17/11/2008

UM "CREDO" CAMINHANTE?

Repasso abaixo um e-mail que recebi via lista, que talvez esclareça também aos que me perguntam ou as vezes não o fazem de como posso ser seguidor de Cristo sem ser membro de nenhuma "igreja".

Não me sinto mais a vontade no conforto e na segurança das doutrinas e credos, nos templos enfeitados e ordeiros, nas rodas de iguais onde tudo parece como água de poço. Eu prefiro a insegurança da fé que me dá apenas uma certeza: Que fui aceito por Deus através da Graça e pelo sacrifício do Cordeiro de Deus, e isto muito antes da fundação dos tempos e isso me basta para viver em paz com Deus, buscando nos Evangelhos as referências para a vida e ter comunhão com meus irmãos.

Um abraço a todos.

PS:
Para quem não sabe sou fotógrafo de eventos e neste período até o final do ano minha agenda fica lotada me sobrando pouco tempo para postagens ou responder comentários, mas sempre que der estarei postando novos textos e comentários.

Graça e Paz!!


Marcelo, mano!

Todo amor e graça do nosso bom Deus sobre você!

Colo abaixo recortes de um texto que escrevi:

Um amigo me fez a seguinte pergunta:

"O Pr. Caio Fábio e os demais líderes, como você, não têm uma linha doutrinária que define a convicção de fé e prática deles?"

Temos linha doutrinária, sim! Mas nenhum sistema teológico fechado, nenhum esquema de cinco ou dez pontos, nenhum pacote. Nenhuma fragmentação, nenhuma sistematização, nenhuma dissecação, pois o Evangelho não se presta a sistemas humanos. Queremos os temas e os termos do Evangelho, com as palavras expressas e vividas por Jesus e seus apóstolos. Uma vez que Jesus seja a chave hermenêutica, os sistemas teológicos perdem completamente seu valor.


Nossos temas são os temas de Jesus! Devemos nos calar onde Jesus se cala! Não devemos discutir o que Jesus não discute! Não devemos sistematizar o que Jesus não sistematiza! Não devemos tentar explicar o que Jesus não explica, mas apenas afirma como vida!

Em Jesus, tudo é para ser experimentado na caminhada e não para ser discutido nas cátedras; a vida de Jesus em nós se dá no dia a dia, nas ruas, nos becos, nos guetos, nas casas.

Assim cessam as disputas dogmáticas e as polarizações, uma vez que em Jesus não existem tais preocupações.

Não rejeitamos o pensamento de outros irmãos no decorrer da história; somente não os transformamos em pacotes de doutrinas que precisam ser aceitos por todos, como um corpo fechado. Infelizmente, o que vejo na igreja evangélica é que a confissão de fé de cada denominação, na prática, é tida como Palavra de Deus. Discordar da confissão é discordar de Deus.


A tal ponto é assim, que o fato de eu ter escrito que não posso mais andar com o Evangelho numa mão e com a Confissão de Fé de Westminster na outra, fez com que colegas cortassem as relações comigo; já não posso mais ser amigo deles, porque virei um herege por não adotar a Confissão, mesmo que o conteúdo das minhas mensagens não possam ser classificadas como heréticas; ou seja, abandonando nossa amizade, estes irmãos reafirmam a Confissão e negam o amor do Evangelho. É a Teologia tomando o lugar do Evangelho.


No Evangelho, a verdade é simples e poderosa para libertar e revolucionar a vida, e todo filho do Evangelho pode comer e beber dela para si e por si mesmo na Palavra viva que é Jesus, a partir dos registros das Escrituras, nas quais se ouve a Palavra, guiado pelo Espírito Santo que faz fluir do seu interior rios de água viva; na igreja dos homens, não basta o Evangelho; as pessoas se tornam dependentes de pregadores e de sistemas teológicos complexos que as impedem de ver e viver a beleza e leveza do Evangelho, uma vez que ele não é daqui, mas de Deus, não podendo ser discernido pela mente humana, mas apenas crido e recebido em fé, produzindo ele mesmo a vida naquele que assim crê; em Jesus, que é a Palavra, todas as palavras e raciocínios humanos se calam.

No Evangelho, o único dogma é o Evangelho, com os termos e temas do Evangelho, estando a interpretação do dogma no próprio Jesus, pelo qual Deus fala; à luz da sua vida e ensino, o filho do Evangelho interpreta a verdade do Evangelho, no Velho e Novo Testamentos; a igreja dos homens se esquece de Jesus no Evangelho, interpreta letra com letra e cria sistemas teológicos, nos quais Jesus é apenas mais um tópico, e que não podem conter o Evangelho e rotulam os tais sistemas e brigam por eles; e os filhos das igrejas dos homens se definem orgulhosamente pelo sistema que seguem (calvinismo ou reformado, arminianismo, luteranismo, pentecostalismo, catolicismo, etc...); enquanto rotulam e gastam-se nas discussões dos "profundos" temas teológicos, deixam a graça, o amor e a misericórdia do Evangelho abandonados no canto da gaveta.


Resolvi ser um mero repetidor das palavras do Evangelho; não aceito sistematizar absolutamente nada. Repetir o Evangelho, com as palavras, os temas, os termos do Evangelho! Este é o desafio e meu desejo mais sincero!


O que o Evangelho não explica, eu não tento explicar; o que Evangelho não sistematiza, eu não sistematizo, o que ele não defende, eu não defendo.


O Evangelho liberta e une; a teologia divide e escraviza. Cria guetos, subculturas, denominações, enquadra Deus e é a união dos iguais, que devem pensar a mesma coisa, que devem ser moldados conforme a teologia do grupo.


Heresias não se combatem com sistemas teológicos, mas com a insistência em pregar e viver o Evangelho simples e claro, sem as elaborações complexas da teologia. O pensar teológico, imaginando poder dissecar e explicar Deus, o nega!


Diante da beleza do Evangelho, qualquer sistema teológico perde o brilho. O Evangelho é maravilhoso e simples!


O Evangelho me basta e me alimenta! Como do pão vivo que desceu do céu; aí quando chego nos livros de teologia, estou saciado, farto; e dá aquele fastio! Diante do Evangelho a Teologia não tem graça nem GRAÇA!


Concluindo, a nossa doutrina, o nosso dogma, é o AMOR DO EVANGELHO! Os temas e termos do Evangellho, conforme encarnado em Jesus. E isto nos basta!

Fugimos da tentação de criar sistemas fechados, pois isto é religião! A verdade do Evangelho é vida e não se presta a sistemas lógicos de entendimento humano! O único entendimento possível do Evangelho é na vida, comendo-o!
Portanto, para nos desintoxicarmos de todo este entulho teológico, o caminho é irmos ao encontro de Jesus no Evangelho puro e simples! Lê-lo, ouví-lo!, sem os olhos da religião (sistemas teológicos e estruturas administrativas), mas com os olhos em Cristo!

Bebamos da fonte da vida, que não é um livro, mas uma pessoa, e seu nome é Jesus!

Em Cristo, nosso querido Salvador!


Adailton -Flórida (começando a voltar para o Brasil!)

Em 16/11/08, marcelo quintela <marceloquintela@caiofabio.com> escreveu:

Gente amada,

No Caminho da Graça, de vez em quando, aparece gente se queixando que eu não ensino "doutrina" em Santos, que o Caio não estabelece um "Credo". Eles querem dizer que não enfatizamos os dogmas e sistemas que distinguem uma igreja de outra... Mais ou menos isso.

Ora, continuaremos sem o fazer, senão qdo houver oportunidade especial, gerada pela necessidade urgente dado alguma perversão presente, tipo: Jesus já voltou, Jesus não voltará, Jesus voltará antes, Jesus voltará depois, Jesus recolheu os dons, Jesus manifesta os dons, Jesus predestina, Jesus deixa que nós decidamos, Jesus manda pro inferno, Jesus tira do inferno, a gente dorme (descansa) quando morre, ou a gente salta da morte para o colo do Pai, e por aí vai...

Bom, se o essencial estivesse assentado como verdade Absoluta no coração de quem crê, a gente ia se divertir articulando normatizações, pinçando os elementos periféricos mais palatáveis no vasto cardápio de possibilidades doutrinárias... Self-service... Seria como ir no Subway e montar o próprio sanduíche, como a "igreja" faz, misturando ingredientes onde um anula o gosto do outro, quase sempre! Tipo assim: Salvo pela? Graça. Santificado pelo? Mérito.

Vai entender!

Quanto a nós, enquanto a perversão for aquela que se refere a própria pregação da BOA NOTÍCIA DA RECONCILIAÇÃO E DO PERDÃO, o que faremos sem cansar é pregar a BOA NOTÍCIA DA RECONCILIAÇÃO E DO PERDÃO.

O que há é a pregação do FUNDAMENTO DOS APÓSTOLOS.

Agora, me digam: Para que serve ensinar as doutrinas periféricas que acrescentam conhecimento à "intelectualidade espirituóide", se a mais premente necessidade é responder à perversão do que é básico, fundamental e essencial, pilares sem os quais nada se contrói.

Imagina ensinar teologia a quem não conhece nem a si mesmo, e pretende ainda assim, conhecer a Deus... em fragmentos.

Se não se conhece nem a Cristo, e Esse crucificado; como se conhecerá a Jesus Glorificado? Um "credo" Caminhante? "CRUZ-Credo!" Meu credo é a Cruz, onde fui crucificado com Cristo, e a vida que eu vivo, vivo-a pela FÉ no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim!

Do contrário, quem começar do fim, acabará assim: Deus em fragmentos, gente fragmentada.

É como pensar na decoração das paredes numa casa que não tinha teto e não tinha chão. Esse é o Cristianismo de nossos dias: quer deliberar sobre o aborto, sobre a inclusão do homossexual, sobre os tipos de batismos, sobre o destino eterno dos orientais, sobre a crise econômica e sua sombra apocalíptica, e não se enxerga a si própria perdida do ESSENCIAL.

No Caminho da Graça não se ensina a SABER. Ensina-se/aprende-se a CONFIAR.

Quem confia, saberá.

Quem sabe, deve saber também como convém saber; posto que o saber acadêmico-espiritual raramente gera confiança e convicção de fé, e quase sempre realiza o contrário na "alma sábia": presunção e arrogância.

Por isso, caros amigos, não se preocupem. Enquanto o fundamento dos apóstolos e a chave de interpretação em Cristo não for o chão teólogico da caminhada e enquanto o Caminho de Deus encarnado não for nosso caminho mais excelente, de amor devotado ao próximo... Nada poderemos fazer quanto a um "credo caminhante".

Credos são para religiões.

No Evangelho não há credos! Nem crenças! Nem créditos!

Crê somente!

Daí, um monte de perguntas sem respostas ficam respondidas; não pela assimilação da resposta exata, mas pela dissipação da pergunta. Você vai procurar aquela questão tão aflitiva por tantos anos (tipo: por que sofremos?), e quando percebe ela dissipou-se, evaporou-se, desocupou o peito, des-encucou a mente... Já era!

Calvinistas? Arminianos? Ecumênicos? Universalistas? Liberais? Reformados? Místicos? Pré-tribulacionistas? Pós? Trans? Amilenistas? A Terra "enrolada como papel, destruída pelo fogo"? Ou a Terra restaurada para herança dos mansos? A Bíblia é? A Bíblia contém? A Bíblia não tem?

Ah! Meus irmãos... Quem não confia no Amor, desconfia que Deus não saberá o que fazer se nós não o orientarmos detalhadamente. Quem confia no Amor tanto pode ser arrebatado desse mundo como ficar até o instante final, onde a coisa vai ficar tão feia, que se não fosse abreviada nem os eleitos se salvariam!

Os eleitos não se salvariam se a salvação não os tivesse elegido!

Quem entende isso?

Deixa pra lá...meu irmão!

Há Deus sobre a História!

Quanto a ti, vai e segue-O! E aí "onde Eu estiver, estareis vós também!"

Louvado seja o Senhor!

Na mesma Graça,

Marcelo Quintela Santos/SP

Um comentário:

Altemar Oliveira disse...

é isso.........
sem dogmas, sem religiosidade, vivendo pela graça.
Obrigado Senhor, pela tua Graça derramada sobre minha vida!!!!