10/09/2011

Antes de virar escritor, limpava privadas...


William P. Young está no Brasil para a 15ª Bienal do Livro, no Riocentro. Em entrevista ao G1, escritor conta história por trás do best-seller.
Texto de Carla Maneghini publicado originalmente no G1
O escritor William P. Young fará palestra nesta sexta (9) na Bienal (Foto: Divulgação)
Mesmo depois de ter mais de 12 milhões de cópias vendidas de seu livro “A cabana”, o canadense William P. Young afirma que não é exatamente um escritor. “Sou um autor acidental”, diz Young, que está no Rio para participar da 15ª Bienal do Livro. Ele fará uma palestra para fãs nesta sexta-feira (9), às 19h30.
Em entrevista exclusiva ao G1, o autor do best-seller contou a história por trás de “A cabana”, que já foi traduzido para 41 línguas.
“Antes de virar escritor, tinha três empregos. No principal deles, fazia serviços de empacotamento e limpeza em uma fábrica, limpava até privadas”, conta o autor canadense, que escreveu o romance sem intenção de publicá-lo. “Deus tem um grande senso de humor quando planeja nosso destino”, diz.
“Eu sempre gostei de escrever, e minha mulher me deu a ideia de criar uma história para dar de presente para meus filhos no Natal”, lembra Young, que tem seis filhos. “Escrevi e fiz 15 cópias por conta própria para entregar à família e amigos. As crianças não ligaram, mas os amigos gostaram tanto que começaram a mostrar para outras pessoas, e ‘A cabana’ foi se espalhando”, conta.
Infância em cultura tribal
O autor diz que muito de sua história de vida está presente em “A cabana”. Filho de missionários, ele morou dos 10 meses aos 10 anos em Papua Nova Guiné e estudou teologia nos EUA.
“Cresci em uma família religiosa, sempre pensei muito sobre a relação das pessoas com Deus. Mas a convivência em uma cultura tribal durante tanto tempo me fez pensar nessas coisas por uma outra perspectiva”, afirma.  “O romance vem do desejo de criar uma língua por meio da qual as pessoas possam se conectar a Deus sem ser pela religião”, completa.
Ele conta que a influência da cultura de Papua Nova Guiné motivou um dos pontos mais controversos de “A cabana”: o retrato de Deus como uma mulher negra. “Queria me distanciar ao máximo daquela imagem clássica que temos de Deus, como um homem branco e sofredor”, conta o escritor, que afirma ter prazer em ver seu livro gerar polêmica. “São só palavras impressas no papel, o resto está na cabeça de quem lê. Quem me critica, não está falando de mim, está falando de si próprio.”

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