Por Leandro Barbosa
“Com ou sem religião, pessoas boas farão coisas boas e pessoas ruins farão coisas ruins.
Mas para pessoas boas fazerem coisas ruins é preciso religião.” Steven Weinberg
Estes dias assisti a um filme que se chama “A Onda”, é um filme de produção alemã, que trata da história de um professor de uma escola pública que bola uma estratégia mirabolante como forma de provar suas teorias não ortodoxas. Ele convoca os seus alunos há viver uma semana com algumas regras, a fim de formarem um grupo distinto, sem diferenças, onde todos vestiriam naquela semana a mesma cor, falariam dos mesmos assuntos, e andariam juntos a se ajudar. Logo como grupo se cognominou como “A onda”, só que o interessante é que com o decorrer da semana o que era um exercício de sala de aula se tornou uma bola de neve descontrolada, ao ponto de no final da semana um grupo gigante de pessoas estarem formando um grupo paramilitar, que só veio a acabar com o suicídio de um aluno integrante do grupo, devido a tentativa do professor em parar aquele movimento.
Para mim pessoalmente foi chocante a experiência, pois pouco a pouco comecei a me identificar com as experiências vividas pelos adolescentes, e vou citá-las para vocês. A convivência daquele grupo como uma proposta de vida onde as diferenças sociais seriam extintas, onde não haveria mais classes sociais e desigualdades, tomou uma proporção na mente daqueles jovens, que logo eles sentiram um sentimento de superioridade de propósito, e passaram a um segundo estagio de descriminação dos diferentes. Em sala de aula havia uma proposta de ordem, que era passada como uma idéia de harmonia, onde a partir de uma obediência cega entendia-se que estes, eram padrões eram significado de fidelidade a um propósito maior. Logo sob um pretexto de harmonia e singularidade, como que entorpecidos por uma droga o grupo começou a exercer atos de barbárie contra os diferentes, e estipular os limites de liberdade para os outros colegas da escola.
Por mais que pareça cômico e até meio trágico, as semelhanças não são mera coincidência, mas impressões do que uma filosofia de conquista que pretexte melhoras em base da exclusão é verdadeiramente destrutiva, não só para os meios onde são exercidas, mas acima de tudo para as pessoas que participam. Por minha experiência pessoal, posso dizer sem medo de que os evangélicos são campeões em vender estes perfis de ideologia. Conquistam adeptos sobre pretextos de uma vida melhor, afirmando que a partir da agregação ao grupo, passa-se a ser uma “raça superior”, ou na linguagem evangélica; “nação santa”, “sacerdotes”, “reis”, “Príncipes”, e sobre esta idéia constroem uma realidade que oprime o diferente. Nestes meios assim como nestes sistemas ditatoriais, não existe espaço para questionamentos e discordâncias, a fidelidade é exigida acima de tudo, fidelidade esta que também é sinônimo de comungar com atos de barbárie que são tidos como justiça, endossadas pelos líderes como vontade divina.
Dentro destes ambientes ilusórios, multidões que caíram no enredo deste mundo fictício criado por religiosos fanatizados, vivem uma inverdade que mais é uma cadeia, pois nele se negam a questionar a imperfeição e desconexão com a realidade do sistema ao qual estão inseridos. Os lideres por sua vez, não aceitam serem questionados, e impõem-se de forma massiva sobre seus opositores, e quando sofrem resistência perdem o rumo de suas convicções, partindo para atos de ignorância ou para perda de suas referencias. Este sistema “evangélico” é uma verdadeira ditadura religiosa, que a meu ver às vezes passa a ser pior que uma filosofia “talibã” ou aristocracia radical. Pois sobre uma mensagem de bondade e amor ao próximo, subjetivamente distorcem a mesma, tornando-se instrumentos de segregação e ganância.
Talvez para uma mente mais evangélica o meu texto vai soar como heresia ou blasfêmia, mas para quem foi vitima do mesmo, trará uma compreensão e capacidade maior de lidar com esta realidade. Sim por mais triste que seja grande parte de nós cai no “conto do vigário”, e sobre um falso pretexto de bondade, uma ânsia de encontro com Deus, acaba por cometer atrocidades até o dia em que somos vítimas das mesmas. Creio que nosso maior desafio “e falo por experiência pessoal”, é encontrar Deus em meio a toda esta bagagem e informações as quais fomos por anos condicionados. De todas as minhas experiências, em toda minha caminhada, posso afirmar com garantia que Deus não é propriedade exclusiva dos evangélicos.
Quero desafiar a você a um requestionar de valores, a parar e perceber se você não é apenas mais um integrante da “Onda”, que esta tão cego ao ponto de não ter mais empatia e tato para sentir que existe um mundo a sua volta. Deus não criou você para ser um covarde que foge da vida, mas alguém que vive o seu “mundo” com caráter, sem precisar da proteção da “onda” ou da indicação de cegos guiando cegos, para ser apenas humano.
Bem e Paz
Leandro Barbosa
Fonte: Blog Leandro Barbosa
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