Uma tragédia acontecera. Pilatos misturara o sangue de alguns Galileus com o sangue dos sacrifícios que eles ofereciam em seu culto fora de lugar, fora do Templo de Jerusalém.
Outra tragédia aconteceu logo depois. A torre do Tanque de Siloé desabou e matou as 18 pessoas que lá estavam.
Jesus estava andando pelo país...
Então, chegaram as notícias.
“O Senhor soube? Soube o que Pilatos fez? Soube o que houve com os crentes na torre que caiu?”
Eles queriam um juízo, uma explicação, uma condenação, uma lógica moral. Afinal, esse negócio de tragédia — pensam os crentes —, é coisa para descrente e para crente em pecado; pois, a teologia dos crentes sempre foi a dos “amigos de Jó”: tragédia é o fruto do pecado; e é sempre juízo de Deus contra o pecador.
Sim! Desse modo pensam sempre os crentes, exceto quando a casa que cai é a deles!
Mas quando a casa cai e a residência é a do descrente ou a do crente “desviado ou em pecado”, então, está tudo explicado!
Jesus, porém, ouviu as insinuações que as “questões” induziam ao pensar, e, sem falar delas, apenas disse:
“Vocês pensam que os Galileus da tragédia eram mais pecadores do que os demais Galileus que não morreram? Ou que aqueles 18 sobre os quais a torre caiu eram mais pecadores do que os demais habitantes de Jerusalém? Em verdade eu digo a vocês não eram. Mas se vocês não se arrependerem, todos igualmente perecerão”.
Para Jesus telhados que caem são apenas telhados que caem; e podem cair sobre a cabeça de qualquer um. Para cair, basta estar no alto, e, para matar, basta que haja gente em baixo.
No entanto, sabendo como os “crentes das noticias de tragédias” são como pessoas, Jesus apenas disse:
Não é o modo da morte que conta. É o modo da vida que conta. Se vocês continuarem a viver assim, morrendo, sem Deus, porém cheios de religião, ainda que vocês morram de velhos, todos, todavia, independentemente do modo da morte, perecereis para a eternidade; posto que cuidaram apenas de julgarem os mortos, e não aprenderam a viver a vida dos vivos!
Não importa o modo da morte. Importa sim o modo da vida; pois, se não mudarmos de mente, todos,igualmente, veremos não um céu de gesso, como o da Renascer, cair na nossa cabeça, mas veremos os céus mesmo, desabando sobre nós e sobre nossas incuráveis arrogâncias.
Oro por todos. Por todos mesmo: os acidentados, os feridos, os enlutados, os aflitos...
Oro também para que, não pelo telhado ou pelas mortes, mas pela vida, que os responsáveis espirituais por este povo agora ainda mais perdido e confuso convertam-se à vida que é; e que não é como eles ensinam ao povo que seja; e a prova disso é que os telhados caem e não há ninguém que possa decretar ao contrário.
O convite de Jesus não é para que se pondere sobre as tragédias, mas sim sobre a vida que nunca é trágica, mesmo quando as tragédias se abatem sobre ela.
Sim! Tal vida não julga a Graça de Deus por dinheiro, prosperidade ou sucesso humano; mas, exclusivamente, pelo testemunho de coerência com o Evangelho, ainda que se esteja morrendo a morte mais louca e insana, como a de João Batista, cuja cabeça foi servida em um prato a fim de que Herodes fizesse a corte de uma jovem que ele desejava ‘comer’ como quem come um pedaço de picanha.
Silêncio! O Senhor está no Seu Santo Templo! Cale-se diante Dele toda a Terra!
Nele,
Caio
19 de janeiro de 2009
Lago Norte
Brasília
DF
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