21/12/2008

A Igreja daqui a 50 anos.

Por Alex Esteves

Daqui a cinquenta anos serei um velhinho octogenário. Se Jesus não houver buscado Sua Igreja, ou se eu mesmo não tiver ido de outra forma, estarei aqui nesta Terra com meus cabelos brancos, uma família bem grande e muita história pra contar aos meus netos. Mas, como estará a Igreja brasileira? Que Igreja as minhas cãs verão? Vamos fazer uma projeção mambembe?

.Daqui a cinquenta anos o Brasil será uma nação evangélica. Teremos passado por um presidente da República evangélico, um ministro do STF evangélico, e muitas autoridades políticas evangélicas, como vários senadores de destaque. Muitos deles terão cometido crimes de corrupção, improbidade administrativa, e haverá escândalos em diversos Municípios e Estados com o franco envolvimento de pastores, líderes evangélicos e igrejas.
A maioria dos crentes evangélicos em 2058 será nominal. Dizer a palavra "evangélico" será como anunciar uma importante insígnia, o termo cairá na boca de todo mundo como açúcar. Ser evangélico abrirá muitas portas, e fechará outras a quem não se identificar como tal. Em razão de disputas de poder, haverá grandes divisões nas maiores denominações do país. Todas as denominações ficarão rachadas em vários pedaços. O pentecostalismo passará por uma transformação enorme, quase desaparecerá debaixo de heresias e duros golpes dos sensacionalistas e personalistas, que se apoderarão de suas igrejas. Mas alguns crentes verdadeiros sobreviverão a isso, tendo que se reinventar..
Crescerá um movimento informal de igrejas menores, pequenos grupos que se reunirão por extrema necessidade espiritual, não por uma questão de estratégia de crescimento, nada disso. Haverá pastores sendo consagrados por sua vocação, dentro desses pequenos grupos, e não por causa de promoções políticas dos sistemas eclesiais.
Para se distinguir dos poderosos e hereges evangélicos do futuro, os verdadeiros crentes adotarão o nome que lhes for dado. Não me arrisco a antecipar essa nomemclatura, porque não sou vidente, mas será alguma coisa pejorativa, uma alcunha dada pelos outros, que acabará redundando num modo de designação de diversos grupos heterogêneos.
Muitos dos popstars serão evangélicos. Eles gravarão músicas para igreja e para bailes funk ou coisa do gênero, tudo num só album. Haverá evangélicos em todos os setores artísticos, e a maior rede de televisão e rádio será evangélica.Será muito difícil pregar o Evangelho em 2058. As pessoas terão preconceito, porque buscarão apenas o nome "evangélico", mas não o Jesus do Evangelho. Quando os crentes verdadeiros quiserem pregar, serão tratados com o típico respeito da indiferença, no mesmo sentido do ainda vivo pluralismo. O evangélico "normal" será uma pessoa materialista, que criou um estilo diferente de se vestir e de falar, com sua cultura musical e artística específica, cada vez mais influente. Falar de Jesus entre os evangélicos será como falar de um líder que fez coisas extraordinárias para mostrar o que se pode esperar desta vida.
Daqui a cinquenta anos, a Bíblia continuará sendo tratada como um rol de variados segredos motivacionais, como um pacote de amuletos, e, mais do que isso, será vista até pelos evangélicos como um livro sagrado dentre tantos outros. Haverá forte expansão da demitologização das Escrituras, os milagres e o sobrenatural serão vistos como figuras de um poder cósmico que a Bíblia atribui a Deus. Os líderes farão da Bíblia o que quiserem. Isso não será a exceção - será a regra, a tese majoritária, a doutrina oficial, a ideologia da classe dominante nas igrejas, e, enfim, do País.
Os crentes de verdade não apreciarão em nada esse estado de coisas, e por isso não terão alternativa senão envolver-se em grupos menores, de comunhão, primeiro em casas, depois em prédios destinados a esse fim, mas com o surgimento de líderes proeminentes que buscarão pastorear esse rebanho e resgatar pontos doutrinários fundamentais, com interesse reformista.
...E eu, do alto de meus 81 anos, ficarei em casa conversando sobre tudo isso com minha família, principalmente com a minha esposa, a Miriam. Não tendo mais forças para falar em público, nem sendo mais convidado a lugar nenhum, dobrarei meus joelhos frágeis e orarei ao Deus do Céu, para que tenha misericórdia daquela geração tosca e fútil..
Não se apoquente: não sou profeta. Este é apenas um pequeno exercício mental e literário, sem nenhuma conotação profética.
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Fonte: Blog do Alex

http://alexesteves.blogspot.com/search?q=a+igreja+do+futuro

De fato não temos como saber o futuro da igreja denominacional em nosso país, mesmo porque muito pouco se pensa ou se planeja em termos de crescimento natural da igreja (com raras e boas excessões), mas as evidências levantadas que acontecem hoje apontam para aquilo que o Alex vaticina.

Por isso é necessário manter o olhar nos exemplos de simplicidade e amor de Jesus, sem esquemas liturgicos, aparatos e estruturas religiosas, apenas caminhando entre as pessoas. Assim foi sua vida amando até as últimas consequências e nada menos do que isso ele pede aos seus seguidores, que amem a seu Deus acima de todas as coisas e a seu próximo como a sí mesmo.

Inflizmente a fé se tornou religião e a religião um próspero negócio contrariando aquilo que Jesus deixou como legado.

Que Ele nos ajude a praticar uma fé na vida e não na religiosidade.

Parabéns Alex pelo texto que pesquei pelo Blog Púlpito Cristão.

Graça e Paz

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom e preocupante o texto, não é ficção, é uma análise verdadeira da nossa história como Igreja!

Cláudio Costa Da Silva disse...

Valney

Obrigado pelo comentário.

Acho que o problema ainda é de percepção, pois a igreja se percebe triunfalista, infalível, com o poder de mover os céus e a terra e julgar a tudo e todos. São poucos que se percebem como pecadores redimidos e dependentes a cada dia das misericórdias e da Graça de Deus.
O caminho indicado por Jesus para a felicidade foi expresso no Sermão do monte e não em benesses e poder temporal.
Um abraço e Feliz ano novo