01/11/2008

Socorro! Os Levitas Voltaram 7 - Minha Eguinha Pocotó

Quando o bonde do tigrão invadiu o Brasil eu imaginei que tínhamos chegado ao fundo do poço musical, mas não! Estávamos apenas começando a entrar no poço. A galope, eis que chegou pra infernizar (acho que é o verbo mais correto) a nossa vida musical a égüinha pocotó, que bem poderia ser cantada somente pra filhinha e pra vovó. Mas, como brasileiro adora se meter em "coisas de família", acabou sobrando pra nós, que não fazemos parte da família do MC (Melhor Calado) Serginho.

Mas... o que isso tem a ver com os "levitas" ?

As características mais marcantes da "música" (acho que estou cometendo um sacrilégio) da égüinha são, sem dúvida alguma, a pobreza de letra (além do péssimo português) e a repetição exaustiva de um refrão que faz nossa cabeça trotar, ao som do pocotó pocotó pocotó...

É aqui que a égüinha pocotó parece galopar em nosso meio, pois temos sido submetidos a uma enxurrada de cânticos que carecem de letras boas, que sacrificam a nossa já sacrificada língua portuguesa, além de estarmos sendo submetidos a uma nova safra de cânticos que abusa das repetições, tornando-se uma espécie de mantra evangélico, onde pelo muito repetir, experimentamos uma espécie de "nirvana" celestial.

A pobreza das letras já tem sido assunto de outros textos, mas é sempre importante falar sobre isso. Creio ser importante pois quando cantamos estamos "ensinando" algo para a igreja. Os membros de nossas igrejas quando cantam algo cantam como se aquilo fosse uma verdade bíblica, ou pelo menos algo vindo de Deus.

Quando fazemos com que o que é cantado seja de baixa qualidade, estamos fazendo com que o conhecimento musical-teológico-bíblico do povo seja baixo e, conseqüentemente, seu louvor seja de baixa qualidade. Não estou aqui me referindo à espiritualidade do povo, isso é uma coisa entre a pessoa e Deus, e quem sou eu para questionar isso, mas quero deixar claro que penso que quanto mais pobre for o ensino dado à pessoa (seja através de música ou pregação), mais pobre será seu raciocínio bíblico.

Há músicas em nosso meio (assim como a da égüinha) que não dizem absolutamente nada! São boas de ritmo, mexem com as emoções, promovem coreografias, mas são quase nulas (ou totalmente) de conteúdo. Isso é perigoso porque leva o povo a uma espécie de repetição de palavras somente sem que aquilo lhe diga algo ao coração. Pergunta-se: "o que quer dizer tal cântico?" e a resposta é que não se sabe, mas que é gostoso cantá-lo.

Quanto às repetições, nosso meio evangélico está sendo invadido por músicas que mais parecem mantras orientais. Recentemente ouvi um CD onde havia uma música em que apenas quatro versos se repetiam por mais de 16 minutos. Outras músicas do mesmo CD seguiam o mesmo estilo. Onde vamos parar? Em catarses coletivas?

Outra forma (ainda que mais "leve", mas não menos perigosa) dessa onda de repetições se revela nos encontros onde a mesma música é tocada diversas vezes. Qualquer um com um conhecimento superficial de psicologia sabe que isso exerce uma influência na mente do indivíduo, ainda mais quando a música é executada em volumes altíssimos. Aquilo leva o povo a uma espécie de êxtase coletivo, e torna-se fácil a manipulação de qualquer auditório para qualquer coisa que o líder queira realizar, seja o revelar de novas "unções" como o "cair no espírito" e coisas afins...

Precisamos ter sempre em mente as palavras de Paulo: "cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento". Louvor e conhecimento bíblico, entendimento das verdades bíblicas e entendimento das realidades humanas devem caminhar de mãos dadas, assim estaremos sempre oferecendo a Deus o nosso melhor.. o nosso "culto racional".

Que Deus nos livre de um louvor inconsistente e inconsciente, que se deixa levar apenas pelo ritmo ou pelo "pocotear" de frases sem sentido.

José Barbosa Junior



Fonte Site Crer e Pensar

http://www.crerepensar.com.br/index.php?option=com_content&task=category&sectionid=1&id=1&Itemid=26

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