I ching e Urim e tumim
Paz, reverendo Caio!
Sei que o assunto não é nem de longe mais importante que os inúmeros casos que o senhor tem que atender. Mas... acontece que tenho uma dúvida e essa me parece insolúvel, e se puder ajudar ficarei agradecido.
Estudando o I Ching e lecionando psicologia junguiana. Durante uma aula foi levantada a questão dos oráculos. E não demorou muito para que o I Ching fosse colocado no centro da conversa.
Acontece que o mais interessante foi que me lembrei que o Velho Testamento relata também o uso de uma espécie de oráculo dos judeus: o chamado Urim e Tumim!
Eles seriam uma versão ocidental do velho I Ching?
Sei, no entanto, que o Antigo Testamento é sombra e o que é já veio. Mas, o uso que os sacerdotes faziam deste sistema binário não se parecia com o uso do I ching?
O sistema utilizado pelo I ching é binário (Yin e Yang = Fêmea/Macho, Não/Sim, ou qualquer dualidade, luz/treva, Sol/Lua). Com combinações em dois trigramas se desenrola o enredo significativo.
Mas a Cultura Judaica trazia em um par de pedras (uma negra e outra branca) também um sistema binário para obtenção de Oráculos. E relata a Bíblia que Deus dirigindo-se ao rei (acho que Saul) sentenciou àquele rei: - Não darei mais o meu Urim e o meu Tumim. E foi grande a tristeza daquele homem.
Estou seguro quanto á completa obsolescência desse oráculo. Mas o que gostaria de saber é a razão do uso desse sistema binário, que se assemelha a tantos outros utilizados nas religiões pagãs. Deus se utilizou desses mecanismos pagãos para criar um via simbólica com o povo?
Reverendo, sei que essa com certeza nem é questão para o senhor, mas pra mim se tornou, e gostaria de uma orientação, uma vez que os pastores que existem por ai, possuem uma resposta padronizada e idiotizada.
Deus guarde os seus, no amor.
________________________________
Resposta:
Meu mano querido: Graça e Paz!
Para que outros — pois, colarei no site a sua carta — possam entender, eis aqui um link simples para instrução básica de quem precisar saber o que seja I Ching: http://pt.wikipedia.org/wiki/I_Ching
Faz agora oito anos que um amigo, convertido oriundo do Candomblé, e também amante do Taoísmo, deu-me umas aulas e até me escreveu uma cartilha particular para o uso do I Ching.
Meu interesse à época era todo estimulado pelo estudo que estava fazendo de arquétipos coletivos; e, meu amigo, a quem eu havia batizado, me perguntou se eu não gostaria de entender melhor o I Ching; o que aceitei com rapidez.
Porém, antes de tudo, vamos à sua questão:
Teria Deus usado mecanismos simbólicos e pagãos a fim de ter uma via de comunicação orácular com Israel?
Ora, eu creio é que tais vias são mecanismos humano/divinos de ajuda à mente em dúvida.
E mais:
Em Israel essa via foi ficando obsoleta, mesmo no Antigo Testamento, em razão de que o Verbo, a Palavra como revelação profética, foi crescendo...
Depois do rei Saul não mais se faz alusões ao uso Real do Urim e Tumim. Usava-se o mecanismo nos ritos sacerdotais, no Templo, quando havia Templo, o que nem sempre aconteceu em Israel.
O crescimento da Palavra como revelação, e as freqüentes destruições do Templo — aniquilaram gradualmente o uso sacerdotal do Urim e do Tumim no serviço do Templo.
Jesus usou o conceito de outro modo, quando disse que o nosso sim seja sim e o nosso não seja não.
Ou seja:
Jesus chamou o Urim e o Tumim para dentro da consciência do crente, fazendo dele uma decisão do entendimento e não mais um sorteio divino sobre o sim e o não.
Ainda:
O fato dos povos da Terra, muitos deles, se utilizarem de sistemas semelhantes, apenas nos mostra duas coisas:
1. A Universal Graça de Deus — a Ordem de Melquizedeque — sempre se manifestou entre todos os homens, e, além disso, nunca deixou quem O buscasse sem uma orientação para a vida; embora, como sempre, os mecanismos ou modos, acabem por se tornar elementos idolátricos e pagãos com o tempo, ou de acordo com a consciência do utilizador do oráculo.
2. Mostra a necessidade do ser humano de ter níveis superiores de decisão para a sua vida quando tudo o que existe é incerteza.
Sobre a comparação entre o Urim e Tumim e o I Ching, penso o seguinte:
O I Ching é muito mais que um Urim e Tumim. Existe o mecanismo binário de escolha de caminhos no I Ching, mas há muito mais que isto.
O sistema do I Ching é binário, mas é um binário relacional, com muitas outras combinações igualmente binárias, e que prometem muito mais definição e detalhe nas decisões do “fiel” do que no Urim e no Tumim, onde tudo era apenas sim e não.
Não havia combinações de encontros binários no Urim e no Tumim, enquanto no I Ching todas as funções binárias se conectam com outras, dependendo do tema, do dia, da semana, do mês, do ano, e das condições de vida do proponente da questão ou da consulta.
Ou seja:
No Urim e Tumim há apenas vá ou não vá, faça ou não faça... algo definido. Já no I Ching há muitos “depende”. Sim! Pois, muitas são as possibilidades de interpretação do sistema, posto que a busca no I Ching também é um tanto horóscopiana.
Assim, pode-se dizer que o I Ching era uma revelação e guia de vida para os chineses desde Confúcio, ao passo que o Urim e o Tumim eram apenas uma placa de sim e não na dúvida de um caminho ou decisão na antiguidade de Israel. No entanto, em Israel, não se propunha o Urim e o Tumim como um condutor da vida, mas, quem sabe, apenas como um facilitador de uma decisão tópica.
As combinações do I Ching, das variáveis que as tabelas do sistema nos mostram, nos breves estudos que fiz, sempre foram boas nos seus conselhos. Mas são conselhos que apenas servem para quem não tem muito mais que bons conselhos. Ou seja: para quem não tem a Palavra da Vida na consciência.
No Urim e no Tumim se vê a realidade do “respeito divino” para com as necessidades psicológicas do homem em um tempo sem Palavra!
E creio que seja assim em todos os lugares, onde quer que algo bom seja verificável.
Afinal, toda boa dádiva, todo dom perfeito, vem do alto, descendo do Pai das Luzes, em Quem não pode haver mudança ou sombra de variação!
Concluindo eu diria que o Urim e o Tumim são símbolos tópicos, enquanto o I Ching é um grande arquétipo universal.
No entanto, ante o Evangelho, ambos os sistemas são coisa do passado!
Hoje o Urim e o Tumim podem estar gravados no coração. E mais: o Evangelho não é um sistema binário como I Ching, mas sim caminho de vida em fé; por cuja realidade a pessoa se torna apta a discernir, pela Palavra de Deus, as nuances mais sutis do caminhar humano, dentro e fora do coração.
Receba meu abraço carinhoso!
Nele, que é o nosso Amém, não o nosso Urim ou Tumim,
Caio
25 de janeiro de 2009
Lago Norte
Brasília
DF
Sei que o assunto não é nem de longe mais importante que os inúmeros casos que o senhor tem que atender. Mas... acontece que tenho uma dúvida e essa me parece insolúvel, e se puder ajudar ficarei agradecido.
Estudando o I Ching e lecionando psicologia junguiana. Durante uma aula foi levantada a questão dos oráculos. E não demorou muito para que o I Ching fosse colocado no centro da conversa.
Acontece que o mais interessante foi que me lembrei que o Velho Testamento relata também o uso de uma espécie de oráculo dos judeus: o chamado Urim e Tumim!
Eles seriam uma versão ocidental do velho I Ching?
Sei, no entanto, que o Antigo Testamento é sombra e o que é já veio. Mas, o uso que os sacerdotes faziam deste sistema binário não se parecia com o uso do I ching?
O sistema utilizado pelo I ching é binário (Yin e Yang = Fêmea/Macho, Não/Sim, ou qualquer dualidade, luz/treva, Sol/Lua). Com combinações em dois trigramas se desenrola o enredo significativo.
Mas a Cultura Judaica trazia em um par de pedras (uma negra e outra branca) também um sistema binário para obtenção de Oráculos. E relata a Bíblia que Deus dirigindo-se ao rei (acho que Saul) sentenciou àquele rei: - Não darei mais o meu Urim e o meu Tumim. E foi grande a tristeza daquele homem.
Estou seguro quanto á completa obsolescência desse oráculo. Mas o que gostaria de saber é a razão do uso desse sistema binário, que se assemelha a tantos outros utilizados nas religiões pagãs. Deus se utilizou desses mecanismos pagãos para criar um via simbólica com o povo?
Reverendo, sei que essa com certeza nem é questão para o senhor, mas pra mim se tornou, e gostaria de uma orientação, uma vez que os pastores que existem por ai, possuem uma resposta padronizada e idiotizada.
Deus guarde os seus, no amor.
________________________________
Resposta:
Meu mano querido: Graça e Paz!
Para que outros — pois, colarei no site a sua carta — possam entender, eis aqui um link simples para instrução básica de quem precisar saber o que seja I Ching: http://pt.wikipedia.org/wiki/I_Ching
Faz agora oito anos que um amigo, convertido oriundo do Candomblé, e também amante do Taoísmo, deu-me umas aulas e até me escreveu uma cartilha particular para o uso do I Ching.
Meu interesse à época era todo estimulado pelo estudo que estava fazendo de arquétipos coletivos; e, meu amigo, a quem eu havia batizado, me perguntou se eu não gostaria de entender melhor o I Ching; o que aceitei com rapidez.
Porém, antes de tudo, vamos à sua questão:
Teria Deus usado mecanismos simbólicos e pagãos a fim de ter uma via de comunicação orácular com Israel?
Ora, eu creio é que tais vias são mecanismos humano/divinos de ajuda à mente em dúvida.
E mais:
Em Israel essa via foi ficando obsoleta, mesmo no Antigo Testamento, em razão de que o Verbo, a Palavra como revelação profética, foi crescendo...
Depois do rei Saul não mais se faz alusões ao uso Real do Urim e Tumim. Usava-se o mecanismo nos ritos sacerdotais, no Templo, quando havia Templo, o que nem sempre aconteceu em Israel.
O crescimento da Palavra como revelação, e as freqüentes destruições do Templo — aniquilaram gradualmente o uso sacerdotal do Urim e do Tumim no serviço do Templo.
Jesus usou o conceito de outro modo, quando disse que o nosso sim seja sim e o nosso não seja não.
Ou seja:
Jesus chamou o Urim e o Tumim para dentro da consciência do crente, fazendo dele uma decisão do entendimento e não mais um sorteio divino sobre o sim e o não.
Ainda:
O fato dos povos da Terra, muitos deles, se utilizarem de sistemas semelhantes, apenas nos mostra duas coisas:
1. A Universal Graça de Deus — a Ordem de Melquizedeque — sempre se manifestou entre todos os homens, e, além disso, nunca deixou quem O buscasse sem uma orientação para a vida; embora, como sempre, os mecanismos ou modos, acabem por se tornar elementos idolátricos e pagãos com o tempo, ou de acordo com a consciência do utilizador do oráculo.
2. Mostra a necessidade do ser humano de ter níveis superiores de decisão para a sua vida quando tudo o que existe é incerteza.
Sobre a comparação entre o Urim e Tumim e o I Ching, penso o seguinte:
O I Ching é muito mais que um Urim e Tumim. Existe o mecanismo binário de escolha de caminhos no I Ching, mas há muito mais que isto.
O sistema do I Ching é binário, mas é um binário relacional, com muitas outras combinações igualmente binárias, e que prometem muito mais definição e detalhe nas decisões do “fiel” do que no Urim e no Tumim, onde tudo era apenas sim e não.
Não havia combinações de encontros binários no Urim e no Tumim, enquanto no I Ching todas as funções binárias se conectam com outras, dependendo do tema, do dia, da semana, do mês, do ano, e das condições de vida do proponente da questão ou da consulta.
Ou seja:
No Urim e Tumim há apenas vá ou não vá, faça ou não faça... algo definido. Já no I Ching há muitos “depende”. Sim! Pois, muitas são as possibilidades de interpretação do sistema, posto que a busca no I Ching também é um tanto horóscopiana.
Assim, pode-se dizer que o I Ching era uma revelação e guia de vida para os chineses desde Confúcio, ao passo que o Urim e o Tumim eram apenas uma placa de sim e não na dúvida de um caminho ou decisão na antiguidade de Israel. No entanto, em Israel, não se propunha o Urim e o Tumim como um condutor da vida, mas, quem sabe, apenas como um facilitador de uma decisão tópica.
As combinações do I Ching, das variáveis que as tabelas do sistema nos mostram, nos breves estudos que fiz, sempre foram boas nos seus conselhos. Mas são conselhos que apenas servem para quem não tem muito mais que bons conselhos. Ou seja: para quem não tem a Palavra da Vida na consciência.
No Urim e no Tumim se vê a realidade do “respeito divino” para com as necessidades psicológicas do homem em um tempo sem Palavra!
E creio que seja assim em todos os lugares, onde quer que algo bom seja verificável.
Afinal, toda boa dádiva, todo dom perfeito, vem do alto, descendo do Pai das Luzes, em Quem não pode haver mudança ou sombra de variação!
Concluindo eu diria que o Urim e o Tumim são símbolos tópicos, enquanto o I Ching é um grande arquétipo universal.
No entanto, ante o Evangelho, ambos os sistemas são coisa do passado!
Hoje o Urim e o Tumim podem estar gravados no coração. E mais: o Evangelho não é um sistema binário como I Ching, mas sim caminho de vida em fé; por cuja realidade a pessoa se torna apta a discernir, pela Palavra de Deus, as nuances mais sutis do caminhar humano, dentro e fora do coração.
Receba meu abraço carinhoso!
Nele, que é o nosso Amém, não o nosso Urim ou Tumim,
Caio
25 de janeiro de 2009
Lago Norte
Brasília
DF
Fonte Site Caio Fábio
2 comentários:
atos-1-26 foi usado este sitema para aescolha do 12 apostolo
foiusado ese na escolha do subistito dejudas em atos 1-26
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