O ponto central da prática cristã é a fé. Com ela é estabelecida a convergência à Deus. (Hb 11.6). À fé é atribuído o maior valor da vida divina inserida no homem. Com ela o Espírito Santo promove o trabalho do convencimento e limpeza do coração do homem. (At 15.8, 9). A fé leve e graciosa substituiu a carga da lei promovendo conforto para que o homem consiga desenvolver a sua religião. (Rm 3.21, 22)
Entretanto, e com o passar do tempo, criou-se em torno da fé conceitos sobre o aprendizado e comportamento no cristianismo que concretamente a vão ofuscando. São as nossas crenças periféricas que não determinam o caminho da salvação. Essas opiniões de menor importância vão se instalando ao redor da fé genuína sufocando-a e anulando seus efeitos. São os modelos de adoração, oração e culto que roubam a graça da fé simples e objetiva. Esses modos de prática cristã vão se enraizando em nossa vivência na igreja e impedindo a manifestação de uma fé pueril e graciosa.
Adoração tornou-se somente um item do “kit salvação”. Trata-se de um pacote de modismos através dos quais o cristão relaciona-se com Deus. A igreja de hoje adora por dois modos. Primeiro, através da interpretação muito superficial sobre o assunto apresentado nas Escrituras Sagradas. Um segundo modo é dos modelos desenvolvidos a partir de revelações validadas exclusivamente pela experiência. Há muita gente que “descobriu” a maneira correta de adorar.A fé é o irreal que se manifesta de fato. As crenças são os fatos reorientados pela realidade humana. A fé é relacionamento com Deus e com o próximo, a crença é relacionamento o deus da nossa doutrina. A fé é o quarto secreto, a crença é o salão de eventos.
O modismo é exercitado em grande parte no nível inconsciente. Nem por isso estamos escusados de praticá-los. Acontece que o modo que manifestamos nossa adoração, por exemplo, é o resultado de como estamos percebendo Deus e o seu Reino. A confiança em Jesus Cristo como filho de Deus e Salvador da humanidade é o ponto central da nossa fé.
Contudo, em torno dessa fé, temos desenvolvido crenças, as quais, nem sempre significam a vida doada por Cristo.
Essas crenças ou modismos nos fazem ler Deus do ponto de vista exclusivo da perspectiva humana. Assim, Deus é o que aprendemos ou queremos que seja. Parece que o verdadeiro Deus é o que é manifestado no culto: o Deus que nós cremos é o Deus que nós vemos. As crenças em torno da fé amortizam o seu valor, tornando-a inferior e irrelevante. As crenças reduzem o Reino infinito ao cosmos imediato. Temos que ultrapassar definitivamente os valores das crenças e chegar ao significado da fé. Precisamos passar imediatamente das crenças para a fé.
A contemplação do divino é algo pessoal e intransferível. A percepção das coisas de Deus é voluntária e particular, não pode ser colocada em uma fôrma. Não cabe no gesso do padrão humano. Não deve ser colocada dentro do molde da inteligência do homem. Entretanto, é exatamente dessa forma que se tem adorado a Deus. Constroem-se modelos e padrões a serem seguidos forçosamente. A modificação do culto a Deus carrega a obrigatoriedade da fôrma. É exatamente por esse motivo que impregnamos as baterias da religião com a energia do legalismo e modismo. Não permitimos que a simplicidade da fé se revele na prática. Nossos modelos e argumentos são maiores que a revelação da fé.
Fonte Blog do Natinha http://natinhablog.blogspot.com/
A grande confusão liturgica e vivencial da cristandade é justamente confundir fé com crença.
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