disputas políticas seculares. Desde a Constituinte de 1988, nós pentecostais não conseguimos ficar de fora da lista de nenhum grande escândalo da vida pública. Negociações indecentes com forças políticas têm sido freqüentes na recente história pentecostal. Contam-se como piadas de crentes as participações de certos líderes políticos em cultos evangélicos, que não se intimidam em saudar os crentes com “a paz do Senhor” e proferir os jargões devidamente ensinados por seus assessores. Novamente, aqueles que foram ensinados a buscar o poder do Espírito, com estranha facilidade passaram a buscar o poder político.Sofremos a mesma tentação de Jesus no deserto, “tudo isso te darei se prostrado me adorares”. O Cristo, cheio do Espírito no batismo do Jordão, prestes a percorrer o mundo com o evangelho, recusou-se a confundir o poder pelo qual veio com o poder político oferecido pelo Diabo. Jesus venceu, “somente a Deus adorarás, somente a Ele prestarás culto”. Nós pentecostais prostramo-nos diante do Maligno ao amarmos e promovermos este outro poder. Estamos no Congresso Nacional há duas décadas, mas não mais temos como emblema a integridade moral. Hoje, a bancada evangélica é vista como um dos grupos mais corruptos no trato com a coisa pública. Prostramo-nos também e de vergonha diante do povo brasileiro.Outra leitura que faço é a da cria indesejada do pentecostalismo, o neopentecostalismo. Aqui me arrisco de novo em uma explicação. O neo-pentecostalismo nasceu do adiamento pentecostal da reflexão. Digo adiamento, porque não questiono a ausência de vocação para refletir de qualquer novo fenômeno religioso. A história ratifica o fato. Mas a dificuldade de se reinventar como movimento, a rigidez postergada da irreflexão ocasionou uma fissura do tamanho do neopentecostalismo.As manifestações derivadas do neopentecostalismo cada vez mais bizarras e cada vez se substituindo mais rapidamente por outras, marca da lógica de mercado, foram recebidas com fluência no ambiente pentecostal clássico. Ávidos pelo poder em sua expressão mais performática, inconformados com a perda do fenômeno pentecostal das primeiras décadas, nós pentecostais tornamo-nos presas fáceis para a chamada teologia da prosperidade e movimentos da fé de origem norte-americana. Rapidamente nosso pentecostalismo migrou do fervor missionário para o êxtase narcisista. Lotamos auditórios para assistirmos o espetáculo de ilusionistas religiosos derrubando no chão crentes sugestionáveis. Escancaramos nossas portas para ouvir com ingenuidade pregadores influenciados pelo neognosticismo originado na Ciência Cristã, também exportado pela cultura evangélica norte-americana. Alguém já disse que os alemães inventaram a teologia, os americanos estragaram e nós consumimos!Diante disso, proponho uma revisão de nossa pentecostalidade. Precisamos aprofundar o sentido de poder quando falamos do poder do Espírito. Enquanto movimento, o pentecostalismo não precisou fazer algumas reflexões. O fenômeno freqüentemente prescinde de reflexão. Mas o desenrolar do tempo encerrou o fenômeno, o que também é constituinte de um movimento, assim como foi no primeiro século da igreja cristã. O mundo mudou, nossas práticas mais antigas tornaram-se inócuas. Nossa linguagem expirou sua comunicação. Nossos cultos não reproduzem com naturalidade as mesmas experiências do passado. Toda reedição forçosa de um fenômeno espiritual torna-se artificial, efêmera e tende a descambar em manipulação inescrupulosa.Proponho uma arqueologia de nossa alma pentecostal. Sem medo de descobrir o que hoje pode ser apenas um fóssil esquecido de nossas origens. Desconfio que “o poder pentecostal” é este fóssil de nossa espiritualidade a ser reencontrado. Acredito que o “elo perdido” de nossa pentecostalidade é a prática deste outro poder fossilizado por nossas buscas de expressão social e política. Cabe-nos parar. Pensar e converter-nos ao primeiro amor. “Volte para o lugar onde caístes”.Como emblema do nosso pentecostalismo, o falar em línguas pode ser o ícone deste movimento aqui revisitado. Façamos do falar em línguas nosso ponto simbólico de reflexão e construção deste novo pentecostalismo. Dentro do discurso tradicional da doutrina pentecostal, o falar em línguas estranhas, a glossolalia de Atos 2, é o primeiro sinal necessário e evidência do Batismo com o Espírito Santo. As línguas estranhas são o fenômeno da segunda benção. Esta por sua vez, distinta da salvação, sujeita e posterior a ela, é o componente carismático de Deus para o cumprimento da tarefa missionária da igreja (At 1.8). A conclusão imediata da doutrina pentecostal é que ninguém está plenamente apto para o exercício ministerial sem o batismo com o Espírito Santo e este evidenciado pelo falar em línguas. Como também, o sinal de línguas, freqüentemente diferenciado pelos manuais pentecostais do dom de línguas, é a porta de entrada dos dons espirituais listados por Paulo(1Co 12).A relação óbvia das línguas com o poder precisa ser enxergada na prática pentecostal. Quem fala em línguas tem poder. Os que ousam discutir a relação necessária do Batismo com as línguas ouve a questão sempre: mas como saber se alguém foi ou não batizado sem as línguas? Para conferir o estatuto de competência espiritual ao então batizado com o Espírito Santo precisamos de uma evidência forte. Para promovê-lo à elite dos contemplados pelo poder carecemos de uma indicação indiscutível. O que novamente indica que o falar em línguas alça o indivíduo à categoria dos que podem em detrimento dos que não podem. O critério de conferir cargos eclesiásticos ao que fala em línguas aprofunda a relação línguas-poder. E o faz de forma mais grosseira, porque agora quem fala em línguas é promovido na hierarquia de poder. Diácono, presbítero, evangelista e pastor, os homens do mando têm que carregar a chancela das línguas estranhas.Lembro de falar em línguas pela primeira vez aos nove anos. O prodígio inexplicavelmente não se repetiu mais pelos próximos anos. Aos quinze, sofria por não falar em línguas. Entenda o que se passava em minha mente adolescente. Sonhava com o ministério pastoral. Mas não falar em línguas esbarrava meus planos. Cada apelo ao final do culto deixava minhas mãos molhadas, o coração em taquicardia. Ia à frente buscar novamente o batismo, mas voltava para o meu lugar decepcionado. Resolvi fazer um jejum de vinte e quatro horas, às vésperas de um final de semana com cultos de avivamento em nossa igreja. Um pastor norte americano seria o pregador. Na sexta-feira lá estava eu encerrando o meu jejum no culto. Ouvi a pregação com a certeza de que daquele dia não passava. Minha sorte mudaria. No apelo lá estava eu em uma das duas filas formadas nos corredores da igreja, percorrida pelo pregador que, um a um, impôs as mãos e rogou a Jesus o Batismo com o Espírito Santo. Minha vez chegou. Orou, orou e nada. Passou para o próximo e deixou-me arrasado. Desconfiei de meu valor. De minha vocação. Do meu sonho de um dia pastorear. Voltei para o banco. Lá estavam meus colegas ansiosos pela minha volta. A pergunta: e aí? A resposta envergonhada: não deu! Uma irmã do lado, com uma cara de revolta, olhou para mim como que me fuzilando: Como é que pode? Nem depois de jejuar você foi batizado? Ah se eu pudesse sair correndo para bem longe dali. Tempos depois voltei a falar em línguas. Não consigo me lembrar como aconteceu. Simplesmente apagou-se de minha memória. Apenas sei que um dia me dei conta de que falava em línguas estranhas. E o faço até hoje com gratidão a Deus.Com muita freqüência ouço desabafo de pessoas aflitas dentro da igreja. Sentem-se excluídas por Deus da benção do Espírito Santo. São crentes leais. Homens e mulheres íntegros e apaixonados por Deus. Ouço de homens que morreram sem realizarem o sonho do exercício ministerial por também não terem sido contemplados pelo Batismo.Esta perspectiva cria algumas situações no mínimo ridículas. Pessoas que falam qualquer coisa que se pareça com o que ouvem de outros. Assovios. Grunhidos. Glórias a Deus repetidos freneticamente até que se tornem impronunciáveis. – Fala “glória” bem rápido, irmão! Glu, glu, glu. Outros são ensinados a repetir o que estão ouvindo. Faz-se qualquer negócio para estar entre os abençoados. Para ser contado entre as mãos que se levantam e fornecem os números alvissareiros do pregador.Há os pregadores que descobrem fórmulas de como levar o povo ao Batismo. Em um dia desses, um amigo confidenciou-me seu segredo avivalista: - Conto muitos testemunhos e depois ensino às pessoas que peçam uma vez só e depois apenas louvem e glorifiquem a Deus. É tiro certo! Perguntei-lhe: mas e o Espírito Santo? E o nosso relacionamento pessoal com Jesus? Se não fizer tudo como no figurino, Jesus não faz? Isso parece mais um abracadabra pentecostal do que uma visitação prodigiosa do Espírito Santo de Deus!É preciso que se diga que por mais que funcione, a doutrina pentecostal do da evidência inicial do Batismo com o Espírito Santo é oca de conteúdo bíblico. Nos chamados quatro pentecostes de Atos (2.1-13; 8.4-25; 9.24-48; 19.1-6), nem todos registram a glossolalia e, exceto o do Dia de Pentecostes em Jerusalém, o sinal das línguas estranhas não é a única evidência. Luca lista também as profecias, adoração e alegria. Entre os samaritanos nada diz. Apenas afirma que receberam o Espírito (At 8.17). As línguas são um sinal freqüente, mas não um sinal imprescindível.Nas cartas, onde se ensina sobre os dons espirituais, nada se fala sobre o Batismo com o Espírito Santo como evidenciado necessária e inicialmente pelo falar em línguas. Ao contrário, as línguas são listadas entre outros dons vários, cuja riqueza está na diversidade. Nem todos fazem as mesmas coisas nem experimentam os mesmos dons. É a vitória do imponderável Espírito Santo sobre a mesmice dominadora das práticas de poder humanas(1Co 12.28-31).Não vemos os apóstolos recomendando às igrejas a busca do Batismo com o Espírito Santo. Ensinam a busca dos dons em sua diversidade. Falam a essas igrejas partindo do pressuposto de que já experimentaram a segunda benção. Mais ainda, em Atos, Lucas não descreve nenhum caso de batismo com o Espírito individual. Salvo o registro de que Paulo, após a oração de Ananias, foi curado de sua enfermidade e ficou cheio do Espírito. Todos os demais registros são de um fenômeno coletivo. O Espírito foi derramado sobre todos os que estavam no cenáculo em Jerusalém. Entre os samaritanos, Pedro e João impôs as mãos e eles receberam o Espírito Santo. Na casa de Cornélio, o Espírito desceu sobre todos os que ouviam a pregação de Pedro. Entre os discípulos efésios, Paulo os batizou nas águas e todos foram cheios do Espírito.A experiência do Batismo com o Espírito Santo não é solipsista. Não se sabe de alguns do culto que não provaram. É comunitária, porque é uma experiência de relacionalidade e não de exclusividade. Os dons do Espírito, curiosamente, só se justificam na comunhão. Paulo não deixa dúvidas sobre isto na tríade de capítulos, 12, 13 e 14, da Primeira Carta aos Coríntios, onde ensina sobre o fervor inteligente dos dons no culto. 12.7: “A cada um, porém, é dada a manifestação do Espírito, visando ao bem comum.” 14.2-4 e 12: “Pois quem fala em uma língua não fala aos homens, mas a Deus. De fato, ninguém o entende; em espírito fala mistérios. Mas quem profetiza o faz para edificação, encorajamento e consolação dos homens. Quem fala em língua a si mesmo se edifica, mas quem profetiza edifica a igreja. Assim acontece com vocês. Visto que estão ansiosos por terem dons espirituais, procurem crescer naqueles que trazem a edificação para a igreja.”Não há alguns batizados em detrimento de outros na igreja local, no ajuntamento dos irmãos. Quando um é, todos são. Esta é a lógica da Bíblia. Quantos foram batizados? Esta é a pergunta recorrente no ambiente pentecostal. Um equívoco. A pergunta bíblica não é esta, mas: A igreja já foi batizada com Espírito Santo? Isto significaria dizer que qualquer um que dela fizer parte torna-se participante da segunda benção, que certamente será por ele experimentada com intensidade em algum momento e partir de algum dom espiritual.Finalmente, o dom de línguas, ao contrário do que somos levados a crer na ambiência pentecostal, não é um sinal de poder, prestígio e orgulho. É um sinal de fraqueza, humildade e esvaziamento. Falamos línguas que sequer conseguimos entender(1Co 14.14). O sinal mais freqüente do Batismo com o Espírito Santo é o da fala de algo que nós mesmos não conseguimos elaborar. Isto que recebemos de Deus, por sua graça, a salvação em Cristo é algo tão superior a nós, tão acima de nossos méritos e habilidades que sequer conseguimos fazer caber em nossa linguagem. Outras línguas são as que falam com satisfação, mas apenas para o íntimo de quem fala. Aquele que fala em outras línguas é lembrado e torna-se um lembrete de Deus de que é limitado. De que o Reino do qual participa não foi conquistado por suas habilidades e, portanto, quem quer que dele participe precisará depender do Espírito Santo de Deus, o Outro Consolador que nos guiará em todas as coisas.O dom de línguas é um lembrete com doce vergonha da nossa incapacidade de fazer coisas. Precisamos de Deus. Precisamos uns dos outros. A descrição da igreja pentecostal em Atos não é de uma igreja potente e imponente. Mas de uma comunidade de irmãos que se amavam concretamente. At 2.44-47: “Os que criam mantinham-se unidos e tinham tudo em comum. Vendendo suas propriedades e bens, distribuíam a cada um conforme a sua necessidade. Todos os dias, continuavam a reunir-se no pátio do templo. Partiam o pão em suas casas, e juntos participavam das refeições, com alegria e sinceridade de coração, louvando a Deus e tendo a simpatia de todo o povo. E o Senhor lhes acrescentava diariamente os que iam sendo salvos.” A irracionalidade do dom de línguas é percebida com cuidado pelo Apóstolo Paulo. Sua advertência nos leva a exercer este dom de fora para dentro. Falando consigo mesmo. Como que se convencendo pelo Espírito de sua inadequação diante da grandeza da obra de Deus em nós. Fale consigo mesmo e converta-se ao irmão. Fale consigo mesmo e torne-se mais permeável ao próximo. Um homem melhor. Uma mulher melhor. Gente enternecida diante de Deus e do mundo.No dom de línguas somos levados a um esvaziamento de poder. Nosso poder caído, de gente pecadora. O poder de dominação do outro e perpetuação de si mesmo é substituído por um outro poder. Poder do Espírito. Bem maior do que a nossa vã linguagem pode pronunciar. O mesmo que veio sobre Jesus e o capacitou a encarnar o amor de Deus entre os homens, mesmo sem ter falado em outras línguas. O mesmo poder que capacitou Jesus a fragilizar-se como pessoa até a morte de cruz(Fl 2.5-8). A enfrentar o poder das Trevas no palco do Calvário. A vencer o poder maligno não com mais poder, mas com outro poder. O poder do amor que se enfraquece para salvar.Mais do que nunca, nosso pentecostalismo precisa redescobrir sua busca de poder. É inadiável uma renúncia deste poder violento de dominação religiosa. Não somos chamados por Deus para abalar nossas cidades com o poder do Espírito. Nossa gente já está abalada demais pela violência, pelos maus governantes, pelo mercado implacável, pela competitividade desumanizante, pela miséria social para sofrer mais abalos.Nossa vocação pentecostal precisa seguir os passos do Mestre. Cheio do Espírito(Lc 3.21-22; 4.1-13), antes de qualquer tarefa, venceu a tentação do Diabo de viver por um outro poder que não o que recebera no Jordão sob a fala amorosa do Pai: “Este é o meu filho amado em quem tenho prazer.” Se no Jordão, após o batismo de João, Jesus foi batizado no Espírito Santo.No deserto, solitário e suscetível, foi batizado pelo Espírito em nossa humanidade. Na oferta oportuna do Diabo, Jesus renunciou o poder de não ser gente, de embrutecer diante da mais frágil manifestação de fraqueza humana, a fome: transforma esta pedra em pão. Reduzir um tempo de intimidade com Deus e com a sua humanidade à magia de atalho para a saciedade seria ridicularizar tudo o que Deus já havia ofertado. Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que vem da boca de Deus.Recusou-se ao poder de conquistar o mundo em fama e glória, de ter uma imagem brilhante de poder: tudo isto de darei se prostrado me adorares. O poder que veio exercer não atrairia o mundo pela glória e fama, mas pela graciosa entrega de si mesmo em amor. “Mas eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim”(Jo 12.23-33).Deu as costas para o poder de ser uma exceção de segurança e felicidade em um mundo inseguro e infeliz: “Se és o Filho de Deus, joga-te daqui para baixo. ‘Ele dará ordens a seus anjos a seu respeito, para o guardarem; com as mãos eles o segurarão, para que você não tropece em alguma pedra’”. Sua resposta tem que ser a nossa: “não colocarás o Senhor teu Deus à prova”. Uma gente cheia do Espírito não carece de espetáculos narcíseos para saber quem é. Já sabemos quem somos. O Espírito já nos foi dado(Lc 11.13). Qualquer outra prova é uma exigência idólatra e tola.Alguém me perguntou recentemente: qual é o seu pentecostalismo? É este.

Fonte site Pr. Ricardo Gondin
http://www.ricardogondim.com.br/Artigos/artigos.info.asp?tp=69&sg=0&form_search=&pg=4&id=1187

06/07/2007

A fé é a certeza de que vamos receber as coisas que esperamos e a prova de que existem coisas que não podemos ver

Hebreus 11.1