27/01/2008

A ceia e os traficantes do ópio do povo


Tem gente que se não tomar a Ceia sente que o mês não será bom.

Tem gente que se tomar a Ceia num dia em que “não esteja bem”, segundo sua interpretação moral e de justiça própria, poderá morrer... E morre.

Porém, de outro lado, tem gente desejando incluir a Ceia do Senhor no “pacote” de coisas que passaram...

No Rio, quem começou isso foi o “apóstolo” Miguel Ângelo, e já faz tempo... Na verdade, anos.

Eu tomarei e distribuirei a Ceia do Senhor “até que Ele venha”, fazendo “sempre” em “memória” Dele. E mais: farei sempre como Paulo disse que deveria ser (I e II Coríntios), tanto no significado (I Coríntios 11), quanto no modo (II Coríntios 8-9).

A Ceia é um dos únicos ritos do Novo Testamento, e foi afirmada por Jesus: “todas as vezes... fazei em memória de mim...”. Paulo manda que assim seja até à volta do Senhor.

Que dúvida ainda pode existir quanto a tomar e ministrar a Ceia ou não nos dias de hoje?

Ora, quem nunca conheceu a Graça, quando dela ouve falar, corre o risco de, não tendo ciência na Palavra e no Espírito, ir para o pólo oposto.

Já o Miguel — não o Arcanjo, mas o “apóstolo” — me disse no início da década de 90, em minha sala, que fazia esses exageros (dizer que não precisava mais haver nem batismo e nem a Ceia) “pra chamar atenção. Coisa de marketing, entende?”, indagou ele de mim.

Eu disse a ele que não entendia, e que fazer marketing com o mandamento é abominação.

Além disso, a Ceia não apenas deve ser tomada e ministrada, mas também pode ser ministrada por qualquer um. E isso é puro e santo.

Essa história de que só “pastor ordenado pela igreja” é que pode ministrar a ceia ainda é um remanescente sacerdotal oficial que a Reforma Protestante não aboliu; ao contrário, fortaleceu.

Reforma... e Ceia.

Discutiram tanto sobre a questão da transubstanciação que não trataram de outra grande perversão: a sacerdotalização da ministração dos chamados “sacramentos”.

Afirmar e impor que somente os “ordenados” pela “igreja” é que podem ministrar o batismo e a Ceia é pecado contra o mandamento da não acepção de pessoas. É o eco de antigos paganismos.

É ainda a linhagem do bruxo oficial ou do sacerdote legal prevalecendo entre aqueles que deveriam saber que somos todos um reino de sacerdotes. A Ceia deve ser tomada e ministrada por qualquer discípulo ou grupo de discípulos, e sempre que a vontade de adoração e gratidão o determinarem.

A Ceia não se gasta. Não tem falta de estoque. Não precisa ser nem economizada e nem exagerada. Deve ser Eucaristia, ou seja, ação de graças!

A Ceia também não é o rito que sucede o batismo. Ela é, isto sim, o rito de quem crê. Assim, a ordem dos eventos não importa quando a fé já encheu o coração.

Quem determinou a seqüência — primeiro o batismo e depois a Ceia — foi a religião, e isso como mecanismo de controle do povo pela via da gestão autorizada dos sacramentos.

Tudo coisa da Máfia da Crença. Sim! Coisa dos Traficantes de Ópio do Povo!

O papel espiritual e psicológico da Ceia é o de elevar a gratidão por Deus em Cristo.

A Ceia não é a Arca da Aliança, na qual somente os “santificados pelo sacerdócio” poderiam tocar sem morrer — conforme acontece na forma de crença mesmo entre os Reformados.

A Ceia do Senhor é o signo presente da Ceia daquele senhor das parábolas de Jesus. Primeiro foram convidados os que se diziam amigos. Mas como eles não vieram, mesmo sendo “judeus”, então o convite se estendeu a nós, os mancos, coxos, cegos, maltrapilhos, mendigos, doentes, aflitos, perdidos na noite e nos becos do medo e da solidão.

Hoje, como os “cristãos” viraram “judeus” na arrogância da religião, então aquele senhor está mandando chamar outro povo, que a “ele” atenderá com alegria e gratidão e virá feliz para a sua Ceia.

A vestimenta para a Ceia do Senhor — que é a vida e não apenas o rito — é aquela que Ele mesmo concede e manda que nos seja disponibilizada para que a vistamos.

É a única veste que nos veste para a Ceia!A justiça própria, a moral, o virtuosismo das aparências, a integridade, a seriedade, as formalidades, as reverências externas, e todos os gestos sagrados não nos habilitam para fazermos parte, vestidos ou nus, da Ceia do Senhor.

Tomar e comer a Ceia em pecado é tomar e comer com arrogância de justiça própria, com superioridade, com a certeza de ser adequado para aquela hora e papel.

Ou seja, com vestes próprias. Ninguém que tome e coma, tendo um coração quebrantado, grato, arrependido, consciente da Graça e a ela ligado em fé no amor de Deus, jamais tomará a Ceia em pecado. Pois quando o coração está assim, o sangue de Jesus, o Filho de Deus, que é o Cordeiro Eterno, nos purifica Hoje de todo pecado; Sempre! Ele Tira o pecado do mundo. É sempre ato contínuo...

Tomar a Ceia em pecado é tomá-la sem consciência de gratidão quando já se tem a informação e já se disse que nela se crê. Bêbados da rua não pecam quando tomam do pão e do vinho. Mas sacerdotes distraídos, indiferentes, hipócritas, mecânicos, ritualistas e ingratos, esses pecam sempre que realizam a Ceia “para os outros” fazendo-o como se fossem autômatos de Deus.

A Ceia também deve suscitar em nós espírito de acolhimento fraterno, deve nos fazer exercitar a generosidade, deve nos estimular a compartilhar com o próximo o nosso pão e o nosso vinho.

Pois na igreja do Caminho, todos traziam de casa e a mesa era comum. Quem tinha mais, mais trazia. Quem tinha menos, menos trazia. E quem não tinha nada, trazia a si mesmo, e os demais o serviam em amor. Assim era. Assim deveria ser.

Assim pode ser no espírito e no entendimento.Teria muito a falar. Mas este é um texto em um site, e não um livro.

Entretanto, pense e pratique, pois sei que o que está acima é Evangelho de Jesus.

NEle, que se deu como pão e vinho, em carne e sangue, e que pela Palavra nos serve de Seu Pão e de Seu Vinho,

Caio

Fonte Site Caio Fabio

Um comentário:

Edemir Antunes disse...

Claudio,
graça, paz e bem!

Muito obrigado pelo carinho. Eu aproveito para parabenizá-lo pelo blog. Fique à vontade para publicar o meu texto. Que Deus continue a abençoá-lo.

Felicidades!