Nesses meus quase 20 anos de caminhada entre os evangélicos fiz alguns amigos. Poucos, verdade. Mas bons, sinceros e verdadeiros. Assim sendo, tudo o que desejo é não engana-los.Por isso, amigos, dirijo-me a vocês. Talvez eu não seja quem vocês imaginam que sou. Desta forma, preciso confessar-lhes algumas coisas.Para começar, devo dizer-lhes que prefiro ler José Saramago a Benny Hinn. Sim, amigos, prefiro os bons títulos da literatura “secular” (ou “do mundo” como alguns de vocês chamam) a boa parte dos escritores evangélicos. Devo dizer-lhes que não tenho nenhum tipo de apreço por coisas como: “Aprenda a fazer Deus ouvir suas orações”, ou “7 Passos para a Prosperidade”, ou ainda “12 Maneiras de Receber a Unção”.Devo dizer-lhes ainda que meu saco está definitivamente cheio dos manuais e apostilas do Rick Warren, que ensinam tudo, desde como ser bem-sucedido ministerialmente até encontrar a verdadeira felicidade.Preciso confessar a vocês, amigos, que tem sido muito difícil entrar numa livraria evangélica sem sentir nojo.Devo dizer-lhes também que prefiro ouvir Ira, Djavan, Cold Play, Red Hot a Toque no Altar (e suas derivações), Lagoinha, Casa de Davi, Renascer Praise e outros tantos.É verdade, amigos. A “música do mundo” por vezes me parece falar mais verdades do que aquilo que vocês gostam de ouvir e cantar. É mais criativa, de melhor qualidade, mais inteligente.Ao contrário do que muitos de vocês pensam, amigos, não, eu não acho o Silas Malafaia o representante da ala séria da igreja evangélica brasileira. Aliás, eu nem mesmo acho que haja uma ala séria na igreja evangélica brasileira.Não, eu não suporto mais ouvir os discursos ufanistas de Jabes de Alencar, Marco Feliciano, Samuel Ferreira, Jorge Linhares e de todos os seus apóstolos e bispos. Não agüento mais ouvir que tudo acontece de ruim à igreja evangélica é culpa da Globo ou do diabo.Preciso confessar a vocês, amigos, que tem sido muito difícil ver as peças de teatro mal-feitas e as apresentações infantis das quais não se entende nada, sob pretexto de que todos os envolvidos fizeram o melhor para Deus.Também tem sido muito difícil freqüentar aquelas reuniões barulhentas, desorganizadas, religiosas, mas sem nenhuma expressão de alma e quase nada de espiritual, que vocês chamam de culto. Sim, amigos, embora meu nome ainda conste em seu rol de membros (e, pelo que me consta, apenas pela falta de coragem de alguns), já não tenho mais tanta identidade assim com vocês, no que tange aos assuntos ligados à maneira de viver a fé em Cristo.Quero que saibam, amigos, que entre os cristãos brasileiros, admiro o “pecador” Caio Fábio, os ótimos Ricardo Gondim, Ed René Kivitz, Ariovaldo Ramos, além do “apimentado” Sérgio Pavarini e dos músicos Jorge Camargo, João Alexandre, Gerson Borges e todo aquele pessoal que participou do Vencedores por Cristo. Gosto também do Daniel Souza e de alguns outros que não saberei citar agora.Em resumo, amigos, é isso que tinha a dizer-lhes: estou cansado de todas as besteiras que tenho visto e ouvido no meio evangélico. Meio no qual passei mais de 2/3 da minha vida e, talvez por isso, tenha demorado tanto a perceber sua decadência moral e falta de sinceridade, além da monstruosa incompetência de seus líderes.Por último, amigos, peço-lhes desculpa pelo mau humor. Vai passar.
Alexandre Galli
Fonte Blog TESES & ANTÍTESES http://www.anti-teses.blogspot.com/
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